* Especial para
Manhood Brasil
A maior função da
arte, de qualquer forma de arte, é a Provocação. A arte existe para provocar
uma reação, seja ela de questionamento, amor, ódio, impaciência, nojo, revolta,
tristeza, desprezo, riso, empatia, transcendência ou júbilo. Uma arte que não desperta
algum sentimento não merece ser chamada de arte.
O documentário The Mask You Live In, da diretora
Jennifer Siebel Newson, cumpre bem o seu papel de arte, forçando uma reflexão.
O título do filme parte de uma citação de George Orwell sobre as ações esperadas
de um imperialista: "Ele usa uma máscara, e seu rosto cresce para
adaptar-se a ela". Newson usa esta premissa para defender que os casos de
atiradores nas escolas e assassinos em massa são produtos da ênfase agressiva
sobre os padrões desejáveis de masculinidade.
Segundo ela, os
jovens americanos estão reféns de um código de conduta perverso. Desde a tenra
idade, ouvem dos pais "Seja um homem!", ou "Não chore!", ou
"Não seja mulherzinha!". Este "código" suprimiria a humanidade
desses meninos, estimulando jogos por dominância e valorizando seu lado mais
belicoso. Para reforçar este ponto de vista, Newson mostra adolescentes do sexo
masculino descrevendo sentimentos de isolamento, desespero e pensamentos
suicidas, tudo permeado com imagens e depoimentos impactantes de tiroteios em
escolas, assassinatos e estatísticas de suicídios.
É inquestionável a
intenção de The Mask You Live In em
fazer uma defesa dos adolescentes, mas fica claro que a diretora se preocupou
em abordar a Masculinidade seguindo a pior versão possível de todos os padrões
sexistas mais virulentos que já existiram. Existe um foco excessivo na
associação de masculinidade com bebidas alcoólicas, homofobia, depressão,
estereotipagem, misoginia, crime, videogames, vitimização, pornografia e
estupro. Estas correlações são tão reducionistas quanto sensacionalistas. A
ideologia feminista de que "Os-Homens-são-do-mal" se esquece que TODO
ser humano, independente de seus genes, tem dentro de si um lado demoníaco
destrutivo e um lado divino repleto de nobrezas.
Tanto o título
quanto o conteúdo do filme sugerem que a Masculinidade é uma criação cultural,
mas isso é apenas uma parte pequena da verdade. Muitos comportamentos
tipicamente masculinos que surgem na tenra infância, como as brincadeiras mais
brutas, a compulsão por assumir riscos e a fascinação por tralhas ao invés de
bonecas, tem uma forte base biológica.
Diversas pesquisas,
entre elas um excelente estudo conduzido por Marco Del Giudice no Departamento
de Psicologia da Universidade de Turin, confirmaram este óbvio: com raras
exceções, as mulheres tendem a ser mais sensíveis, organizadas, sentimentais,
falantes e intuitivas, ao passo que os homens tendem a ser mais práticos,
objetivos, não-sentimentais, calados e teimosos. Ainda não compreendemos
exatamente os mecanismos biológicos que condicionam esses padrões, mas isso não
justifica negar sua existência.
A DIFERENÇA
ENTRE MASCULINIDADE SAUDÁVEL E PATOLÓGICA
Sim, alguns meninos
são patologicamente hipermasculinos. Abusam de seus colegas, acreditam que
vínculos verdadeiros devem ser formados por meio da violência, não respeitam as
diferenças e nutrem um desprezo imenso pelos fracos e vulneráveis. Mas eles são
minoria.
A maioria dos
meninos e dos homens adultos apresenta um padrão de masculinidade oposto e
saudável: seus instintos não são de abuso e violência, mas de altruísmo,
proteção e defesa dos mais fracos. Foi justamente graças a essas
características inatas que saímos das savanas e cavernas para construir um
sociedade de 7 bilhões de indivíduos - do contrário, estaríamos todos extintos
há muito, muito tempo. A energia, a competitividade, a coragem e a ousadia da
Masculinidade Saudável são responsáveis por muitas das boas coisas que você
usufrui nesse mundo.
O documentário de
Newsom diz que os meninos não se sentem seguros para falar sobre suas emoções e
conflitos internos, que isto violaria o código de conduta masculino,
sujeitando-os à vergonha e ao ridículo. Seria então um dever da sociedade
"libertar" esses jovens para um grau maior de expressão emocional.
Sim, os pais deveriam se empenhar para estimular nos meninos a capacidade de
exteriorizar emoções, mas TODOS - pais, namoradas e esposas - devem manter em
mente também que a reticência masculina tem suas vantagens.
