08 julho 2008

FALANDO SÉRIO: VISTA ESTA CAMISA !

© Dr. Alessandro Loiola


Há cerca de 50 anos, gonorréia, sífilis e gravidez eram as doenças sexualmente transmissíveis (DST) mais comuns. Foram tempos afrodisíacos, em que a maioria dos problemas sexuais podia ser resolvida com uma dose de penicilina ou um ótimo bolo de casamento. Mas as décadas voaram e surgiram novos vilões, como hepatite B, HPV, HIV, clamídia, vaginite, uretrite e pensões alimentícias com execução judicial.

Estas e outras DST afetam milhões de pessoas a cada ano, e vários milhares ficam gravemente enfermos ou morrem. No meio do tiroteio entre fungos, vírus, bactérias, homens mulherengos (perdão pela redundância....) e ex-esposas furiosas, como se proteger ?

Abster-se de sexo é a única proteção absoluta contra as DST e qualquer um que mantenha relações sexuais está sob risco de adquirir uma dessas moléstias. Talvez a abstinência não esteja no topo da sua lista de opções viáveis. Neste caso, para alívio seu e dos demais seres humanos sexualmente ativos na Via Láctea, existe uma saída: a camisinha. A camisinha é um meio barato e eficaz de reduzir as possibilidades de contágio e gestações indesejadas.

Pesquisas mostraram que se a camisinha for utilizada corretamente a cada ato sexual durante um ano, é esperado que apenas 3 em cada 100 mulheres fiquem grávidas. O uso incorreto – e não a má-qualidade da camisinha – é o que leva à maioria dos insucessos.

Os preservativos de látex, ao evitar contato com secreções corporais, agem como uma barreira contra uma grande variedade de agentes infecciosos. O espermicida nonoxinol-9, utilizado em alguns preservativos, é eficaz como contraceptivo e pode reduzir o risco de transmissão de algumas DST (com exceção do HIV).

E anote aí outras dicas valiosas para tirar o máximo proveito dos preservativos:

Para Eles

· Alguns homens possuem alergia ao látex, mas nem por isso não podem usar camisinhas: existem preservativos de poliuretano, que não produzem alergia.
· Guarde as camisinhas em um lugar fresco e seco, longe da luz do sol. Não cometa o erro comum de guardá-las desprotegidas no porta-luva, na carteira ou na bolsa. Isso pode danificar o látex e inutilizar o preservativo.
· Uma camisinha é várias vezes mais barata que uma caixa de antibióticos ou um pacote de fraldas descartáveis. Por isso, verifique a embalagem e a qualidade do látex. Se algum dos dois não lhe parecer seguro, jogue o preservativo fora e compre um novo.
· Observe sempre o prazo de validade e não utilize camisinhas com mais de 5 anos de fabricação. E nunca, nunca mesmo, reutilize uma camisinha. Principalmente se não for a sua!
· Na empolgação, cuidado para não danificar o preservativo com unhas, dentes ou outros objetos pontiagudos ou cortantes, como chicotes de couro, chaves de fenda e furadeiras de impacto Black & Decker.
· Uma boa lubrificação durante a relação torna tudo mais fácil. Apenas evite lubrificantes à base de óleos (p.ex.: vaselina e óleo de cozinha) pois eles podem enfraquecer o látex.

Para Elas

· Pílulas protegem contra gravidez mas não evitam DST. Você pode contrair HIV, HPV, gonorréia ou hepatite B mesmo tomando a pílula anticoncepcional. O mesmo vale para os diafragmas.
· A camisinha feminina existe, é confiável e oferece um bom nível de proteção contra gravidez e DST. Mas não a utilize junto com o preservativo masculino. Elas simplesmente não permanecerão no lugar.
· No período de um ano, espera-se que 5% a 21% das mulheres que utilizam a camisinha feminina fiquem grávidas. Da mesma forma como ocorre entre os homens, boa parte dos insucessos se deve ao uso incorreto do preservativo.

Para Eles e Elas

Tenha consciência de que camisinhas não são métodos 100% confiáveis e que o comportamento sexual de baixo risco é um dos meios mais seguros para manter-se longe das DST. Contenha seu entusiasmo, permita que seu cérebro faça a parte dele e visite regularmente seu médico.


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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.