29 fevereiro 2016

SOBRE O MOMENTO ATUAL NO BRASIL


© Alessandro Loiola


Desde os Eupátridas e Demiurgos da longínqua Atenas, o estabelecimento de uma Democracia pressupõe a existência de um grupo qualquer de pessoas ciente de ter-se organizado em uma sociedade que almeja o respeito e o bem-estar mútuo. Lamentavelmente, fora do Carnaval e da Copa do Mundo de futebol, no Brasil nós não conhecemos tal apreço, não nutrimos essa percepção de estima autêntica pelo tecido social que criamos – nem mesmo em nossas Oligarquias. Então como criar uma consciência democrática coletiva quando o coletivo está tão despoticamente perdido em ganâncias individuais desde as Capitanias Hereditárias?

Depois de séculos de descobrimento, parece não haver meio termo para o patamar que a (des)governança atingiu – considerando como meio termo exatamente essa subsistência de valores distorcidos com a falta de afeto pelo Todo em detrimento de qualquer vantagem pessoal.

Para além dos padrões aceitáveis - ou mesmo desejáveis -, o Estado brasileiro transformou-se em um animal faminto que caça e mata com o objetivo exclusivo de manter vivo o animal faminto que se tornou, sem qualquer inquietação por aqueles que o criaram e sustentam. Entretanto, inicialmente, considerar a substituição da dinâmica democrática por um sistema totalitário seria assumir a ameaça de uma degeneração para um organismo totalitário maligno - dar plenos poderes é submeter-se ao risco de plenos ganhos ou perdas plenas.

Apostar todas as fichas em um Totalitarismo seria tão temeroso quanto não apostá-las - e este é o nosso dilema como país de terceiro mundo, pois o atual processo democrático tornou-se ele próprio um totalitarismo da imbecilidade, com sistemas de votação e legislação que privilegiam o assistencialismo sem jamais exigir a contrapartida da VERDADEIRA prosperidade social ou do respeito à propriedade.

O eleitor médio é um risco para a sociedade e não deveria sequer envergar o título de Cidadão. Ser chamado de Cidadão deveria ser uma conquista árdua, não um direito adquirido. Simplesmente não se pode oferecer uma cidadania em cada esquina como se ela fosse um pão francês ou um pacote de amendoim. Pessoas não deveriam ser presenteadas com a alcunha de Cidadãs ao nascimento e usar este argumento para tirar um Título de Eleitor, mas deveriam sim batalhar por isso como batalham por notas na escola, vagas em universidades, validação de diplomas, acreditação de títulos de especialista, postos de trabalho, cartas de motorista, financiamentos da casa própria.

O que quer que se ofereça como um direito granjeado sem qualquer empenho – como a cidadania, por exemplo - está muito próximo de ter o valor de nada - e de fato é este o reconhecimento que lhe é atribuído.

O sujeito bate no peito para chamar a si mesmo de Cidadão, mas qual diligência foi-lhe exigida para ostentar essa denominação além de ter nascido nestas terras? Novamente, esforço algum traduz-se em valor algum. E o que dizer de um tecido social constituído por indivíduos desse quilate? Que valor essa identidade nacional teria em si? Quase nenhum também. Pois são estas manadas insolentes sem identificação de conjunto e com valores nulos de Povo que votam e elegem os representantes da mediocridade que tão orgulhosamente ostentam, em um ciclo vicioso que fecha-se e reinicia-se perpetuamente.

Não adianta usar repelentes de urso ou elaborar alarmes contra vulcões ou construir iglus a prova de terremotos por aqui. Temos uma nação tropical miscigenada criativa peculiar e nossas saídas devem ser construídas de modo tão misto, criativo e peculiar quanto. Como algumas verdades muito duras, a solução que não queríamos termina sendo a solução que deveríamos. Mas quem ousará profanar o sagrado oráculo da liberdade a essa altura?

19 fevereiro 2016

Nunca Se Explique, Nunca Se Queixe

by Alessandro Loiola ©



Dia desses, fuçando o PubMed atrás de artigos sobre Resiliência, me deparei com uma máxima da Era Vitoriana: “Nunca Se Explique, Nunca Se Queixe”. O aforismo é creditado a Benjamin Disraeli, aristocrata e duas vezes Primeiro Ministro Britânico no Século XIX.

Gostei muito da filosofia. Existe uma masculinidade atrevida aí, quase ao ponto do incomodamente agressivo.

“Nunca Se Explique, Nunca Se Queixe” traduz confiança e assertividade, mas também indolência e uma dose de misantropia encapsulada - todas essas coisas que não se veem mais nos homens de hoje, em sua maioria Peter Pans aglomerados em tribos de molengas sob cânticos de autopiedade.

De modo algum esses “Nuncas” têm um caráter inexorável e certamente não devem ser aplicados a todas as situações possíveis. E, mesmo quando devemos aplicá-los, pode ser extremamente difícil colocar-se à altura deles. Mas compreendê-los e onde e por que aplicá-los deveria ser crucial para qualquer Homo sapiens XY aspirante ao título de Homem.

Em um espaço muito curto, essas seis palavras encerram um bocado de verdades. Então comecemos a dissecção pela primeira metade:


Nunca Se Explique

O filósofo e anarquista americano Elbert Hubbard sentenciou: “Nunca se explique: seus amigos não precisam e seus inimigos não acreditarão”.

Fico pensando se Hubbard teria nervos para citar os “Nuncas” enquanto o Lusitania, torpedeado por um submarino nazista, naufragava na costa da Irlanda em 1915, levando consigo as vidas do prezado Elbert, sua esposa e mais outras tantas almas...

De qualquer forma, a frase de Hubbard serviria como uma luva em outro contexto: quando Winston Churchill era um jovem oficial da cavalaria, ele estava sempre procurando uma maneira de chegar à frente de batalha para experimentar o combate em primeira mão.

O velho buldogue tinha mesmo umas manias estranhas, além de inteligência e persistência. E foi utilizando essas duas últimas que ele conseguiu sua posição no front em algum lugar onde hoje é o Paquistão. No começo, Churchill foi tratado pelo staff de alta patente como apenas mais um jovem oficial bobo com boas habilidades em polo.

Entretanto, um dia Churchill viu sua oportunidade de brilhar. O alto comissariado estava reunido e discutindo o texto que um jornalista correspondente de guerra, dispensado pela força expedicionária, havia publicado ao retornar à Inglaterra. O artigo tecia críticas ácidas sobre as atividades militares na Índia. Os oficiais estavam enfurecidos e tramavam qual seria a melhor reação contra aquele ultraje. Uma longa carta-resposta já havia inclusive sido escrita e seria enviada em breve.

