24 novembro 2007

ANEMIA: O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

© Dr. Alessandro Loiola


De classe média, magra e muito bem vestida, ela não tinha nem 40 anos e já se queixava de sintomas que dizia ser da menopausa precoce: desânimo, queda de cabelos, baixo desejo sexual, alguma coisa que parecia depressão, etc.

Depois das perguntas e medições de praxe, esvaziou na mesa uma pasta contendo exames de todos os tipos e cores que você puder imaginar. “Por precaução, trouxe de uma vez!”. Quase tudo normal, exceto por um detalhe que guardava o segredo de toda a trama: anemia.
- Mas pra ter anemia tem que ser pobre, doutor!
- Não. Pra ter anemia só precisa ter sangue. Ou melhor: pouco sangue, como você e seus 8 pontos de Hemoglobina.
- É, eu bem olhei e vi que o normal pra isso eram uns 13 ou 14.
- Como o restante está dentro do esperado – disse, folheando novamente as 200 mil páginas de resultados laboratoriais, ultra-som, fotografias Kirlian, densitometria do Chakra... -, a única explicação para essa sua anemia é mesmo a alimentação. Temos que investigar neste sentido.

Mais dois minutos de conversa e ela entregou: havia terminado de fazer um regime bravo passado por uma colega.
- Funcionou que foi uma beleza, doutor. Perdi todos os quilos que precisava em apenas 1 mês!
- Bom, lamentavelmente, junto com os quilos se foram alguns milhares de hemácias ricas em Hemoglobina, que você vai ter que recuperar.

Passei a receita e as recomendações e ela partiu, enquanto eu ficava matutando na fina ironia que faz com que metade da humanidade esteja de regime enquanto a outra metade passa fome.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que um terço da população mundial sofra de anemia secundária à deficiência de ferro na dieta. Dados recentes do Ministério da Saúde e do Fundo das Nações Unidas para a Infância mostram que a anemia carencial atinge, em média, uma de cada 5 crianças brasileiras. Uma verdadeira epidemia.

A anemia possui conseqüências diretas no desempenho de vários órgãos. O sistema imunológico tropeça, o cérebro passa a funcionar em marcha lenta, as crianças podem apresentar problema de aprendizado e redução no ritmo de desenvolvimento, e adultos podem sofrer com sintomas de desinteresse, dificuldade de concentração, cansaço fácil, palpitações após esforços leves, dores de cabeça e vertigens.

A anemia por deficiência de ferro possui várias causas, que vão desde câncer até verminoses e úlceras no estômago, mas a dieta desequilibrada é, de longe, o fator mais comum. Por exemplo: uma mulher com ciclos menstruais normais necessita cerca de 15 mg de ferro diariamente. Contudo, se as menstruações forem particularmente intensas, ou se ela estiver grávida, a necessidade de ferro pode aumentar para até 30 mg por dia – que nem sempre serão compensados na dieta. Por todos estes motivos, cerca de 10% das mulheres em idade fértil apresentam algum nível de deficiência de ferro.

Para evitar ou tratar casos mais leves de anemia por deficiência de ferro, basta aplicar algumas recomendações muito fáceis:

- Procure aumentar o consumo de carnes e miúdos como fígado, moela, rim ou coração. O corpo consegue aproveitar melhor o Ferro encontrado em alimentos de origem animal.

- Se você não gosta muito de carnes, a saída são as folhas verde-escuras como couve, taioba, agrião, ou folhas de cenoura ou beterraba, que na maioria das vezes são jogadas no lixo.

- Outros alimentos ricos em ferro incluem gema de ovo, feijão, ervilha, lentilha, melado de cana, rapadura, açúcar mascavo, grãos integrais, nozes e castanhas. Coloque-os no seu carrinho de compras.

- A vitamina C é capaz de aumentar a absorção de ferro. Por isso, em cada refeição, consuma um alimento rico em vitamina C. Temperar a salada com limão é uma forma simples de fazer isso.

- Finalmente, café, chá preto e chá mate atrapalham a absorção intestinal de Ferro. Evite essas bebidas durante ou logo após as refeições.

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

22 novembro 2007

ASSISTA À ENTREVISTA DE LANÇAMENTO DO LIVRO PARA ALÉM DA JUVENTUDE

Asssita à entrevista de lançamento do novo livro PARA ALÉM DA JUVENTUDE no jornal Primeira Página (TV Alterosa).

