02 setembro 2014

Ah, a Menopausa...

© Dr. Alessandro Loiola
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Os ovários possuem uma vida útil limitada. Eles começam seu ciclo de atividade regular por volta dos 11-12 anos de idade. Com o tempo, a quantidade de folículos germinativos diminui até um ponto crítico onde novos folículos não podem mais ser recrutados, e o comércio ovariano fecha as portas lá pelos 50 e poucos anos, dando início à menopausa.

Todavia, pouco antes da menopausa propriamente dita, existe um período turbulento de 5-7 anos, com alterações dos ciclos menstruais, transtornos hormonais e vários distúrbios tão típicos quanto incômodos. Os níveis sanguíneos de estrogênio e androgênio caem significativamente, produzindo sintomas vasomotores, problemas no sono e no humor, e atrofia vaginal – que se manifesta na forma de irritações no local, desconforto durante o intercurso sexual e problemas urinários mais frequentes.

Outras alterações menos óbvias também ocorrem sob a superfície: perda mais rápida de cálcio dos ossos, aumento do risco para doenças cardiovasculares, comprometimento cognitivo e maior incidência de alguns cânceres.

Os sintomas vasomotores, principalmente fogachos e suores noturnos, afetam 60-80% das mulheres no começo da menopausa. Acredita-se que eles decorram de uma redução na zona termoneutra no hipotálamo, fazendo com que pequenas alterações na temperatura interna disparem mecanismos compensatórios exagerados.

Apesar de transitórios na maioria das mulheres, os sintomas da menopausa persistem por 10 anos em 10% delas, e pesquisas mostram que até 16% das mulheres com 85 anos ou mais ainda apresentam problemas do tipo.

O tratamento sempre incluiu recomendações para mudanças nos hábitos de vida, interrupção do tabagismo, redução do consumo de bebidas alcoólicas, uso de roupas dispostas “em camadas” (facilita o controle da temperatura corporal) e dieta saudável.

Todavia, é a terapia de reposição hormonal (TRH). Esses hormônios podem ser encontrados na forma de comprimidos por via oral, adesivos transdérmicos, gel vaginal e injetável.

Nas mulheres que ainda tem útero intacto, o estrogênio deve ser combinado a um progestágeno para proteger o endométrio. Nas mulheres cujos sintomas vaginais são o único motivo para TRH, pode-se optar pelo uso de estrogênio na forma de gel para aplicação local.

Estas orientações gerais vinham valendo bem até recentemente, quando os resultados do Women's Health Initiative Trial – o maior estudo já feito para avaliação dos efeitos da TRH com estrogênio conjugado + acetato de medroxiprogesterona – promoveram uma revolução no modo como tratamos a menopausa.

Este estudo mostrou um aumento no risco de problemas cardiovasculares (incluindo tromboembolismo) e câncer na mama na TRH hormonal combinada. Apesar de isso poder ser explicado por algumas características da população avaliada e pelo tipo de hormônios empregados, muitos pacientes e médicos optaram por suspender a TRH, e pesquisas subsequentes passaram a avaliar os efeitos de configurações e doses diferentes de TRH.

O consenso atual consiste em utilizar a menor dose eficaz pelo menor tempo possível. Mulheres com alto risco cardiovascular (p.ex.: hipertensão arterial sem controle adequado) não devem receber TRH. Naquelas com risco cardiovascular baixo, a TRH pode ser recomendada, mas por no máximo 5 anos. Nas mulheres com risco médio, os estrogênios transdérmicos são os mais recomendados para evitar efeitos pró-trombóticos. E durante todo o tempo de TRH, devem ser realizadas consultas de acompanhamento periodicamente.

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