* Especial para Manhood Brasil
Você já se sentiu gastando todas as energias como
se a sua vida fosse um caminhão de bombeiro correndo de um incêndio para o
seguinte? Daí, ao final do dia, depois de ter resolvido um milhão de coisas,
você percebe que não saiu do lugar. Sabe como é isso?
Se positivo, meu amigo, você provavelmente anda
confundindo o URGENTE com o IMPORTANTE. Nesse caso, recomendo que compreenda o
conceito por trás da Matriz Decisional de Eisenhower.
Dwight Eisenhower foi o 34º Presidente dos
Estados Unidos, de 1953 até 1961. Antes de se mudar para a Casa Branca,
Eisenhower brilhou como general de cinco estrelas na Segunda Guerra Mundial,
tendo sido responsável pelo planejamento e supervisão da invasão do norte da
África em 1942 e pela bem-sucedida invasão da França e da Alemanha em 1944-45.
Com a vitória dos Aliados, Eisenhower se tornou o primeiro Secretário-Geral da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Não parecem restar dúvidas quanto à eficiência do
Sr. Dwight em lidar com conflitos e vicissitudes - basta observar o currículo
do moço. Pois reza a lenda que seu talento para resolver absolutamente qualquer
coisa baseava-se em uma máxima pessoal bem simples: "O que é importante
raramente é urgente, e o que é urgente raramente é importante".
A DIFERENÇA ENTRE URGENTE E IMPORTANTE
“Urgente” tem a ver com uma tarefa que necessita
de sua atenção imediata. É qualquer uma daquelas coisas que gritam com você
"faça isso AGORA ou arrependa-se para sempre!". Tarefas urgentes tem
o talento de ligar o sistema de luta-ou-fuga, desencadeando reações defensivas,
negativas, apressadas e com amplitude limitada de raciocínio.
As tarefas importantes são aquelas que possuem um
papel nos seus objetivos de longo prazo. São constituídas por valores e metas.
Algumas vezes, coisas importantes podem se tornar urgentes, mas na maioria das
vezes isso não ocorre. Quando focamos em atividades importantes, funcionamos de
modo planejado e responsável, e isto resulta em calma, lógica aplicada e mente
aberta para novas oportunidades.
A distinção entre Urgente e Importante é bastante
intuitiva, mas ainda assim a gente cai com uma frequência inimaginável na
armadilha de considerar que todas as atividades urgentes também são
importantes.
A propensão a este erro de julgamento tem raízes
evolucionárias: nossos ancestrais concentravam-se mais em tarefas de curto
prazo que em estratégias de longo prazo. Os primeiros humanos anatomicamente
modernos surgiram na África há uns 200.000 anos, mas revolução neolítica que
resultou na agricultura só ocorreria 190.000 anos mais tarde. Durante este
pequeno intervalo de 1900 séculos, ficar planejando o que fazer na frente de um
mamute ou um tigre dentes-de-sabre poderia ser diferença entre jantar aquela
noite ou SER o jantar daquela noite.
As tecnologias atuais nos bombardeiam com um
volume absurdo de informações e dão a todas elas uma roupa de urgência e
afobação. Uma gostosa famosa qualquer ajeitando o biquíni no Leblon recebe os
mesmos holofotes que o genocídio de 100 crianças em uma escola na Somália.
O escritor americano Douglas Rushkoff chama essa
mentalidade de "Choque do Presente", praticamente um transtorno
mental coletivo que leva-nos a viver permanentemente em um "Quase
Agora", famintos por novidades e sem a menor capacidade (ou interesse) de
visualizar o longo prazo. Neste estado, é fácil confundir o que é
verdadeiramente importante e daquilo que é meramente urgente, e isto possui
graves consequências pessoais e sociais. Individualmente, o sujeito instala-se
em uma Síndrome do Esgotamento. Socialmente, a cultura se torna incapaz de
resolver as grandes questões de seu tempo.
A MATRIZ DECISIONAL DE EISENHOWER
O modo de pensar de Eisenhower foi popularizado
no livro "Os Sete Hábitos das Pessoas Muito Eficazes”, de Stephen Covey.
Na obra, o autor criou uma tabela, ou matriz, para ajudar você a diferenciar o
joio do trigo. A tabela possui 4 quadrantes, divididos em:
(1) Urgente E Importante
(2) Não-Urgente E Importante
(3) Urgente / Não-importante
(4) Não-Urgente E Não-importante.
O Quadrante
1 (Urgente E Importante) se refere às tarefas que exigem sua atenção
imediata, mas que também desempenham um papel no seu planejamento de vida.
Neste campo entram o gerenciamento de crises, os prazos a serem respeitados e
problemas críticos.
A data de entrega do imposto de renda, sua casa
pegando fogo, sua esposa dando entrada na sala de emergência de um hospital, o
motor do carro que pifou, você tendo um ataque cardíaco, a diretora da escola
que lhe chamou para uma reunião para discutir o comportamento do seu filho com
tendências psicopatas... todas estas coisas - e outras similares - entram no
Quadrante 1.
Com um pouco de organização, as tarefas Urgentes
E Importantes podem ser realizadas de modo mais eficiente. A bem da verdade,
com o devido planejamento, estas tarefas tendem a diminuir em número ou até
mesmo a não ocorrer - liberando você para resolver as coisas do Quadrante 2.
O Quadrante
2 (Não-Urgente E Importante) inclui as tarefas que não possuem um prazo
para serem realizadas, mas que podem prejudicar metas importantes. Elas
costumam estar relacionadas a vínculos emocionais, planejamentos e
aprimoramentos pessoais.