Conto com sua audiência para desbancarmos a CNN !

21 novembro 2007

ENTREVISTA BR Press

(BR Press) – O médico e colunista da BR Press, Dr. Alessandro Loiola, está lançando o livro Para Além da Juventude (Editora Leitura, 496 págs., R$ 39,00), nesta quarta (21/11), às 19h, no Terraço Leitura, do Shopping Pátio Savassi. Trata-se do resultado de uma ampla pesquisa sobre o processo de envelhecimento. Como envelhecer dignamente e em boas condições físicas? Existe alguma fórmula milagrosa de alcançar a “fonte da juventude”? “A consciência”, diz o médico.

Claro que o processo de envelhecimento pode ser vivido com menos agonia – o que faz um tremendo sentido numa época em que as pessoas tendem a viver mais. O fato, ressalta ele, é fazer por acontecer. Ou seja: tornar rotineiras medidas que vão colaborar, durante toda a vida, para que o indivíduo a desfrute com qualidade. “Ao escrever Para Além da Juventude, a intenção foi auxiliar no parto desta conscientização”, explica Dr. Alessandro. Apontando os principais riscos e mostrando como as soluções podem ser fáceis e práticas, Dr. Alessandro discorre sobre a importância das vacinas e imunização, além do fundamental papel da alimentação e das vitaminas, quase na mesma medida que a vida sexual, na idade madura. São abordadas ainda doenças que podem surgir ou ser agravadas com o passar do tempo, como o diabetes, a hipertensão, a demência, e como tratá-las.

O resultado é o um livro escrito em linguagem leve e acessível, com o humor característico da coluna semanal que Dr. Alessandro assina, publicada nos jornais Estado de Minas e A Tribuna de Vitória, e que tem recebido um retorno impressionante dos leitores. Esse sucesso demonstra a crescente demanda por informações confiáveis sobre saúde nos meios de comunicação, livres de interferências da indústria cosmética, estética e farmacêutica.

Autor dos livros Vida e Saúde da Criança e Crianças em Forma: Saúde na Balança, e especializado em Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo pela Santa Casa de Belo Horizonte, Dr. Alessandro Loiola reside e clinica em Belo Horizonte. Na entrevista a seguir, ele fala sobre livro Para Além da Juventude.

O que pode ser considerado o fator fundamental para um envelhecimento digno e saudável?
Dr. Alessandro Loiola - A consciência. Quando atendo meus pacientes, costumo perguntar: qual a marca do seu veículo? A maioria responde com o nome de algum automóvel. Estão enganados. Seu veículo se chama Homo sapiens. Em boa parte, saúde não é sorte, mas resultado: quanto mais rápido você tomar consciência de que seu corpo é o veículo que irá lhe levar para passear nos quatro cantos deste mundo, mais dignos e saudáveis serão seus anos por aqui.

Podemos acreditar que envelhecer não é sinônimo de "ficar doente"? O que sua pesquisa aponta neste sentido?
Dr. Alessandro Loiola - Sem dúvida alguma! Uma pesquisa realizada com 2.700 adultos, entre 25 e 74 anos de idade, revelou que, quanto maior a idade do entrevistado, maior a freqüência de emoções positivas tais como alegria, otimismo e felicidade. A cada dia, mais pessoas compreendem que a vida é uma maravilhosa viagem por este mundo, e o envelhecimento é apenas uma das várias aventuras que você experimentará no caminho. Envelhecer é um processo fisiológico, não uma doença.

Hoje as pessoas vivem mais. Mas a questão é: como vivem? É possí¬vel chegar aos 100 anos com qualidade de vida?
Dr. Alessandro Loiola - Para ultrapassar o centenário com qualidade de vida amanhã, você precisa conscientizar-se dos cuidados que deve tomar com seu corpo hoje.
Em 1900, expectativa média de vida era de 45 anos. Hoje, vivemos em média mais de 70 anos e, teoricamente, um ser humano está programado para viver até cerca de 120, 140 anos. Será que as pessoas estão aproveitando bem estes anos a mais? Eu acredito que os números falam por si:
- Mais de 75% das pessoas entre 75 e 84 anos de idade não se queixam de qualquer tipo de incapacitação.
- Uma de cada 3 pessoas com mais de 60 anos de idade possui um emprego e mais da metade participa regularmente de atividades em grupo.
- Cerca de 80% das pessoas com mais de 70 anos de idade pratica alguma forma de contato ou atividade sexual pelo menos uma vez por semana. Apesar do apetite sexual ser menos intenso, a maioria das pessoas na Terceira Idade continua encarando o sexo como uma fonte intensa de prazer.