Durante o debate, Winston interveio explicando que a carta deveria ser destruída o quanto antes. E completou:

“Seria absolutamente indigno e até mesmo impróprio para um alto oficial das Forças Armadas participar das controvérsias de um jornal, debatendo estratégias operacionais com um correspondente dispensado de suas atividades. Estou certo que o Governo se surpreenderia e o Comitê de Guerra se enfureceria com isso. As Forças Armadas devem deixar sua defesa para seus superiores ou para os políticos: não importa quão bom seja nosso argumento, o simples fato de discutir garante à contraparte mais pertinência que lhe cabe, ao mesmo tempo em que enfraquece nossa autoridade”.

Isso é Hubbard puro.

Explicar-se dá força ao outro. Se alguém lhe ofende, insulta ou questiona suas decisões por um motivo qualquer, é natural tentar explicar seu ponto de vista, especialmente quando a confusão ameaça manchar sua integridade. E, em alguns casos, algum tipo de resposta é mandatório mesmo, fazer o quê... Mas antes de revidar um “ataque”, considere este algoritmo de 4 passos:

1 - Se o Questionante é alguém que você conhece e respeita como um igual, alguém que você considera dentro do seu “Círculo de Honra & Confiança”, e essa pessoa disse algo inteligente e interessante, você pode até explicar-se para fomentar um debate proveitoso sobre o tema. Isso é Construtivo.

2 - Se o Questionante é seu chefe ou um cliente, explicar-se pode ser a diferença entre receber o pagamento no final do mês ou ir para o olho da rua. Isso é Sabedoria.

3 - Se o Questionante é alguém que você gosta – um(a) namorado(a) ou amigo(a) -, e você acredita que houve algum problema de comunicação, você pode tentar explicar-se como um esforço para preservar o relacionamento. Isso é Ternura.

4 - ENTRETANTO, se a parte Questionante é alguém que você pessoalmente não conhece, não respeita como um igual e/ou alguém por quem você não nutre sentimentos, então não gaste tempo explicando seu ponto de vista, ou porque você tomou esta ou aquela decisão. Isso é Idiotice.


Demonstrar preocupação sobre o que alguém de fora do seu “Círculo de Honra & Confiança” pensa é expulsar-se a si mesmo desse Círculo.

Explicar-se é uma tentativa de obter compreensão, mostra que você está mordido e deseja recuperar a aprovação do outro. Todavia, quando você dá importância a uma opinião à qual você e as pessoas à sua volta sabem que você deveria estar cagando e andando a respeito, isso revela fraqueza da sua parte. Ao optar pela catarse da discussão ao invés de irrelevar a situação, você demonstra incompetência no seu autocontrole.

Ademais, quando um imbecil obtém uma resposta sua, você está validando a importância desse mesmo imbecil ao presenteá-lo com dois bens muito preciosos: seu Tempo e sua Atenção.

Seguir o “Nunca se explique” não significa jamais responder qualquer coisa ou dirimir qualquer dúvida de qualquer pessoa que se dirija a você, mas tem a ver com limitar suas respostas a um número restrito de pessoas relevantes.

Explicações pormenorizadas se parecem muito com um pedido de desculpas, demonstrando que você provavelmente não tem muita confiança em suas próprias escolhas e princípios.

Ao explicar e explicar e explicar, você está procurando convencer tanto o outro quanto a si mesmo. Isso é coisa de criança, não de Homem.


Nunca Se Queixe

Apesar de “Nunca se Explique” e “Nunca se Queixe” serem duas frases diferentes, ambas compartilham ideias similares de Autonomia e Responsabilidade.

Uma vez entendido o porquê de você raramente dever explicar-se, logo em seguida cai a ficha do porquê de você raramente dever se queixar.

Se alguém fez ou disse algo que lhe incomoda, não se perca em longas e emocionadas queixas sobre a infelicidade acumulada em seu umbigo. Fale pouco ou quase nada e dê o passo seguinte na direção daquilo que irá resolver a situação.

Pessoas que se queixam não são pessoas que realizam. No desconforto, o bom senso recomenda que você permaneça em silêncio, sempre, escolhendo a ação focada ao invés do lacrimejamento estático.

Muitas vezes, a pessoa ou a situação sobre a qual estamos nos queixando possuem um propósito que vai além dos nossos próprios desejos e necessidades. Quer um exemplo? O colégio / faculdade.

Muitos estudantes se queixam que tal “professor quer me ferrar desse jeito”, que a matéria é muito difícil e que as provas são de matar. Bem, o professor tem um conjunto de metas e, ainda que você discorde e decida abandonar a escola por causa disso, de que adianta queixar-se que as prioridades dele não são as mesmas que as suas?

A Realidade não existe para corresponder às suas expectativas. O Mundo não foi colocado aí porque você tem o “direito de ser feliz”. “Direito de ser feliz” o caralh...! - dá pra ser mais ridículo que isso?

Esqueça o choramingo carente pela alucinação que você habituou chamar “Seus Direitos”. A fase de aleitamento materno terminou quando você tinha 6 meses – ou pelo menos deveria ter terminado. Largue essa teta. Você não tem direitos.

Você é um adulto com Forças, Vontades e Confianças – ou pelo menos deveria ser a essa altura -, e, se as coisas não saíram como você queria, você tem duas escolhas:
  1. Deixe aquilo de lado e parta para a próxima tentativa, ou 
  2. Continue ali e dê um jeito de fazer uma boa limonada com seus limões. 
Mas em hipótese alguma perca seu tempo se explicando ou se queixando.
Ou Soma ou Some.
Ou Age ou Sai.
Ou Faz ou Vai Embora.
Simples assim.
Sacou?



