03 março 2018

SOBRE MERITOCRACIA E ASSISTENCIALISMO

Atualmente, 4.510 famílias de Caraguatatuba são beneficiadas com o programa Bolsa Familia do Governo Federal.

Em média, essas pessoas tem 2 filhos - ou seja, são núcleos familiares compostos por no mínimo 3 indivíduos. Isso totalizaria 13.530 pessoas sob o programa de auxílio em uma cidade com 113.000 habitantes. A grosso modo, 1 de cada 10 caraguatatubenses depende de alguma maneira do repasse fornecido pelo governo - e o número sobe a cada ano.

Trabalhei durante quase 3 anos em uma UBS que tinha um bom Centro Universitário (IGC de 3 pelo MEC!) a menos de 500m de distância do bairro. Rotineiramente, perguntava aos atendidos com faixa etária compativel com o perfil da População Economicamente Ativa se alguma vez haviam atravessado a rua para se informar sobre como cursar uma disciplina ou buscar uma graduação lá. Nunca obtive uma resposta positiva.

O PAT de Caraguatatuba oferece periodicamente uma lista razoável de postos de trabalho disponíveis. A esmagadora maioria dos "desempregados" que atendi jamais relatou ter procurado recolocação junto ao órgão. Alguns, nascidos e criados na cidade, alegavam sequer saber que tal coisa existia.

Andando de bicicleta pelo centro, vários - mas vários comércios mesmo - exibem placas de "precisa-se". Conheço muitos proprietários de lojas e restaurantes e, quando perguntava "qual a sua maior dificuldade em tocar o negócio por aqui?", a maioria respondia: encontrar pessoas "ponta-firme", empenhadas em trabalhar com seriedade e disciplina.

Graças a essa tão festejada "cultura caiçara", a cidade ocupa a 169a posição estadual no ranking de IDH e é o terceiro município mais violento de São Paulo.

As oportunidades existem. Acreditar que o Estado tem a obrigação de cuidar do cidadão que é molenga e desinteressado, que não estuda, não lê, não se capacita e não procura trabalho porque às três horas da tarde de uma quarta feira vai cozinhar mexilhão na Praia Brava e à noite sai para fumar erva na praça de skate, é apenas mais do mesmo paternalismo socialista de sempre.

Infelizmente, a maldição do assistencialismo se infiltrou de tal maneira no espírito do brasileiro que ele se transformou em uma espécie de zumbi infantilizado, que reclama e espera "pelos seus direitos" enquanto tenta escapar de todas as maneiras de qualquer "dever". Mas quem tem coragem de olhar a verdade de perto e colocar honestamente o dedo na ferida? É mais fácil continuar culpando o "sistema" e seu representante oficial - o malvado papai Estado.

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