Durante o período de colonização dos
EUA, a comunidade foi organizada antes do condado, o condado antes do Estado, e
o Estado antes da União. No Brasil, tão cedo quanto em 1504, já éramos
submetidos a um sistema de Capitanias Hereditárias – uma ordenação colonizadora
completamente invertida à dos EUA.
Segundo Alexis-Charles-Henri Clérel, visconde
de Tocqueville, diplomata, historiador e cientista político francês do século
XIX, “os povos sempre se ressentem de sua origem. As circunstâncias que
acompanharam seu nascimento e serviram para seu desenvolvimento influem sobre
todo o resto de sua carreira”.
Para Tocqueville, “se nos fosse possível
remontar até os elementos das sociedades e examinar os primeiros monumentos de
sua história, descobriríamos ai a causa primeira dos preconceitos, dos hábitos,
das paixões dominantes, enfim de tudo o que compõe o que se chama caráter nacional.
Poderíamos encontrar a explicação de
usos que, hoje em dia, parecem contrários aos costumes reinantes; de leis que
parecem em oposição aos princípios reconhecidos; de opiniões incoerentes que
aparecem aqui e ali na sociedade, como esses fragmentos de correntes rompidas
que às vezes ainda vemos pender nas abobadas de um
velho edifício e que não sustentam mais nada.
Assim, por meio da análise de suas
origens, poderíamos explicar o destino de certos povos, "que uma força desconhecida
parece arrastar para um fim que eles mesmos ignoram”, finaliza o visconde.
Tocqueville escreveu essas palavras em
1835, no maravilhoso A Democracia na América, mas o modo como elas podem ser
aplicadas à nossa própria história brasileira, profetizando a atual proliferação
de caracteres fracos e discursos disseminados de vitimização e auto-piedade, me
causa arrepio toda vez que as leio.
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“A inferioridade de nossa natureza,
incapaz de apreender com firmeza o verdadeiro e o justo, frequentemente
reduz-se a optar apenas entre dois excessos”. (Tocqueville, in A Democracia da
América).
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