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Referências / Fontes:
  1. https://en.wikipedia.org/wiki/Elbert_Hubbard
  2. https://en.wikipedia.org/wiki/Winston_Churchill
  3. Christine Comaford-Lynch. Rules for Renegades: How to Make More Money, Rock Your Career, and Revel in Your Individuality. McGraw-Hill, 2007
  4. Greg Hickman. Never Complain, Never Explain.  http://www.selfgrowth.com/articles/Hickman3.html
  5. Brett and Kate McKay. Never Complain; Never Explain. http://www.artofmanliness.com/2016/02/09/never-complain-never-explain/ 
  6.  Alschuler KN, Kratz AL, Ehde DM. Resilience and vulnerability in individuals with chronic pain and physical disability. Rehabil Psychol. 2016 Feb;61(1):7-18. doi: 10.1037/rep0000055. 
  7.  Gao J, Barzel B, Barabási AL. Universal resilience patterns in complex networks. Nature. 2016 Feb 18;530(7590):307-12. doi: 10.1038/nature16948. 
  8.  Klika JB, Herrenkohl TI. A Review of Developmental Research on Resilience in Maltreated Children. Trauma Violence Abuse July 2013 14: 222-234. 
  9.  Leppin AL, Gionfriddo MR, Sood A, Montori VM et al. The efficacy of resilience training programs: a systematic review protocol. Systematic Reviews 2014 3:20 
  10.  Rees CS, Breen LJ,  Cusack L, Hegney D. Understanding individual resilience in the workplace: the international collaboration of workforce resilience model. Front. Psychol Feb 2015 - http://dx.doi.org/10.3389/fpsyg.2015.00073





14 fevereiro 2016

Impotência Sexual Masculina para Mulheres

© Alessandro Loiola


A Disfunção Erétil, popularmente conhecida como Impotência Sexual Masculina, afeta cerca de 10% dos homens e pode causar um desgaste enorme na qualidade de vida do casal, resultando em sentimentos de abandono, frustração, angústia, ansiedade ou raiva.

Infelizmente, por mais compreensiva que uma mulher seja, ela jamais poderá compreender completamente a impotência sexual a partir da perspectiva do homem. Uma mulher pode fingir um orgasmo, mas um homem jamais conseguirá fingir uma ereção. É por isso que aqueles que sofrem de Disfunção Erétil procuram sempre as desculpas mais esfarrapadas e, quando são confrontados com o problema, tendem a se sentir culpados e inseguros. Eles não têm como ou onde se esconder.

O pior – e mais triste – da história da Disfunção Erétil é que a imensa maioria dos homens se esquece na hora daquilo que AINDA é capaz de fazer: criar um clima sensual, beijar, ser agradável, romântico, etc. O fundo da verdade é que muitos não estão preocupados em dar prazer para sua parceira. Querem apenas provar para si mesmos que ainda são Homem com H maiúsculo. Ter uma ereção confiável é como um carimbo de qualidade no subconsciente masculino: “ainda sou macho!”. Lamentável.

Vez ou outra, atendo homens no consultório procurando tratamento para a Disfunção Erétil sem conhecimento de sua esposa ou parceira. É óbvio que boa parte destes casos não possuem um bom resultado terapêutico. Os mais bem sucedidos são aqueles que vêm ao consultório acompanhados. A avaliação do casal, a compreensão mútua do que está acontecendo e do que pode ser feito, é a chave para o sucesso.

Se você tem um exemplar desses em casa e deseja ajudar, minha recomendação é: procure um bom momento e pergunte diretamente “O que eu posso fazer para lhe ajudar?”.

Determinar exatamente qual é este momento é uma decisão delicada, mas vale a tentativa. Caso ele negue o problema, insista, mantenha uma atitude positiva, apele para os sentimentos de “macho protetor” que ainda existem sob aquela couraça. Por exemplo, você pode abordar a situação dizendo “eu tenho um problema e preciso que você me ajude”. E o seu problema é o fato dele ter um problema que afeta vocês dois.

Você também pode iniciar uma conversa sobre a Disfunção Erétil falando dos seus sentimentos: “tenho me sentido mais sozinha ultimamente” e etc, e emende daí o motivo da sua solidão. Abordar o problema a partir de como você se sente em termos emocionais ajuda a retirar o homem da defensiva. Em uma relação onde existe amor, o desejo dele em vê-la bem o tornará capaz de contornar muitos obstáculos – inclusive o embaraço de admitir que sofre de Disfunção Erétil.

Se vocês têm uma linha de diálogo mais franca e você sentir que é possível, vá direto ao ponto: pergunte se ele sabe de alguma clínica ou médico especialista em Disfunção Erétil. Atualmente, mais de 80% dos casos de impotência crônica são causados por problemas físicos, orgânicos, que podem ser tratados. Por que continuar perdendo tempo?


Qualquer que seja o caminho que você tomou, assim que você conseguir convencê-lo a ir a um médico, vá junto. Não sei como, mas dê um jeito. Sua presença no consultório na primeira avaliação será essencial. Se você o deixar ir sozinho, ele vai terminar dizendo ao médico que passou só para checar a pressão, contará duas piadas e não dará uma palavra sobre o problema. O tempo passou, mas ele continua terrível, eu sei.

13 fevereiro 2016

O Sexo nosso de cada dia

© Alessandro Loiola




Você sabia que a vida sexual ativa pode aumentar sua longevidade em cerca de 5 ou até 10 anos? Está comprovado que a energia sexual é capaz de melhorar seu sistema imune, reduzir a concentração de gordura corporal e aumentar a produção de endorfinas, substâncias naturais que combatem a ansiedade, o estresse e seus efeitos negativos sobre o corpo.


O resumo desta história toda: manter-se sexualmente em atividade melhora sua saúde. Por isso, quaisquer que sejam sua idade, situação ou orientação, existem 10 dicas práticas que certamente darão um novo impulso à sua vida sexual, beneficiando o organismo como um todo.

Veja a seguir:


NÚMERO 1: CONHEÇA SEU CORPO

Converse francamente sobre os gostos de cada um e procure contornar as próprias limitações com criatividade. Por exemplo: a partir dos 40-50 anos de idade, muitas mulheres apresentam ressecamento do canal vaginal, ao passo que nos homens a ereção não é mais como era antigamente. Uma solução prática e prazerosa é ambos utilizarem lubrificantes.
Os homens também podem compensar a perda de agilidade utilizando posições diferentes. Por exemplo: a posição “de lado” evita esforços excessivos sobre os músculos e articulações do casal. Devido às alterações hormonais e aos partos, algumas mulheres sofrem com relaxamento da musculatura pélvica, reduzindo o prazer sentido durante a relação sexual. Este problema pode ser contornado através de exercícios de fortalecimento.

Os mais comuns são conhecidos como Exercícios de Kegel e consistem em contrações “para dentro” do assoalho da pelve: sentada com a coluna bem reta, faça 10 contrações seguidas com se estivesse segurando a vontade de urinar ou evacuar. Segure cada contração por 3 segundos. Repita esta série até 03 vezes por dia.


NÚMERO 2: FANTASIE!

A imaginação é um dos mais potentes afrodisíacos que se conhece. Crie fantasias na sua cabeça e deixe a imaginação correr solta. Desde que não resulte em riscos para sua saúde ou chamados para a polícia, não tenham vergonha de trazer a fantasia para a realidade.


