© Dr. Alessandro Loiola
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Um dos mantras da medicina diz “Primeiro, não causar dano”. Também dizem que devemos “consolar sempre, aliviar quando possível, curar às vezes”. Infelizmente, o empenho em fazer valer esses dogmas pode resultar em iatrogenias, e as consequências do tratamento podem sair tão caras quanto a doença em si.
Um bom exemplo disso foi uma pesquisa European Journal of Public Health em julho/2014: Metade dos 20 medicamentos mais comumente receitados para pessoas idosas aumentam o risco de quedas. Analgésicos, antidepressivos e sedativos são os mais preocupantes.
Tudo bem que as doenças de base para as quais esses medicamentos são receitados já trazem em si a possibilidade de quedas, mas os pesquisadores salientaram que, com relação às quedas em específico, essas drogas só pioram o cenário. E foram analisados dados de 7 milhões de suecos com mais de 65 anos de idade, tendo sido identificados mais de 60 mil casos de quedas que resultaram em hospitalização.
Após os devidos ajustes para o número de medicações em uso, algumas tendências curiosas surgiram: homens e mulheres em uso de analgésicos opioides e homens em uso de antidepressivos apresentam duas vezes mais possibilidade de sofrerem quedas quando comparados a pessoas da mesma idade que não estavam utilizando estes medicamentos. Mulheres em uso de antidepressivos apresentam um risco de queda 75% maior.
Os estrogênios e a maioria dos remédios anti-hipertensivos não afetaram o risco de quedas – na verdade, estas medicações até apresentaram um efeito protetor. A única exceção coube aos diuréticos quando empregados em altas doses.
O estudo não foi capaz de provar que as medicações eram a causa direta das quedas. Entretanto, atentar para a existência deste risco deve fazer parte da prescrição, e sintomas como vertigem, tontura, comprometimento psicomotor, fraqueza muscular e alterações cognitivas devem levantar bandeiras de alarme.
Em alguns casos, os riscos não compensam os benefícios, e as medicações deveriam ser modificadas ou suspensas.
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