Por que algumas e mais pessoas aparentam menos idade hoje em dia? A que atribui este fenômeno?
Dr. Alessandro Loiola - Este fenômeno pode ser explicado a partir de dois pontos de vista que se complementam.

Primeiro: por volta de 2030, cerca de 20% da população mundial será constituída por pessoas com idade igual ou superior a 65 anos. De um modo geral, vemos mais pessoas idosas nas ruas e nas atividades do dia a dia atualmente do que jamais vimos em décadas passadas. A maior exposição a esta população reduz o nível de estranheza e nos faz rever o que encaramos como alguém “velho” ou com “sintomas de velhice”.

Em segundo lugar: parte do conceito de “idade” está relacionado ao condicionamento e à atitude. Tenho pacientes de 71 anos que aparentam 71 anos, mas possuem uma vitalidade de 55-60 graças à boa alimentação e ao condicionamento físico adequado. Isso sem dúvida alguma os deixa com um “ar” mais jovem.

A prática de exercícios aeróbicos (p.ex., caminhadas) na Terceira Idade é capaz de melhorar em até 30% seu condicionamento físico – a mesma proporção observada em indivíduos jovens. Até mesmo pessoas que iniciaram exercícios de musculação aos 80 ou 90 anos de idade são capazes de duplicar sua força muscular em poucos meses.

Madonna, por exemplo, não aparenta ter 49 anos. Seria o esporte o principal responsável pela boa forma física ou realmente o "conjunto da obra", levando em consideração a quantidade de dinheiro disponível para gastar com a saúde e estética?
Dr. Alessandro Loiola - Por incrível que possa parecer, cuidar bem da saúde sai mais em conta que cuidar mal dela. Fazer a feira recheando sacolas com frutas da estação, legumes e verduras é mais barato que empurrar um carrinho de supermercado cheio de biscoitos e guloseimas calóricas.

Ao invés de ficar em casa gastando energia elétrica assistindo TV, você pode economizar saindo para uma boa caminhada e um bate papo com os amigos, melhorando seu condicionamento cardiopulmonar ao mesmo tempo em que reduz os níveis de estresse.

A diferença, como sempre, recai não sobre a quantidade de dinheiro disponível, mas na capacidade de auto-conscientização.

E psicologicamente? O que recomenda para envelhecer com a cabeça boa? Isso reflete no bem estar físico?
Dr. Alessandro Loiola - A medida em que avançamos em direção à maturidade, a “cabeça boa” se torna um reflexo do condicionamento físico, da alimentação saudável, da qualidade do sono e da capacidade de controlar dos níveis de estresse. O ideal é que o bem-estar mental seja acompanhado de bem-estar físico.

Apesar do número células cerebrais reduzir cerca de 10% entre os 20 e os 65 anos de idade, a diminuição do raciocínio devido ao envelhecimento é bem menos intensa do que imaginamos. Além disso, o declínio da capacidade mental parece ser evitável ou reversível.

Exercitar a mente, assim como exercitar o corpo, é fundamental para manter sua saúde integral. Tente aprender um idioma diferente ou tocar um instrumento musical, jogar baralho, damas ou xadrez – vale qualquer atividade capaz de estimular sua capacidade de raciocínio.

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Fonte - http://br.noticias.yahoo.com/s/20112007/11/saude-envelhecer-dignidade.html

09 novembro 2007

CONVITE PARA LANÇAMENTO DO LIVRO


DEPRESSÃO NO TRABALHO

© Alessandro Loiola




O trabalho é uma das grandes contradições da modernidade. Da invenção da roda ao surgimento do cérebro de Bill Gates, passando pela linha de montagem de Henry Ford e a caixa de cotonetes com mais conteúdo pelo mesmo preço, sempre ouvimos falar que os avanços tecnológicos iriam diminuir nossa carga de serviço, aumentando o tempo disponível para cultura, reflexão e atividades sexuais sem cunho reprodutivo. Infelizmente, não foi bem assim que a coisa toda aconteceu.