NÚMERO 3: ABUSE DAS PRELIMINARES

Quando falo em preliminares não me refiro apenas à mão naquilo e aquilo na mão. As preliminares incluem elogios, sair para um jantar, tomar banho juntos, fazer massagens um no outro, ouvir uma música, dançar um pouco. Estas atividades criam um clima favorável para o casal, aumentando o nível de excitação.




NÚMERO 4: RELAXE

Coloque uma música suave, tranque a porta para evitar sustos, deixe de lado as contas, a lista de tarefas para o dia seguinte, o quarto que está muito claro ou muito escuro, etc. Concentre-se apenas no prazer que você está sentindo. Isto é especialmente importante para as mulheres na menopausa, que podem apresentar uma dificuldade maior para chegar ao orgasmo.


NÚMERO 5: MUDE SEUS HÁBITOS

Mudar os hábitos significa deixar de lado alguns vícios de comportamento e aproveitar tudo aquilo que a sua moral puder perdoar. Por exemplo: façam passeios para locais seguros onde pode haver uma troca de carícias mais íntimas, esquentando o jogo de sedução. E por que só ter relações à noite? Tenha relações pela manhã também. Este é um conselho especialmente útil para os homens a partir da meia-idade, pois a ereção costuma ser mais fácil no período da manhã. Se você tiver ainda mais disposição, cubra a cabeça com uma sacola de pão, faça dois furos na altura dos olhos e entre em uma loja especializada para adquirir alguns brinquedos eróticos.


NÚMERO 6: PRATIQUE EXERCÍCIOS REGULARMENTE

Pessoas que praticam regularmente alguma forma de atividade física possuem mais disposição para o sexo. Uma caminhada de 30 minutos por dia, pelo menos 4 dias na semana, já é um bom começo. Se você não tiver resistência para caminhar 30 minutos de uma só vez, pode partir a caminhada em duas de 15 minutos, realizadas em horários diferentes no mesmo dia.


NÚMERO 7: LEVE UMA DIETA SAUDÁVEL

Uma alimentação rica em gorduras e calorias, e pobre em vitaminas é um veneno para o desejo sexual. Consuma frutas, legumes e vegetais à vontade. E lembre de tomar uma quantidade adequada de água durante o dia


NÚMERO 8: MANTENHA TUDO SOB CONTROLE…

A falta de controle da pressão, do diabetes, da gota, da artrite, do excesso de peso, tudo isso diminui o desejo e a potência sexual. Para que a sexualidade aflore sem amarras, é preciso que você mantenha sua saúde sob controle. Não tem desejo sexual que resista a duas noites sem dormir com colesterol de 400, pressão de 160/120 e glicose de 200 e tanto.


NÚMERO 9: … MAS ATENÇÃO COM OS REMÉDIOS

Então você está tomando seus remédios direitinho, mas mesmo assim continua sofrendo com baixo nível de desejo, baixa potência, etc… Infelizmente, alguns remédios utilizados no tratamento de doenças crônicas como diabetes e pressão alta podem diminuir o desejo sexual. Se você acredita que seu interesse anda em baixa ou o desempenho sexual não está lá essas coisas, isto pode ser um efeito colateral dos remédios que você está tomando. O melhor a fazer é informar-se com seu médico e ver se é possível trocar alguma coisa.

NÚMERO 10: USE SUPLEMENTOS

Antigamente, acreditava-se que a maioria dos problemas de sexualidade possuía causas psicológicas. Isto já caiu por terra. Hoje se sabe que mais de 80% dos casos de disfunção sexual estão relacionados a problemas orgânicos que podem ser tratados. Não tenha vergonha de procurar seu médico e perguntar a ele se você pode fazer uso de remédios e suplementos para melhorar sua sexualidade. Você não nasceu para entediar-se com a vida logo agora.


Apesar dessa história de “afrodisíacos” não passar de um engodo para bolsos mais inocentes, é verdade que existem alimentos capazes de dar uma turbinada na sua vida sexual. Ginkgo Biloba, Ginseng, Epimédio, Vitex, Tribulus, Puerária, Agripalma e Erva de São João são apenas exemplos de algumas plantas e fitoterápicos capazes de estimular seu apetite sexual. Contudo, como qualquer outro remédio, estas plantas não devem ser utilizadas sem acompanhamento de um profissional capacitado. Profissional de saúde, fique bem entendido…

12 fevereiro 2016

PESSOAS PROBLEMÁTICAS X PESSOAS SOLUCIONÁTICAS

© Alessandro Loiola



Pessoas problemáticas teimam em atormentar os amigos se queixando da vida dizendo coisas como “Não sei o que está acontecendo com ela/ele/meu trabalho/minha vida/tudo”. Além de inútil, esse tipo de questionamento causa grande sofrimento, porque as pessoas estão sempre se perguntando o que está acontecendo ao invés de se preocuparem com o que estão causando.

Quando você atua como uma causa ao invés de um efeito, você estabelece um exemplo fácil de ser seguido: você não é mais um crítico, mas um produtor. É extraordinário como somos capazes de crescer a partir do milésimo de segundo em que decidimos viver para além das histórias sobre nós mesmos (fraquezas) e dos outros (ameaças).

Cada decisão que você toma, cada pequena decisão, não é uma decisão sobre o que fazer. É uma decisão sobre quem você é. Perceber isso muda tudo. Todos os eventos, situações e experiências de sua vida se transformam em oportunidades para fazer aquilo que você nasceu para fazer: ser você mesmo/mesma.

Decidir tornar-se um fator de mudança, ao invés de assumir o papel de vítima, pode não ser fácil, mas fará toda a diferença. Procurar fazer as coisas como todo mundo faz é desperdiçar a chance de descobrir quem você realmente é – como disse Arthur Schopenhauer, “investimos três quartos de nossas vidas para sermos como as outras pessoas”. Não caia nessa armadilha.

Supere-se e tome a frente para causar a mudança que você deseja. Nada é mais inspirador que isso. Todo mundo prefere ser inspirado, estimulado, motivado, ao invés de punido ou corrigido. O impacto do exemplo é mais profundo, e persiste por mais tempo que qualquer outra tática. Seja o que você deseja ver.


Se você quer uma vida mais positiva ou pessoas mais atenciosas ao seu redor, tome a dianteira e seja você a causa da positividade e da atenção. Mostre como fazer. E então surpreenda-se com os resultados.

11 fevereiro 2016

Brincadeira de criança


© Dr. Alessandro Loiola, 2016


Nunca concordei com o termo "inocência da infância". Não acho as crianças inocentes. Muito pelo contrário: vejo-as lúcidas. De uma lucidez como nunca mais teremos na vida.

