05 setembro 2014

Sofro com a menopausa mas não quero usar hormônios. O que fazer?

© Dr. Alessandro Loiola
Médico – CRMSP 142.346
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Uma leitora do blog enviou essa mensagem e, como acredito que ela pode ser de relevância para muitas outras, aqui vai um breve bate-papo sobre o assunto, com um alerta: fiz minha pesquisa com base nas alterantivas que tem embasamento científico. Não quero achismos ou panaceias místico-holísticas por aqui. Nada contra quem queira ou goste, mas para tanto favor referir a outro grupo ou blog de saúde.

O fato é que, depois da lua de mel com a TRH ter terminado em um quase divórcio, os especialistas foram em busca de alternativas tão eficazes quanto os hormônios para controlar os sintomas da menopausa. Logo descobriu-se que drogas da conhecida classe dos moduladores de receptores seletivos de estrogênio (selective estrogen receptor modulators ou SERM) e o emprego de doses novas de uma antiga medicação para depressão eram capazes de mudar o cenário.

Paroxetina

Para mulheres que desejam se livrar dos fogachos sem utilizar hormônios, a paroxetina pode ser uma boa pedida. Classicamente utilizada para tratar depressão, ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo, a paroxetina se mostrou um sucesso no controle dos sintomas vasomotores. Mas a dose é diferente: o Food and Drug Administration (FDA) recomenda 7,5 mg tomados à noite, ao deitar, para o controle de fogachos moderados a severos.

A segurança e eficácia da paroxetina foram bem documentadas em dois estudos clínicos envolvendo mais de 1100 mulheres sintomáticas. O mecanismo de ação... bom, o mecanismo de ação no controle desses sintomas da menopausa ninguém descobriu ainda. Mas a paroxetina funciona e isso é o que conta por enquanto.

Um detalhe importante: apesar de não ser um método hormonal, a paroxetina não deve ser dada a mulheres em uso de tamoxifeno (droga utilizada no tratamento do câncer na mama). A paroxetina inibe uma enzima chamada citocromo P450 CYP2D6, a mesma enzima que converte o tamoxifeno em seu metabólito ativo, o endoxifeno, e reduz a eficácia do controle do câncer na mama.

SERM

A família dos SERM é velha conhecida: seu representante mais famoso é o Tamoxifeno, um medicamento descoberto na década de 1970 e que há décadas vem sendo uma ferramenta estratégica na terapia adjuvante do câncer de mama.

Mais recentemente, um bom estudo clínico conhecido como SMART (Selective Estrogens, Menopause, And Response to Therapy) mostrou que os SERM são capazes também de reduzir em até 74% a incidência de fogachos severos após 12 semanas de tratamento.

O bazedoxifeno, por exemplo, é um SERM com propriedades estimulantes sobre os ossos e inibidores sobre o endométrio (revestimento interno do útero). O bazedoxifeno atua inibindo a proliferação endometrial, reduzindo o risco de câncer uterino. Isto é especialmente importante em mulheres que estejam utilizando estrogênio como reposição hormonal e oferece uma alternativa à combinação estrogênios + progestágenos.

A combinação de estrogênio + SERM está indicada APENAS para mulheres que ainda têm o útero, sendo que qualquer sangramento vaginal em pacientes utilizando esta medicação deve ser avaliada. Além disso, o uso simultâneo de eritromicina, claritromicina, cetoconazol ou itraconazol pode reduzir o efeito protetor endometrial do SERM e não é recomendado.

 Até a data da publicação deste texto (setembro/2014), o bazedoxifeno ainda não estava à venda no Brasil.

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