As conquistas da modernidade não trouxeram mais horas livres. Trouxerem, sim, novas formas de levar o trabalho para toda parte, com Internet, e-mails, celulares, PDAs, smart-phones... O trabalho passou a nos perseguir como um daqueles vira-latas de cidade de interior, correndo atrás da bicicleta dos correios. Mas, neste caso, a bicicleta somos nós. E o sujeito sentado sobre sua cabeça atende pelo nome de Senhor Ganância.

Um dos termômetros mais confiáveis para detectar que existe algo de errado no modo como a maioria das pessoas conduz a bicicleta de suas vidas é a altíssima incidência de depressão na população economicamente ativa. O problema afeta nada menos que 20% das pessoas que trabalham.

A falta de identificação com seu emprego pode resultar em alterações em certos neurotransmissores, principalmente serotonina, acetilcolina, dopamina, epinefrina e norepinefrina, aumentando a susceptibilidade para depressão.

Os principais sintomas de depressão incluem insatisfação com as atividades diárias, desânimo e dificuldade de concentração. Estudos recentes indicam ainda que a depressão pode influenciar o sistema imune, a coagulação sanguínea, a pressão arterial, a saúde dos vasos sanguíneos e o ritmo cardíaco, além de tornar maior o risco para alcoolismo, tabagismo e abuso de drogas.

O tratamento pode incluir medicamentos antidepressivos e psicoterapia. Contudo, se o principal fator desencadeante estiver no próprio trabalho, não vai adiantar ficar se entupindo de remédios. O que você tem de fazer é escolher uma entre duas saídas: mudar de vida (p.ex.: no próximo nascer do sol, vá para Arraial D’Ajuda e passe o resto do século vivendo às custas de brisa, artesanato e água de torneira), ou mudar o modo como encara a vida.

Eu prefiro a segunda alternativa. Afinal, a única pessoa que estará com você até o fim é você mesmo. Sem mudar sua natureza, não será possível viver plenamente onde quer que seja. Por isso, se você acredita que seu serviço está lhe causando depressão, recomendo que encare o próximo dia de trabalho com as seguintes recomendações:

- Está se sentindo sozinho, abandonado? Ninguém liga para você? Atrase um pagamento. Ou simplesmente sente-se e pareça muito confortável. Garanto que em menos de 2 minutos surgirá alguém para encher sua paciência.

- Jamais se isole voluntariamente dos outros: se não puder ajudar, atrapalhe. O importante é participar.

- Algumas pessoas desenvolvem depressão devido ao medo de tentar e errar. Não se preocupe tanto. Todos cometemos equívocos. Numa situação de erro, demonstre toda sua magnanimidade e sabedoria colocando a culpa em um colega.

- Os psiquiatras dizem que uma em cada 4 pessoas sofre de algum nível de deficiência mental. Se o clima no seu serviço estiver pesado, procure outros dois amigos mentalmente sadios e vá até a sala do seu chefe tirar uma dúvida qualquer. Como vocês 3 serão os normais, o papel de retardado estatístico sobrará para ele. Se possível, contenham o riso.

- Se nada disso funcionar, a saída pode ser aliviar a tensão através de uma boa atividade física. Recentemente, recebi um excelente relato de como isso funciona. Um conhecido, contratado por uma empresa altamente competitiva, foi chamado pelo gerente no primeiro dia no novo serviço. O chefe explicou:
- Atrás daquela divisória você irá encontrar um saco macio pendurado no teto. Toda vez que estiver se sentindo deprimido com o seu trabalho, arregace as mangas e alivie a tensão dando quantos socos e pontapés você quiser.
- E isso funciona?
- Ô, e como!
- Que legal! Posso ir qualquer dia?
- Sim, qualquer dia. Quer dizer, menos às quartas-feiras.
- Por quê?
- Porque nas quartas-feiras é o seu dia de ficar dentro do saco.



05 novembro 2007

ENTREVISTA NO JORNAL ESTADO DE MINAS - 04/11/07

Clínico geral e escritor Alessandro Loiola acaba de lançar seu terceiro livro, “Para além da juventude – guia para uma maturidade saudável”, pela Editora Leitura. A obra aborda temas como sexualidade, principais doenças e o processo de envelhecimento, entre outros assuntos.