Uma criança é capaz de convidar os colegas para irem assistir a um DVD em sua casa, fazer a mãe preparar duas tigelas de pipocas, desarrumar os móveis da sala para que os 21 pequenos gremlins caibam na frente da tela da TV e então, poucos minutos depois de iniciada a película, todo mundo se levanta e vai jogar queimada no playground.

Déficit de atenção e hiperatividade? Nada disso. Lucidez. Da porta do corredor, a mãe conversa com filho que já se prepara para descer as escadas acompanhando o restante da manada:

– Vocês não vão terminar de ver o filme?

– Ah, mãe, a gente tava vendo, mas agora o pessoal que ir brincar de bola.

– Mas vocês nem viram tudo…

– Depois a gente vê. O filme vai estar aqui em casa mesmo. Tchau!

Soberba, magnífica, puríssima lucidez. Viva com intensidade cada momento. Amarre todo seu coração no sentimento de estar aprendendo e fazendo, e não na ganância tola de preservar o que acha que venceu ou conquistou. Você não conquistou coisa alguma. Alexandre Magno conquistou o Egito e Pizzarro derrotou os Incas. Não os vejo por aí há algumas semanas… Nós vamos pelo mesmo caminho.


"Quero-não-quero"

Acima de tudo, jamais questione a lucidez das crianças. É através dessa montanha russa de "quero-não-quero" que elas desenvolverão habilidades motoras, senso de liderança e capacidade de solução de problemas em situações de crise, enquanto se divertem muito, de um modo como você não sabe mais fazer.

Quando éramos criança, aprender era magnífico. Um bebê é capaz de se entreter por horas com meia dúzia de brinquedos simples de plástico. A textura, as cores, as formas. Tocar os objetos, lamber a tinta tóxica, procurar pequenas peças que possam ser arrancadas com aqueles dentinhos e ameaçar engolir tudo, para desespero da tia que acabou de dar o presente de aniversário.

Diversão

Em que ponto nos esquecemos da alegria de aprender com as dificuldades desse mundo e nos tornamos esse bando de adultos cegos e chatos?

Com as brincadeiras, as crianças expandem a compreensão de si mesmas, dos outros e do mundo ao seu redor. Por volta dos 6 meses de idade, elas já desenvolveram um método particular de "tentativa e erro", e utilizam este mecanismo para avaliar o ambiente e, em alguns casos, nossa tênue paciência.

À medida que adquire novas capacidades motoras, são criados esquemas mais complexos. Aos 9 meses de idade, a criança gosta de empurrar uma bola ou outro brinquedo para vê-lo deslocar-se, e então se diverte engantinhando atrás dele. Mais ou menos como você faz com sua saúde, empurrando-a para longe para abrir mais espaço para o dinheiro, e então engatinhando sobre o dinheiro para ver se alcança a saúde de volta.

Consciência

É apenas a partir dos 2 anos de idade que a criança começa a tomar consciência das funções dos objetos no seu mundo social. Ela é capaz de compreender que abridores de garrafas não são chupetas, e que o telefone serve para falar com outras pessoas.

Com 5 anos, as idéias sobre o mundo social, o mundo da "gente grande", começam a invadir a brincadeira de faz-de-conta, que se torna mais complexo, cheio de elementos organizados e regras. A flexibilidade das brincadeiras se torna um meio para atender às necessidades intelectuais e sociais do grupo. Por exemplo: escolher um dos times para jogar ajuda a reafirmar laços de amizades, e ter rapidez de raciocínio pode ser útil para manipular as regras e tornar a brincadeira mais divertida para o seu lado.

E as brincadeiras de criança podem ser ainda mais construtivas se você for capaz de ajudá-las por meio de três princípios básicos:

1) Valorize o divertimento da mesma maneira que você valorizaria um trabalho bem feito. As brincadeiras, assim como a escola (ou algumas vezes mais que a própria escola), prepararão seu filho ou filha para os verdadeiros desafios do futuro.

2) Crie uma atmosfera favorável em casa. Coloque brinquedos e livros educativos sempre ao alcance da criança, mas deixe também um graveto para o moleque atazanar o formigueiro antes do horário de almoço. E intervenha para garantir a segurança da brincadeira: conflitos entre faixas etárias podem resultar em brigas desiguais, e a simples presença atenta de um adulto pode ser suficiente para coibir comportamentos mais violentos.

3) Finalmente, envolva-se nas brincadeiras de seus filhos sempre que conseguir. Jogue bola, frisbee, peão, pique-esconde, tome chá de mentirinha, pule corda, role pelo chão e ria, ria muito. Sua infância pode ter ficado a décadas de distância, mas a criança dentro de você irá viver até o último segundo.

Aproveite!


03 fevereiro 2016

Zika Vírus e a cabeça pequena do mundo todo

Por Alessandro Loiola © 2016



Essa histeria toda acerca de um vírus. De novo e de novo. Os velhos mesmos cavaleiros do apocalipse e todas as suas velhas mesmas profecias de terror e inferno. Tivemos a lepra, a peste negra, a sífilis, a tuberculose, o nazismo, a crise da Baía dos Porcos, os El Niños, o bug do milênio, o HIV, a gripe aviária, a gripe suína, o H1N1, a Dengue (todo ano desde 1987), o Chikungunya (que ia causar Síndrome de Guillain-Barre em toda a humanidade + 13% de extraterrestres), e agora desembarcamos no Zika.

Afinal, o que é verdadeiro e o que é puro pânico? De tanto ser perguntado sobre esse cataclismo no consultório, fui construir minhas próprias certezas. E o que eu descobri foi que a Terra, prezado Galileu, parece mesmo ser redonda.




O que é o Zika?


O Zika é um arbovírus do gênero Flavivírus, aparentado da Dengue, do Chikungunya (mais fácil escrever do que falar), da Febre do Oeste do Nilo e da Febre Amarela.

Arbovírus vem de "Arthropode Borne Virus", ou vírus transmitidos por artrópodes, e não por acaso todos esses vírus são depositados em você pela picada do nosso conhecido amigo tropical, o pernilongo.

Até recentemente, o Zika era apenas um representante obscuro desse clã. Descoberto na década de 1940, foi batizado com o nome da distante floresta de Uganda onde os cientistas o identificaram pela primeira vez em um bando de macacos Rhesus. Até 2013, poucos casos de Zika haviam sido documentados, mas os pesquisadores começaram a soar alarmes a partir de epidemias em algumas ilhas do Pacífico e no sudeste da Ásia11,12,14. Em 2015, o drama chegou ao Brasil em larga escala13.