Aqueles objetivos de longo prazo, sua agenda para
a semana, a prática regular de atividades físicas, o tempo que você dedica para
sua família, um intervalo para ler bons livros ou fazer cursos de
aperfeiçoamento, estudos, meditação, manutenção do carro, uma saída para
namorar sua fêmea, fazer uma poupança - todas estas são tarefas não-urgentes,
porém importantes.
A maior parte do seu tempo e esforço deveria estar
centrada nas atividades do Quadrante 2. São elas que lhe garantirão felicidade,
plenitude e sucesso. Infelizmente, existem alguns pontos-chave que nos impedem
de comportar dessa forma.
Primeiro: você sabe o que REALMENTE é importante
para você? Se você não tem uma noção muito bem construída sobre os valores e as
metas que importam para sua vida, é óbvio que não será capaz de dedicar-se a
elas. E, neste caso, ficará à mercê dos estímulos externos que tornam tudo
"urgente".
Segundo: o peso do presente coloca uma pressão
enorme para que você resolva o momento. A gente nasce com essa programação
genética padrão que fala: "resolva o momento" (lembra o neolítico?).
Vencer conscientemente esta demanda exige grande força de vontade e disciplina
- duas qualidades que não ocorrem de modo espontâneo e devem ser cultivadas e
expressas por meio de atitudes.
Uma vez que as tarefas do Quadrante 2 não ficam
ali na sua orelha, roubando sua atenção minuto a minuto, você as coloca no modo
de espera. "Eu vou fazer isso logo, logo, assim que resolver outras coisas
mais urgentes" e etc. Todo mundo se esconde atrás dessa desculpa, vez ou
outra. Algumas vezes, por vezes demais. E tem gente que nunca se dá um tempo
para descobrir o que é realmente importante na vida, perpetuando o ciclo onde a
única coisa a ser feita é ficar resolvendo as urgências que não param de
aparecer.
Contudo, aquele "um dia" nunca chega.
Se você estiver esperando que as coisas se acalmem um pouco para finalmente
fazer o que considera "importante", permita-me lhe dar uma dica: você
NUNCA irá fazer. Você se sentirá sempre tão ocupado quanto agora e a vida
apenas se tornará mais cheia de tarefas - ou limitações - à medida que você
envelhecer.
Para vencer a programação do "Resolva o
Momento!", é preciso conduzir a vida de modo intencional e proativo. Saia
do modo padrão. Pare de reagir e comece a agir. Tome uma decisão consciente,
reestruture seu tempo e determine um prazo para realizar as tarefas do
Quadrante 2. "Vou fazer isso! E se o mundo acabar hoje, amanhã eu venho
nem que seja do inferno e faço!". Não procastine.
No Quadrante
3 estão as tarefas que exigem sua atenção imediata (urgentes), mas que não
irão lhe ajudar a atingir os objetivos de longo prazo (não-importantes). Em geral,
são produzidas por outras pessoas que querem uma ajuda para resolver seus
próprios objetivos e prioridades.
Ligações telefônicas, mensagens no celular,
emails, colegas de trabalho que precisam resolver um assunto
"urgente", o filho que pede para você levar ou buscar numa festa...
muita gente investe um bocado de tempo e esforço no Quadrante 3 achando que
está no Quadrante 1. Ajudar outra pessoa sem dúvida alguma faz você sentir-se
importante e valorizado, lhe dando até uma certa satisfação por ter eliminado
uma tarefa da sua lista.
Ainda que as atividades do Quadrante 3 sejam
importantes para outras pessoas, elas não são importante para VOCÊ. Elas podem
até não ser ruins, mas DEVEM ser equilibradas com as suas atividades do
Quadrante 2. De contrário, você apenas passará de um dia para o dia seguinte
sem ter progredido coisa alguma nos seus objetivos de longo prazo - e esta é
uma receita perfeita para cultivar frustração e ressentimento com outras
pessoas. Seja educado, porém assertivo e firme. Aprenda a dizer NÃO para
algumas coisas.
As tarefas do Quadrante 4 não são urgentes, nem importantes. Elas não pressionam,
mas também não contribuem. São meras distrações, tais como assistir TV, ficar
fuçando na Internet ou no Facebook ou no Instagram, jogar videogame, passear no
shopping para ver vitrines, etc.
Se você fizer uma auditoria SÉRIA na sua agenda,
você descobrirá que anda investindo um tempo descomunal no Quadrante 4. Não se
desespere, não chute o balde e não procure um exorcismo para os pecados fúteis
deste quadrante. Se o seu dia foi cheio e cansativo, descansar o cérebro
dedicando meia hora no Quadrante 4 é bastante recomendável. Uma saída prática:
determine uma fração de 5% do seu tempo para "fazer nada".
Na rotina deste Século XXI, a capacidade de
filtrar os sinais relevantes da existência misturados aos barulhos inúteis que
o mundo faz é uma habilidade essencial. A partir do momento em que seus
esforços se concentrarem principalmente nas tarefas do Quadrante 2, o quadrante
das coisas Não-Urgentes porém Importantes, você começará a experimentar um
progresso visível em termos de controle, calma e compostura.
Então aceite o desafio: construa sua própria
versão da Matriz Decisional de Eisenhower e aplique-a aos mais diversos
cenários da sua vida. E quando confrontar-se com a necessidade de tomar uma
decisão, pergunte-se: "Eu estou fazendo isso porque é importante ou apenas
porque parece urgente?".
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