O impacto da propaganda indiscriminada de que a Serotonina está de alguma maneira envolvida na “depressão” não pode, de modo algum, ser subestimado.
Muitos pacientes procuram auxílio por acreditarem que sua “neuroquímica cerebral” está desregulada e precisam “aumentar seus níveis de serotonina”. As ações de marketing das companhias farmacêuticas são bastante eficientes em seduzir a opinião pública sobre esse “desequilíbrio”, levando os pacientes a solicitarem ostensivamente a prescrição de medicamentos e plantando dúvidas em suas cabeças sobre o profissionalismo de médicos que sugerem outros tratamentos – como mudanças de hábitos, por exemplo.
Em 1998, no raiar das propagandas dos inibidores seletivos de receptação de serotonina (IRRS) – classe à qual pertencem medicamentos como fluoxetina, citalopram, escitalopram, sertralina e paroxetina -, o neurocientista Elliot Valenstein foi taxativo ao afirmar que “o que médicos e leigos estão lendo sobre doença mental nem de perto corresponde às evidências disponíveis até aqui”.
Duas décadas de tratamentos com IRRS apenas confirmaram a veracidade das palavras de Valenstein: a incongruência entre o que existe na literatura científica e as argumentações dos fabricantes de antidepressivos é um dos mais escandalosos casos de engodo já testemunhados dentro da medicina.
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