Foi aqui que a ideia de que o Zika poderia causar microcefalia começou a ganhar corpo. A doença pelo Zika é como um quadro gripal banal, sem os riscos de mortalidade associados à Dengue ou ao Influenza, por exemplo. Todavia, a despeito das evidências, a notícia começou a correr solta feito fogo novo em mato seco. "Zika Causa Microcefalia", estamparam as manchetes. E a OMS, escaldada com a repercussão negativa da opinião pública ao demonstrar lentidão em reconhecer um surto recente de Ebola na África15,16,17,18, não tardou para carimbar este arroubo psicótico como uma Emergência Internacional19.




O que é Microcefalia, afinal?


Em termos simples, microcefalia significa cabeça pequena. Em palavreado médico, refere-se a uma má-formação característica percebida em geral já ao nascimento: uma redução da circunferência do crânio (ou Perímetro Cefálico ou PC).

Um PC abaixo de 2 pontos do "desvio padrão" significa microcefalia e sugere um problema de desenvolvimento do cérebro dentro do útero.

Mundialmente, a incidência de microcefalia primária (detectada ao nascimento) varia de 1,3 a 150 casos para cada 100.000 nascidos vivos/ano1,31, e estudos retrospectivos estimam que a incidência de microcefalia grave (PC mais de 2 pontos abaixo do desvio padrão) orbite entre 0,54% e 0,56%de todos os nascidos vivos. Mas é extremamente difícil determinar um número exato e confiável para incidência deste distúrbio, dado que ele tende ocorrer associado a outras doenças (então as notificações correspondem a citomegalovirose ou rubéola congênita e não especificamente a microcefalia).

Além disso, ainda que a Microcefalia possa ocorrer associada a síndromes severas e incapacitantes, esta regra não se aplica a todos os casos. Para dimensionar melhor o problema, saiba que em 1977 foi realizado um estudo em Seattle avaliando o PC de 1.006 crianças entre 5 e 18 anos de idade. Os pesquisadores descobriram que 1,9% delas apresentavam um PC mais de 2 pontos abaixo do desvio padrão (corrigido para sexo e faixa etária), mas não foram encontradas diferenças significativas de QI entre as crianças classificadas como microcefálicas e as demais3.


O que causa Microcefalia?

Existem várias, várias, várias causas.

Atente para o fato - ATENÇÃO! - de que algumas dessas causas podem ser tratadas, garantindo um crescimento normal do bebê, enquanto outras causas ocorrem associadas a outras má-formações, por vezes graves, comprometendo o desenvolvimento físico e mental.

As causas mais frequentes de microcefalia incluem:

 Craniossinostose: os ossos do crânio estão separados ao nascer. Isso é normal. Essas áreas de separação são as "moleiras" que os bebê têm. Elas estão ali por um motivo: para permitir que o cérebro se desenvolva em tamanho e volume com o tempo. Pode acontecer dessas separações (chamadas "suturas" pelos médicos) se unirem prematuramente, impedindo o crescimento cerebral - e esse é o transtorno que atende pelo nome de Craniossinostose. O tratamento consiste na separação cirúrgica desses ossos. Se não houverem outras má-formações associadas, e caso a cirurgia seja feita a tempo, o desenvolvimento da criança ocorre normalmente após a cirurgia, sem quaisquer sequelas para a inteligência. Talvez este seja o caso de Ana Carolina Cáceres. (http://noticias.r7.com/saude/sou-plena-feliz-e-existo-porque-minha-mae-nao-optou-pelo-aborto-diz-jornalista-com-microcefalia-01022016), mas não tenho informações de seu prontuário médico para afirmar com certeza.

 Alterações Genéticas: a síndrome de Down (Trissomia do cromosomo 21) e uma penca de outras alterações genéticas podem resultar em microcefalia. E quando digo uma PENCA, é uma penca mesmo. Basta ver os quadros abaixo.

 

Fonte: Passemart S et al. Microcephaly. In Handbook of Clinical Neurology, Vol. III (3a edição), Pediatric Neurology Part I. Elsevier, 2013.


  Baixos níveis de oxigênio (Anóxia Cerebral): complicações na gestação ou no trabalho parto podem compromenter o suprimento de oxigênio para o cérebro do feto, resultando em microcefalia.

 Infecções do feto durante a gestação: tais como toxoplasmose, citomegalovirose, Rubéola, Herpes simples, HIV e Varicela.

 Exposição a medicamentos e substâncias tóxicas: se a mãe entrar em contato com bebidas alcoólicas, fenitoína, cocaína, carbamazepina, fenobarbital ou ácido valproico, por exemplo, o desenvolvimento fetal pode ser afetado. E atenção: a lista das substâncias com potencial para causar microcefalia não é completamente conhecida. Por que? Porque NADA é completamente conhecido ainda. Não ache isso uma surpresa.

 Desnutrição grave: o raciocínio é simples. Mãe desnutrida, feto com problemas.

 Fenilcetonúria materna não-controlada: a fenilcetonúria é um defeito de nascença que impede o organismo de metabolizar o aminoácido fenilalanina. Se a doença não estiver bem compensada na mãe, o feto pode sofrer as consequências em seu desenvolvimento.

 Causas diversas: hipotireoidismo ou anemia materna, exposição à radiação durante a gravidez, diabetes não-compensado, insuficiência placentária, hipertermia, acidente vascular cerebral...

 Tendências familiares: não ria. É tão sério quanto óbvio. O tamanho da cabeça dos pais deve ser medida para determinar se o padrão "microcefálico" é um traço que corre na família.



Como diabos o Zika foi associado à Microcefalia?


Aqui começa a carne de pescoço. Para quem não gosta de ciência e prefere a fé das crenças cegas, dos desígnios divinos, dos relatórios oficiais, e se recusa a raciocinar de forma independente, um alerta de spoiler: o resto deste texto não é para você. Pule para uma página da Disney ou da Igreja de sua preferência.

Em 2013 e 2014, foram documentados respectivamente 167 e 147 casos de microcefalia no Brasil. Entretanto, em 2015, o Ministério da Saúde contabilizou um aumento exponencial nesse número, com 2.782 casos "notificados" antes do fim do ano. Um aumento de 1.792%! Realmente, algo digno de nota. Mas entenda que são casos SUSPEITOS de microcefalia. Não se tratam de casos 100% CONFIRMADOS. Na sequência desse devaneio, Schuler-Faccini et al publicaram um artigo4 que é um primor de credulidade.