ELLEN CRISTIE - Como surgiu a idéia de escrever este livro? E a quem se destina?ALESSSANDRO - A idéia surgiu como uma necessidade após uma vivência de mais de 10 anos em hospitais, consultórios e pronto-socorros. Vendo as pessoas se equivocarem repetidamente em decisões importantes para a própria saúde, percebi que era preciso fazer uma ponte entre os avanços do conhecimento científico e uma linguagem mais acessível para todos. Definida a essência do livro, é fácil perceber a quem ele se destina: a toda e qualquer pessoa que tenha intenção de se aventurar pelo processo de envelhecimento com lucidez e muita saúde.

ELLEN CRISTIE - Na obra, você fala que algumas pessoas têm idéias mirabolantes para prolongar a vida. A humanidade ainda acredita em fórmulas mágicas capazes de fazer milagres?ALESSANDRO - O desejo do Homem pela imortalidade é provavelmente mais antigo que a própria História. Desde os egípcios e suas múmias, a ânsia pela imortalidade sempre permeou nosso imaginário. E se não podemos nos tornar imortais neste mundo, então pelo menos vamos tentar garantir a qualidade de vida até a última batida do relógio biológico. Infelizmente, na busca pela Fonte da Juventude, alguns terminam se perdendo nas promessas fáceis da pseudociência. Você não precisa se esforçar muito para encontrar pessoas que fazem dietas absurdamente restritivas, ou sites na Internet que afirmam que bebendo sua própria urina você estará desintoxicando seu organismo. É uma pena, um tremendo desperdício de esforço. A fonte da juventude existe. Ela está escondida entre as suas orelhas e atende pelo nome de bom-senso.

ELLEN CRISTIE - Alguns trechos do livro incluem receitas caseiras, enfim, métodos naturais. Por que alguns médicos e pesquisadores têm tanta dificuldade em aceitar estudos que não envolvem a alopatia?
ALESSANDRO - Vivemos cercados de plásticos, colocamos sondas em outros planetas, desenvolvemos comprimidos sintéticos que matam superbactérias. Não é de surpreender que muitas pessoas dêem preferência por soluções mais tecnológicas para os seus problemas. Até mesmo problemas de saúde. Mas colocar a tecnologia acima da natureza é um erro. Não estamos acima da natureza. Somos parte dela. A resistência de alguns médicos e pesquisadores com relação a muitos tratamentos naturais é um reflexo de décadas de sucessos tecnológicos somadas ao apego a certos hábitos. A alopatia foi uma conseqüência do método científico e disseminou-se patrocinada por uma indústria multibilionária, a tal ponto que prescrever remédios parece ter virado sinônimo de ser médico. Tanto o médico quanto o paciente têm aquela sensação de dever cumprido quanto trocam receitas. Mas ser médico é algo um pouco mais amplo que conhecer nomes de caixinhas com comprimidos. É preciso retornar às raízes, se me permite o trocadilho. Precisamos reaprender a aproveitar o melhor destes dois mundos: tanto as ferramentas da tecnologia farmacêutica quanto os recursos que a natureza oferece gratuitamente são importantes para preservar sua saúde. Espero que o livro seja capaz de mostrar este caminho. Pelo menos para quem estiver disposto a enxergá-lo.

ELLEN CRISTIE - Quais devem ser as maiores preocupações para se ter uma vida saudável e chances de viver mais e melhor?

ALESSANDRO - Primeiro: informe-se. O conhecimento necessário para garantir uma vida longa e saudável já está aí, ao seu alcance. Tenha um interesse construtivo por sua própria saúde, mantendo a mente aberta porém sempre crítica. Segundo: mantenha hábitos saudáveis. Não fume, beba com moderação, pratique exercícios leves regularmente, mantenha um bom padrão de sono, alimente-se bem e tente ficar o mais próximo possível do seu peso ideal. Medidas simples como estas são capazes de operar milagres em sua vida. Por último porém não menos importante: encare a vida com satisfação. Ame sua família, curta seus amigos, aproveite cada segundo. Não paute seus dias pela busca incansável pelo sucesso: esse papo de vencer na vida é pura conversa. Quem é que vence de verdade na vida, se todo mundo morre no final? Que tipo de vitória é essa? A verdadeira vitória está em tornar-se uma pessoa melhor, em fazer o bem e colaborar para a felicidade do seu semelhante. Vivendo dessa maneira, certamente você terá uma vida longa e produtiva.

