19 agosto 2014

Gestantes em trabalho de parto prematuro não estão recebendo os remédios que deveriam

© Dr. Alessandro Loiola
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Um estudo realizado pela OMS e publicado na respeitada revista Lancet em agosto/2014 mostrou que metade das mulheres com sintomas de trabalho de parto prematuro (TPP) não recebem as medicações necessárias para o problema.

A pesquisa avaliou mais de 300.000 partos com mais de 22 semanas de gestação  ocorridos entre maio de 2010 e dezembro de 2011, englobando 359 hospitais em 29 países distribuídos na África, Ásia, America Latina e Oriente Médio. Dos partos contabilizados, 6% eram de pré-termos.

Os cientistas procuraram determinar como os médicos assistentes estavam utilizando corticoides e tocolíticos nas gestantes em TPP – estas drogas de baixíssimo custo estimulam a maturação pulmonar dos fetos e inibem as contrações e a progressão do trabalho de parto.

Das mulheres em TPP entre 26-34 semanas, apenas 52% receberam tratamento com corticoides; entre 22-25 semanas, 19%; e entre 35-36 semanas, 24%. Das mulheres que apresentaram parto pré-termo espontâneo e não-complicado, apenas 48% receberam o tratamento. No geral, das mulheres que apresentavam indicação formal de tratamento para evitar o TPP, apenas 18% receberam corticoides E tocolíticos.

Estes dados são assustadores: o não-emprego correto destes medicamentos expõe mães e bebês a riscos tão absurdos quanto desnecessários. Entenda: apesar das mulheres em trabalho de parto prematuro entre 26 e 34 semanas terem indicação formal de tratamento com corticoides, apenas metade recebeu a medicação. Daquelas com indicação de tocolíticos, apenas cerca de duas em cada 10 receberam. E daquelas com indicação de ambos tratamentos, apenas 4 em cada 10 foram tratadas.

Medicina não é um jogo. Ao lidar com pacientes, sempre achei que mais grave do que não ter um determinado recurso terapêutico é tê-lo e ser incapaz de utilizá-lo - ou ignorante demais para tanto, o que dá quase sempre no mesmo.

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