31 agosto 2014

PEGANDO A NOVA ONDA DE TOFFLER

© Alessandro Loiola





De acordo com o escritor futurista Alvin Toffler, a humanidade passou por 3 grandes ondas em sua história. A Primeira Onda, a revolução da agricultura, teve início há cerca de 10.000 anos em algum lugar da Síria e Palestina, e rapidamente se espalhou para Índia, China, Europa, África e Américas.

A Segunda Onda consistiu na revolução industrial dos Séculos XVIII e XIX, e a Terceira Onda é a atual, onde o conhecimento passou a ser a principal forma de capital. Apesar de tanto se falar nesta bendita Terceira Onda ou Era da Informação, o que vemos na prática é uma persistência dos hábitos da revolução industrial. Avançamos em conceitos, mas não na atitude.

Apesar do maremoto previsto por Toffler, trazemos encharcado na pele um oceano com mais de 300.000 anos de genes predatórios. Nossos antepassados saíram das sombras escassas das savanas para se tornar uma das raças mais mortíferas que a natureza poderia produzir. Matamos e comemos de tudo. Atravessamos continentes e vencemos tempestades em busca de comida e progresso.

Assim, depois de tantos séculos e ondas revolucionárias, aportamos nos dias de hoje como um tigre de dente de sabre ilhado em frente a uma tela de computador, repetindo textos monótonos para outros tigres também entediados com tamanha falta de caça. No que isso poderia resultar?

A agressividade hereditária passou a ser drenada para seus colegas de trabalho, para sua família, para o seu próprio organismo. “Pega ela, predador!”, gritam seus genes. E você se espalha no sofá da sala sintonizando a decisão do campeonato estadual. “Arrebenta, tigresa!”, diz a supra-renal, e você vai abater qualquer coisa hipercalórica na geladeira.

Nadando contra a correnteza do que você realmente é e sempre foi, seu sistema cardiovascular entope. O sistema imunológico falha. Os nervos entram em colapso.

Sem um escape para descarregar a adrenalina evolucionária que por tantas gerações salvou a pele de nossos ancestrais, os hormônios da agressividade sedimentam em um ciclo interminável de dores musculares, estafa e depressão. Este mesmo ciclo foi tema de uma interessante pesquisa publicada no BioMed Central Family Practice. No estudo, os pesquisadores observaram que 80,4% das pessoas com dores recorrentes inexplicáveis sofrem de ansiedade e depressão. Neste caso, depressão e ansiedade são a causa direta – e não uma consequência – das dores.

Afinal, em plena Era da Informação do Século XXI, onde descarregar civilizadamente a selvageria que insiste em sobreviver dentro de nós? A resposta não poderia ser mais fácil: na onda da atividade física.

O grande problema da atividade física está aí - no fato dela ser fácil. É fácil levantar do sofá e sair para uma volta a pé ou de bicicleta. É fácil ir até a academia e matricular-se para uma musculação. É fácil fazer. E tudo que é fácil de fazer, é fácil de NÃO fazer. Então 95% das pessoas terminam NÃO fazendo. E se estrepam.

Uma diretriz recente do American College of Sports Medicine recomenda aos médicos que prescrevam exercícios aos seus pacientes. Além de reduzir os sintomas de ansiedade e depressão, a atividade física eleva a auto-estima, melhora o padrão de sono e lhe dá mais energia para o dia a dia.

Entretanto, antes de sair correndo para se automedicar com sua própria receita de exercícios, considere as seguintes recomendações:

1) Converse com seu médico. Os remédios que você toma podem afetar seu desempenho durante o exercício: antipsicóticos podem causar desidratação e problemas na coordenação motora. Antidepressivos podem resultar em fadiga, vertigens e ganho de peso. E conte (sempre que po$$ível) com o apoio de um Fisioterapeuta ou professor de Educação Física.

2) Procure atividades que você gosta e que possam ser realizadas de modo regular (pelo menos 4 ou mais vezes por semana). Escolha ambientes familiares e confortáveis, evitando situações que possam aumentar sua ansiedade.

3) Se o seu condicionamento físico não está lá essas coisas, inicie com sessões aeróbicas curtas (mesmo que seja algo como 5-10 minutos de esteira), e aumente gradualmente .

4) Faça musculação pelo menos duas vezes por semana.

5) Ioga e Tai Chi são particularmente eficazes para reduzir a ansiedade e melhorar seu nível de relaxamento. Não hesite em experimentá-las!

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