ELLEN CRISTIE - Com o advento dos estimulantes sexuais, por que ainda é tão difícil conversar sobre sexo com os idosos?ALESSANDRO - Há algum tempo, fui convidado para uma palestra em um encontro nacional da terceira idade. O tema: sexualidade na terceira idade. E vou lhe contar uma coisa: foi uma das palestras mais animadas e recompensadoras que já participei! Não é difícil conversar sobre sexo com os idosos, de modo algum. O problema é que, mesmo após toda a revolução nos hábitos e costumes de vida ocorrida ao longo do Século XX, ainda existe uma imagem generalizada de que pessoas na Terceira Idade não se interessam por sexo ou não possuem qualquer desejo sexual. A própria sociedade mantém uma idéia muito negativa sobre a sexualidade nesta faixa etária e não aceita bem atitudes de cunho sexual em indivíduos idosos. Se alguém com mais de 65 anos de idade insinuar possuir desejo sexual, logo aquela pessoa é rotulada com algum distúrbio de comportamento e orientada a procurar tratamento médico. Uma bobagem. A maioria dos adultos na Terceira Idade se interessa por sexo e muitos levam vidas sexualmente ativas. Pesquisas baseadas em entrevistas mostram que mais de 70% das mulheres e dos homens com idade superior a 60 anos se envolvem em alguma forma de relação sexual pelo menos uma vez por semana.

ELLEN CRISTIE - A curto e médio prazo, quais são os principais avanços que podemos antever com relação à medicina?
ALESSANDRO - Nas próximas décadas, os transplantes, as próteses biomecânicas e as pesquisas com nanotecnologia e células-tronco certamente oferecerão ganhos substanciais em termos de preservação da saúde e da qualidade de vida.

ELLEN CRISTIE - Há várias pesquisas que indicam que as mulheres são muito mais cuidadosas do que os homens quando o assunto é ir ao médico. Isso é um dos motivos que pode explicar a maior longevidade das mulheres?
ALESSANDRO - Certamente. Mas os homens não devem levar a culpa sozinhos: ela deve ser dividida com os órgãos e instituições públicas que cuidam da saúde. Existem inúmeras campanhas maciças de promoção da saúde feitas sob medida para o público feminino, como cuidados com a gestante, orientações contra osteoporose e campanhas de exames preventivos para câncer no colo do útero e nas mamas... O público masculino adulto não aparece ou aparece apenas timidamente nas políticas de saúde pública. No final das contas, a atitude cuidadosa com a saúde obedece a uma relação de causa-efeito: basta estimular por um certo tempo e de forma adequada um determinado grupo, e ele irá agir de modo correspondente.

ELLEN CRISTIE - Com que idade devemos começar a nos preocupar com a questão do envelhecimento e suas conseqüências? O que fazer?
ALESSANDRO - Começamos a envelhecer a partir do momento em que deixamos o útero materno, e o processo segue a uma velocidade constante de 60 minutos por hora, até o fim da vida. O envelhecimento é uma conta que iremos pagar no futuro, então quanto mais cedo você começar a tomar cuidado com as promissórias que anda assinando, melhor.

ELLEN CRISTIE - O câncer ainda é o maior terror da nossa sociedade. Por que?ALESSANDRO - Por medo e ignorância. Temos uma idéia generalizada de que um diagnóstico de câncer seja igual a uma sentença de morte. Não é bem assim: sua certidão de nascimento é igual a uma sentença de morte. O resto são conseqüências. A bem da verdade, estatísticas e pesquisas no mundo todo mostram que estamos vencendo lentamente a guerra contra o câncer: nas últimas duas décadas, a incidência de novos casos vem diminuindo 0,8% por ano, em grande parte graças às campanhas para redução do tabagismo e detecção precoce de novos casos da doença. O segredo para superar o terror do câncer se chama informação. Através da informação, você pode identificar os fatores que aumentam suas chances de desenvolver um tumor maligno e o que pode ser feito para diminuir os riscos. A informação também permite que você participe de um modo mais ativo na escolha dos tratamentos e compreenda como agir para diminuir seus efeitos colaterais.