©
Alessandro Loiola
O uso
prolongado de antidepressivos tem sido associado a um nível importante de
“anestesia emocional”, tanto em homens quanto em mulheres.
Utilizando
questionários validados, um grupo de pesquisadores recentemente testou 200
adultos portadores de depressão leve ou moderada (64% mulheres, idade média de
41,2 anos) e descobriu que o uso de inibidores seletivos de recaptação de
serotonina (ISRS) resultava em um efeito de “ah, tanto faz...” em relação ao
cônjuge, especialmente em homens. Em contrapartida, o uso prolongado de
antidepressivos tricíclicos (ATC) associou-se de modo significativo ao
comprometimento da função sexual, particularmente em mulheres. Os resultados
deste estudo foram apresentados no 27º Congresso do Colégio Europeu de
Neuropsicofarmacologia.
Esta
foi a primeira pesquisa sistemática demonstrando os efeitos de “anestesia
emocional” associados aos antidepressivos. Apesar da amostragem pequena, a
grande jogada dos cientistas foi tentar medir aspectos da qualidade de vida que
em geral não são abordados de modo tão profundo, como amor e vida sexual.
Quando
abordamos nossos pacientes de um modo geral, nos preocupamos apenas se a
medicação irá tirá-los ou equilibrá-los naquele problema específico. Mas talvez
seja hora de começar a perguntar sobre outras coisas. Não existe um motivo
cientificamente sólido para NÃO conversar sobre amor, afeto, vida sexual,
sonhos e emoções diversas durante a consulta. Estas esferas da existência
afetam tanto o diagnóstico quanto o tratamento, e me parece uma péssima ideia
deixá-las voluntariamente de fora da anamnese.
Nenhum comentário:
Postar um comentário