O texto informa:

"No começo de 2015, após observarem um aumento no número de casos de microcefalia em áreas afetadas pelo Zika, e considerando o isolamento de RNA do Zika-vírua no líquido amniótico de duas (02) gestantes cujos bebês apresentaram microcefalia no ultrassom pré-natal, técnicos do Ministério da Saúde designaram uma força-tarefa para monitorarem a incidência de microcefalia em grávidas com suspeita de infecção pelo Zika. Foram identificados 35 bebês com microcefalia nascidos entre agosto e outubro de 2015 em 8 estados diferentes. Todas as mães moravam ou haviam visitado áreas afetadas pelo vírus durante a gestação. Dos 35 bebês, 25 apresentavam microcefalia grave (PC mais de 3 pontos abaixo do desvio padrão, corrigindo-se para sexo e idade gestacional); 17 possuíam pelo menos uma anormalidade neurológica associada".  


estudo comunica que foram realizados testes para outras infecções congênitas que poderiam causar o problema, mas não informa claramente se foram pesquisadas alterações cromosômicas e se as mães apresentavam outros fatores de risco que pudessem explicar a ocorrência da microcefalia. 

"Todos os bebês foram submetidos a uma punção lombar para análise do líquor e testes para detecção do Zika, mas os resultados ainda não estavam disponíveis quando da publicação do artigo".


Os pesquisadores concluem que mais estudos serão necessários para confirmar (confirmar?) a associação entre infecção por Zika durante a gravidez e o desenvolvimento de microcefalia, e tece uma série de recomendações para se proteger dos vetores (mosquitos). 

Calma lá.  

Primeiro: quando dizem "confirmar" já estão partindo do pré-suposto de que existe, de fato, um vínculo causal direto. Mas este nexo ainda não foi determinado. “Avaliar” seria mais adequado.

Segundo: associação NÃO é causa. Pessoas que infartam possuem cílios, então podemos afirmar que cílios causam infarto e retirar seus cílios diminuiria o risco de suas coronárias entupirem com grumos de gordura? Isso não é ciência. Isso é disseminar pânico. Ciência lida com fatos, e não existem evidências suficientes para afirmar qualquer papel do Zika na gênese da microcefalia.

Recomendações baseadas em intuição podem ser louváveis, mas estão longe de ser CIÊNCIA. Ciência é um modo de pensar, um método de raciocínio, e o artigo trata uma suposição quase como um fato sacramentado. Manchete: "Zika causa Microcefalia". Péra aê. Pára o mundo e me deixa descer.

Um esclarecimento do Ministério da Saúde28 diz que: 

"Ainda não é possível ter certeza sobre a causa para o aumento de microcefalia que tem sido registrado nos sete estados. Todas as hipóteses estão sendo minuciosamente analisadas pelo Ministério da Saúde e qualquer conclusão neste momento é precipitada. As análises não foram finalizadas e, portanto, continuam em andamento. A correlação entre o aumento de casos de microcefalia e o Zika vírus é uma das hipóteses que estão sendo levantadas pela investigações em andamento do Ministério da Saúde".

Segundo o Ministério28, alguns aspectos fortalecem essa correlação, tais como "a coincidência temporal da circulação do vírus, pela primeira vez na história do país, no primeiro semestre de 2015 com o nascimento das crianças com microcefalia a partir do segundo semestre... Até o momento, não foi encontrada nenhuma outra causa que explicasse esse aumento de casos de microcefalia ".

Sim, mas desde quando monitoramos nossas gestantes para esse vírus?

Outro boletim29 afirma que: 

 "O Ministério da Saúde confirmou a relação entre o vírus Zika e o surto de microcefalia na região Nordeste. A confirmação foi possível a partir da confirmação do Instituto Evandro Chagas da identificação da presença do vírus Zika em amostras de sangue e tecidos do recém-nascido que veio a óbito no Ceará".
    
De novo? Falando de associação como se fosse causa? Chamam isso de política de esclarecimento público?

"As investigações sobre o tema devem continuar para esclarecer questões como: a transmissão desse agente; a sua atuação no organismo humano; a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. Em análise inicial, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez"29.

Outro documento do Ministério30 - um protocolo de atenção à saúde e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika -, informa que:

..."Até o momento, foram consolidadas evidências que corroboram a decisão do Ministério da Saúde no reconhecimento da relação da microcefalia com o vírus Zika. Constatou-se que os primeiros meses de gestação das crianças que nasceram com microcefalia corresponderam ao período de maior circulação do vírus Zika na região Nordeste e que não há correlação com histórico de doença genética na família ou exames com padrão de outros processos infecciosos conhecidos".

            
Vai me dizer que TODOS os casos suspeitos estão sendo confirmados como microcefalia e escrutinados para TODAS as causas genéticas e TODOS os fatores ambientais?

Levamos meses para conseguir um mero eletrocardiograma em um ambulatório do SUS e querem me convencer que TODOS os exames possíveis foram realizados em TODOS os casos? Ok, eu me convenço: basta publicar os estudos com as tabelas e os resultados de análise genética e matriciamento da incidência dos demais fatores de risco.

Em seguida, o mesmo documento30 afirma:

“Atualmente a incidência de casos de infecção pelo vírus Zika impõe a intensificação do cuidado da gestante durante o acompanhamento pré-natal, devido a uma possível associação com os casos atuais de microcefalia em recém-nascidos”.

O protocolo é assinado por 30 pessoas e por nenhuma pessoa - ou “Secretaria de Atenção à Saúde” é algum funcionário do governo com CPF e identidade? O que é de muitos, termina sendo de ninguém.

Pessoalmente, fiquei confuso com esses documentos oficiais. Afinal, o protocolo do Ministério afirma que há uma relação causal, não há uma relação, pode ser que sim, pode ser que talvez quem sabe todavia não, ou vice-versa?

Associação NÃO é causa.

Relação NÃO é etiologia.

Pré-suposto NÃO é ciência.

Tá difícil de entenderem isso... Mas se insistirmos, quem sabe até a próxima passagem do Halley a ficha caia.



Um pouco de estatística não faz mal a ninguém

Retornemos ao ponto em que os textos médicos informam que a incidência mundial de microcefalia varia de 1,5 a 150 casos para cada 100.000 nascidos vivos, sendo mais ou menos 12 casos/100.000 nos EUA2 e 10 casos/100.000 no Reino Unido20, lembra? E não esqueça que estudos retrospectivos2 estimam que a incidência de microcefalia grave (PC mais de 2 pontos abaixo do desvio padrão) orbite entre 0,54% e 0,56% de todos os nascidos vivos.

