22 dezembro 2014

Viagra para o coração

© Alessandro Loiola 



Pessoas que sofrem de insuficiência cardíaca do tipo Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE) podem evitar o avanço da doença utilizando periodicamente inibidores da fosfodiesterase tipo-5 (FDE-5), tais como o sildenafil (famoso sob a alcunha de Viagra). 
 
Esta foi a conclusão da meta-análise de 24 estudos (total de 1.622 pacientes) conduzida pela Dra. Elisa Gianetta na Universidade Sapienza de Roma, na Itália, e publicada em outubro/2014 na revista BMC Medicine. 
 
Há algum tempo já se falava que os medicamentos para disfunção erétil eram capazes de melhorar a performance cardíaca. A bem da verdade, o sildenafil foi descoberto durante pesquisas de drogas antianginosas e para combate à hipertensão pulmonar, antes de ganhar fama como “o melhor amigo do homem”. 
 
O raciocínio validando o uso de sildenafil em pacientes com insuficiência cardíaca vem da observação de que a FDE-5 é principal enzima responsável pelo catabolismo da guanosina monofosfato cíclica (GMPc) nas células de músculo liso nas paredes dos vasos sanguíneos. A disfunção sistólica crônica do ventrículo esquerdo caracteriza-se exatamente pelo comprometimento da vasodilação mediada pelo óxido nítrico e pela GMPc no leito pulmonar e circulatório. Então bastou ligar os pontos e.. tchã-raam! 
 
Em sua avaliação, Dra. Gianetta observou que o uso periódico de sildenafil foi capaz de melhorar em 3,56% a 4,38% a fração de ejeção quando comparado ao placebo. O tratamento com inibidores de FDE-5 não afetou o ritmo cardíaco, a pressão arterial ou a resistência vascular sistêmica. Os efeitos colaterais mais comuns foram aqueles de sempre: vemelhidão, dor de cabeça, sangramento nasal de pequena monta e desconforto gástrico. 
 
Os pesquisadores afirmam que os inibidores da FDE-5 seguramente podem ser oferecidos a homens com insuficiência cardíaca em estágio inicial. Ainda faltam estudos avaliando o efeito destas drogas em grandes populações do sexo feminino. Mas de qualquer modo, a dica tá dada.

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