Em 2012, uma pesquisa do Departamento de Ciências Psicológicas da Universidade Missouri, avaliou
2.000 crianças e adolescentes de ambos os sexos e descobriu que meninos e
meninas têm expectativas bem diferentes quanto ao valor de conversar sobre seus
problemas: as meninas acham que falar sobre assuntos pessoais as faz sentir
mais cuidadas e compreendidas, e acreditam que os homens não comunicam seus
sentimentos entre si, ou, quando o fazem, agem de modo pouco honesto ou eficaz.
Elas parecem não aceitar que os meninos, de um modo geral, veem nisso uma perda
de tempo. Ao contrário do que o filme de Newsom tenta ensinar, os meninos não
encaram "falar sobre seus sentimentos" como algo embaraçoso ou pouco
masculino. Eles simplesmente não enxergam essas conversas como uma atividade
particularmente útil.
Vale lembrar que,
entre as meninas, o excesso de exposição e conversas sobre os próprios
problemas está associado a altos índices de ansiedade e depressão. O estoicismo
masculino pode ser uma forma adaptativa de proteção.
The Mask
You Live In se esforça para passar a impressão de que, na média, os
adolescentes do sexo masculino sofrem de depressão severa quando, na verdade, a
depressão clínica é rara entre os meninos. Dados do National Institute ofMental Health mostram que, entre os 13 e 17 anos, a prevalência de depressão é 3 vezes menor
entre os meninos em relação às meninas (4,3%
versus 12,4%, respectivamente).
O
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) parece ser uma
epidemia entre os meninos americanos, mas a interpretação destes dados é
ambígua. O problema não estaria na sociedade, que se tornou intolerante
com a Masculinidade? Alguns especialistas sugerem que o diagnóstico de TDAH poderia ser reduzido drasticamente
se permitíssemos aos meninos serem apenas meninos.
HOMENS
DEVERIAM APRENDER COMO SER HOMENS
As mulheres
desenvolveram uma visão completamente distorcida de que a Masculinidade está
intimamente associada a uma rejeição de tudo que é feminino. Elas parecem não
entender o quanto os conceitos de Masculinidade estão associados à aprovação e
à satisfação feminina e a comportamentos socialmente construtivos.
Eu não perguntaria
a um homem o que ele acha que é feminilidade: ele é um homem, a natureza
privou-o dessa experiência. Ele pode tecer hipóteses tendenciosas, mas não pode
emitir estes conceitos em sua plenitude. Faltam-lhe útero, ovários, hormônios,
padrões de neurotransmissores e conexões cerebrais projetadas pela configuração
XX.
Da mesma forma,
admitir que mulheres sejam capazes de compreender o código de Masculinidade é
uma falácia. Elas deveriam simplesmente admitir que existe um código, e que a
compreensão e a expressão plena deste código é uma tarefa para os Homens.
Deveriam deixar aos Homens a tarefa de ensinar aos meninos como serem meninos e
homens.
É tão absurdo achar
que um homem é capaz de entender o que é ser uma Mulher quanto uma mulher achar
que é capaz de entender o que é ser um Homem. Homens masculinos apreciam a
própria agressividade. Acreditam que seu sucesso deriva dela. Eles gostam de
competições, gostam de ganhar, e não admiram qualidades efeminadas em outros
homens. Mas eles não pensam em si mesmos como vítimas, tampouco como
intolerantes ou homofóbicos. É simplesmente um jeito de ser, e se desejamos
liberdade e igualdade, deveríamos aceitar também estes padrões de comportamento
como uma parte do todo.
Infelizmente, nossa
sociedade parece incapaz de ter uma conversa relevante e equilibrada sobre a
Masculinidade. Existe uma suposição implícita da superioridade feminina no
campo emocional e das relações humanas. As mulheres, baseadas em suas próprias
verdades coletivas, assumem que elas são melhores para lidar com a amizade, a
família e o romance. Sabemos que isto está longe da verdade: basta assistir
qualquer reality show, novela ou
programa de entrevistas na TV. Se as mulheres não são pelo menos equivalentes
aos homens nas suas interações sociais, elas são piores.
O conceito de que a
masculinidade é má existe em quase todas as culturas e parece ser um construto
psicológico que ajuda as mulheres a explicarem comportamentos masculinos que
elas não compreendem. Este pensamento expõe as raízes da racionalização
feminina, mostrando a dificuldade que temos em lidar com mulheres homicidas, ou
mulheres que abusam de crianças ou qualquer outro comportamento concebido como
"próprio dos homens".
Os homens
injustamente categorizaram as mulheres como uma "classe de pessoas mais
burras". Do ponto de vista de médias de QI, isto é uma inverdade sem
tamanho. Seria muito mais razoável dizer que as "mulheres guerreiras"
e os homens inseguros de hoje sofrem, coletivamente, de uma absurda falta de
sabedoria. A Masculinidade, com seus ideais de proteção, bravura e estoicismo,
nunca foi um problema. Ela parece ser, sim, e antes de qualquer coisa, a
solução derradeira para os males que infestam nossa sociedade.
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