Vamos lá. Veja a tabela abaixo. Ela mostra os casos de microcefalia notificados por ano no Brasil e o número de nascidos vivos em cada ano:



2010
2011
2012
2013
2014
Nascidos vivos no Brasil
2.861.868
2.913.160
2.905.789
2.904.027
não disponível


Casos notificados de microcefalia

153
139
175
167
147

Porcentual de microcefalia /
total de nascidos vivos

0,0053%
0,0047%
0,0060%
0,0057%
?
Incidência de microcefalia / 100.000 nascidos vivos
5,34
4,77
6,02
5,75
?




Faça as contas. Se estivéssemos dentro da matemática mundial mínima de 0,54% de casos de microcefalia para todos os nascidos vivos em um determinado ano, seria de se esperar que fossem notificados quantos casos anualmente?

 Eu fiz os cálculos para você, pode conferir aí se quiser:



2010
2011
2012
2013
2014
Nascidos vivos no Brasil
2.861.868
2.913.160
2.905.789
2.904.027

não disponível


Casos esperados de microcefalia
(considerando incidência de 0,54% sobre o total de nascidos vivos)

15.454
15.731
15.691
15.681
?



A bem da verdade, os EUA possuem uma incidência proporcional ao esperado: segundo o censo de 2010, os estadunidenses totalizam 308.745.538 pessoas32, com uma taxa anual de natalidade de 13,42/1.000 habitantes33, o que significaria 4.013.691 nascidos vivos/ano. Se aplicarmos a este número a taxa mínima de incidência de microcefalia descrita na literatura (0,54%), esperaríamos uma incidência anual de 21.673 casos de microcefalia. De fato, os dados oficiais dos EUA correspondem a esta estimativa: por lá, são notificados 25.000 casos de microcefalia por ano2

Por aqui, notificamos anualmente uma média de 5,47 casos de microcefalia / 100.000 nascidos vivos. Mais ou menos metade da média dos americanos e dos ingleses, aqueles nortistas subdesenvolvidos. Deve ser porque nosso sistema único de saúde é um primor de assistência pré-natal com uma base de dados extremamente acurada e confiável, certo?

Me segue: uma cirurgia considerada "limpa" (uma cirurgia de hérnia ou um procedimento plástico-estético, por exemplo) tem 2% a 5% de chance de contaminação21,22,23,24,25,26,27. Não tem pra onde correr. Você pode ser dono(a) de um hospital top de linha e seus procedimentos "limpos" irão cair dentro dessa estatística. Um hospital que possui mais de 5% de taxa de infecção hospitalar é uma porcaria - eu diria que eles fazem lambança e não seguem rotinas técnicas básicas, ou coisa pior. Por outro lado, um hospital que possui menos de 2% também é uma porcaria: isso significa que eles ou não estão tabulando corretamente os casos de infecção hospitalar ou estão manipulando números com intuito marqueteiro.

Bem, se o Brasil fosse um país sério e se tivéssemos técnicos sérios em Ministérios sérios, com lideranças sérias tomando as medidas sérias cabíveis, não estaríamos vivendo o déficit recorde de 115 bilhões de reais no orçamento de 20157, produto das análises e decisões super-profissionais de nossas equipes de mega-especialistas em economia e planejamento.

Se o Brasil fosse um país sério, teríamos uma incidência de notificação de microcefalia dentro dos parâmetros de qualidade internacional ao invés da (piada) extraordinária média anual de 5,47 casos de microcefalia / 100.000 nascidos vivos.

Um relatório feito por pesquisadores do Estudo Colaborativo de Malformações Congênitas (Eclamc) questionou o tamanho do surto de microcefalia no Brasil8. O Eclamc estima que nossa taxa anual de microcefalia esteja em torno de 19 casos / 100.000 nascidos vivos.

Em seu documento8, os cientistas do Eclamc defendem que "um número maior de casos que antes passariam despercebidos foi notificado, e que podem haver erros de diagnósticos: em lugar de adotar uma medida contínua, baseada no tamanho médio do crânio das crianças ao nascer, o diagnóstico deveria observar a velocidade do desenvolvimento do cérebro".

O excelente insight dos pesquisadores Ieda Maria Orioli e Jorge Lopez-Campelo foi esquecido pela mídia e ignorado pela abordagem alarmista das organizações de saúde internacionais e pelo governo brasileiro.

A verdade é que revivemos ainda a Idade Média em círculos infinitos - o mundo é redondo, afirmou Galileu, e não é à toa. Cada novo avanço da "ciência médica" é como uma reimpressão do Malleus Maleficarum9. Cada novo governo em nosso país é uma reedição das Capitanias Hereditárias e seus mecanismos de vassalagem e cunhadismo.

Não é difícil perceber que a preguiça de pensar e a incompetência intelectual involuntária têm impedido sistematicamente a opinião da massa de reconhecer as suas limitações. Pra mim, essa pode ser a resposta para 99% dos males que nos afligem.

Mas o reverso pode ser verdadeiro: talvez seja EU quem está sob uma espécie de Efeito Dunning-Kruger10, onde "pessoas burras são burras até para conseguirem perceber que são burras".

Vai saber. 

Esperemos pelo Zika.




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Referências selecionadas:

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4.     Schuler-Faccini L, Ribeiro EM, Feitosa IM, Horovitz DD, Cavalcanti DP, Pessoa A, Doriqui MJ, Neri JI, Neto JM, Wanderley HY, Cernach M, El-Husny AS, Pone MV, Serao CL, Sanseverino MT; Brazilian Medical Genetics Society–Zika Embryopathy Task Force. Possible Association Between Zika Virus Infection and Microcephaly - Brazil, 2015. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2016 Jan 29;65(3):59-62. - http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26820244
5.     Ministério da Saúde. Informações de Saúde / Datasus, Nascidos Vivos no Brasil - http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def
6.     Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Ministério da Saúde atualiza números de microcefalia relacionados ao Zika; 15/12/2015. - http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/21254-ministerio-da-saude-atualiza-numeros-de-microcefalia-relacionados-ao-zika
8.     Documento Eclamc. Frequência de microcefalia ao nascimento no Brasil Período 1982-2013. 09/12/2015. Buenos Aires, Argentina. - http://www.eclamc.org/descargas/2.%20Frequencia%20de%20microcefalia%20ao%20nascimento%20no%20Brasil.docx
9.     Kraemer H, SprengerJ. Malleus Maleficarum. 1487,  Alemanha - https://pt.wikipedia.org/wiki/Malleus_Maleficarum 
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31. Mahmood et al. Autosomal recessive primary microcephaly (MCPH): clinical manifestations, genetic heterogeneity and mutation continuum. Orphanet Journal of Rare Diseases 2011, 6:39. - http://www.ojrd.com/content/6/1/39
32. EUA - Dados Demográficos.  https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos