31 dezembro 2007

VIAJANDO PELOS DOMÍNIOS DA VONTADE


© Dr. Alessandro Loiola


Um leitor manda seu pedido de socorro: como se não bastasse a dor de cabeça crônica, no último ano terminou desenvolvendo excesso de peso e hipertensão arterial. Para completar, sentia-se absolutamente sem energia para mudar, como se a vontade para vencer tivesse desaparecido no vento. Após vários exames, nada mais estava errado, exceto pelos problemas citados. Qual a saída?

Qualquer roteiro para solução de problemas que se preze deve começar pelo início que é o princípio de tudo: elimine primeiro o que mais incomoda. Como ninguém consegue fazer coisa alguma direito com dor – especialmente dor de cabeça -, seu controle se torna essencial para os passos seguintes.

A dor de cabeça - cefaléia, no jargão dos médicos - não constitui uma doença em si mesma, mas pode representar várias doenças potencialmente graves. O tipo mais comum, chamada cefaléia tensional, é causada pela contração persistente da musculatura do pescoço e ombros. Nada de aneurismas ou tumores no cérebro: a cefaléia tensional quase sempre decorre da incapacidade em lidar de modo adequado com o estresse do dia a dia. A carapuça coube?

Assim como outras dores, a cefaléia pode ser o sinal de alerta para distúrbios mais sérios. Nosso amigo garantiu que, no caso dele, a dor não estava relacionada a crises de pressão elevada, febre, problemas visuais ou quaisquer outros sintomas.

Para se livrar da cefaléia tensional, devem ser empregados antiinflamatórios, técnicas de relaxamento mental e revisão dos hábitos alimentares. Mas atenção: algumas pessoas podem achar que descontando na comida e entupindo o cérebro com açúcar estão fazendo um grande negócio. Consumir muitas calorias pode aliviar temporariamente a dor de cabeça, mas não resolve a questão, além de nutrir problemas diferentes como aterosclerose, obesidade e diabetes.

Superado o obstáculo número 1, passamos ao seguinte: a falta de vontade. “E a hipertensão ?”, você poderia perguntar. “Não é importante manter a pressão sob controle, corrigir logo o excesso de peso, os triglicerídios, o colesterol...?”. Ah, certo, mais um discípulo da Medicina Espetacularmente Reducionista Da Atualidade ! Não vou abreviar porque senão fica feio.

Esta nem tão nova escola médica funciona da seguinte maneira: o sujeito chega sedentário, fumante, se queixando de angina, arritmia, disfunção sexual e outras 7 pragas do Egito, e qual ação o médico toma? A mesma que o paciente espera receber: um carrinho de supermercado com vários quilos de pílulas, frascos e comprimidos. Um para cada sintoma. É mais fácil tratar várias conseqüências que descobrir uma causa.

Parece óbvio, mas vale a pena ouvir de novo: a raiz da imensa maioria dos seus problemas não está no reino das bactérias, vírus, gorduras trans e frangos contaminados por hormônios. Não raramente, esta raiz está fincada nos domínios da sua vontade. Para entender melhor o que isso significa, é preciso dar uma guinada no caminho para visitar a sociedade perfeita de Platão.

Platão, filósofo Grego, acreditava que a sociedade perfeita só seria alcançada quando Reis Filósofos governassem o Povo por meio de Soldados. Apesar da idéia de soldados e regimes totalitários não trazer boas lembranças, ela serve para uma analogia.

Para governar e progredir com seu corpo, essa máquina de 1 trilhão de células que acompanha a consciência, você deve trocar Reis Filósofos por “razão”, Povo por “desejo” e Soldados por “vontade”: o organismo humano realmente saudável é aquele onde a Razão governa o Desejo por meio da Vontade.

Sofrer de hipertensão, obesidade, diabetes, ansiedade ou depressão não é o fim do mundo - caixas de remédios oferecem bons paliativos para isso. Perder-se do raciocínio ou ver extinta a motivação para continuar lutando, sim, é o fim da picada. É por aí que qualquer tratamento de verdade deve começar.

A solução para muitos problemas de saúde aguarda sua visita nos domínios da vontade. Pegue seu passaporte de inteligência e comece ainda hoje essa viagem! Lembre-se: pode não haver cura para o nascer e o morrer, mas você é livre para ir saboreando o intervalo.

Feliz Ano Novo !


19 dezembro 2007

MITOS SOBRE A PÍLULA

© Dr. Alessandro Loiola

A Pílula é o método de contracepção mais comum no mundo, sendo utilizada atualmente por mais de 90 milhões de mulheres. Ela atua evitando a liberação do óvulo pelos ovários, um evento que normalmente ocorre por volta do 14º dia do ciclo menstrual e que pode resultar em graves crises de ansiedade em namorados adolescentes. Felizmente, sem ovulação, nada de gravidez.

Apesar das extensas pesquisas realizadas desde a década de 1960, alguns mitos sobre a popular Pílula ainda persistem. Para facilitar, selecionei os mais comuns. Quantos você é capaz de responder corretamente?


Pílula engorda?

Não engorda. Ainda que o ganho de peso esteja entre as queixas mais comuns das mulheres que tomam a pílula, mais de 70% das usuárias não sofrem qualquer alteração neste sentido durante todo o tempo de uso do anticoncepcional.


Pílula causa espinhas?

Não necessariamente. Os androgênios têm sido implicados na etiologia da acne vulgar, possivelmente por intensificar a hiperceratose folicular. A pílula reduz os níveis sangüíneos de androgênios, diminuindo a gravidade da acne. Contudo, provando mais uma vez que não existem verdades absolutas na medicina, existem alguns relatos de mulheres onde a acne ocorreu como um efeito colateral da pílula.


Mulheres que tomam Pílula demoram mais para engravidar quando param?
Verdade. O retorno à fertilidade em mulheres que interromperam recentemente o uso da pílula leva mais tempo quando comparado às mulheres que interromperam outros métodos contraceptivos. Felizmente, não parece haver prejuízo da fertilidade como um todo.


Antibióticos podem cortar o efeito do anticoncepcional?
Algumas vezes sim. Sabe-se que a ampicilina, um antibiótico bastante utilizado no tratamento de infecções urinárias, faringites, amigdalites e pneumonias, pode reduzir a eficácia da pílula. Outros remédios, como os anticonvulsivantes, por exemplo, também podem interferir com a ação da pílula. Nesses casos, a mulheres devem se certificar de que o contraceptivo oral escolhido contenha pelo menos 50 microgramas de etinil-estradiol ou mestranol.


A pílula causa varizes?
Parece que sim, mas as pesquisas ainda não produziram conclusivos até o momento.


A pílula pode alterar o humor?
Sim, pode, inclusive com náuseas, dor de cabeça, dor nos seios e depressão. Estes sintomas, mais comuns nos primeiros meses de uso da Pílula, freqüentemente desaparecem após alguns ciclos.


A Pílula alivia as cólicas menstruais?
Nem sempre. A menstruação dolorosa (chamada de dismenorréia pelos médicos) é menos freqüente nas mulheres que não ovulam, tornando a pílula um recurso útil em 70-80% dos casos de dismenorréia. Quando a pílula é suspensa, as mulheres podem voltar a sentir as mesmas cólicas de antes.

Todavia, algumas formulações da pílula podem resultar em menstruações muito volumosas e intensas. Além disso, sangramentos irregulares e menstruações dolorosas podem ocorrer em até 1/3 das mulheres após o início do uso da pílula.


A pílula aumenta o risco de câncer?
Mulheres jovens que tomam pílula possuem um risco maior para tumores benignos do útero (chamados Miomas) durante a pré-menopausa, mas a pílula não parece influenciar o risco de tumores malignos no útero ou na mama.


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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

11 dezembro 2007

O FUTURO VAI POR AÍ

© Dr. Alessandro Loiola


Por mais incrível que possa parecer – e recomendo que você recoste mais profundamente na poltrona antes de continuar a leitura deste parágrafo – a burocracia brasileira deu um importante passo adiante. Um passo nanométrico, mas ainda assim um passo adiante. Esta semana, entre as pequenas notícias do dia a dia, fiquei sabendo que a 13ª Conferência Nacional de Saúde decidiu incentivar as pesquisas com células-tronco embrionárias no país.

As pesquisas terão que aguardar a regulamentação da Lei de Biossegurança – que anda perdida em alguma gaveta do planalto desde 2005, quando foi aprovada pelo Congresso Nacional -, mas nem por isso a manchete deixa de ser estimulante.

As células-tronco são encontradas em todos os organismos multicelulares (até mesmo em seu cunhado) e possuem a capacidade de se transformar nos mais diversos tipos de células especializadas. Entre os mamíferos, existem 3 variedades principais: células-tronco embrionárias, células-tronco do sangue do cordão umbilical e células-tronco adultas, sendo as primeiras consideradas de melhor qualidade para pesquisa e tratamento.

As células-tronco podem estar na moda, porém representam apenas uma pequena ponta de um imenso iceberg chamado biotecnologia. Esta indústria, que movimenta algo em torno de US$30 bilhões por ano, já produz centenas de medicamentos e vacinas. Suas possibilidades parecem avançar na velocidade do pensamento.

No século XVII, o notável físico Daniel Bernoulli tinha pouco mais de 37 anos de idade quando descreveu a relação inversa entre velocidade e pressão: quanto maior a velocidade entre duas superfícies, menor a pressão entre elas. Apesar desta idéia formar a base do que faz os aviões voarem, entre os experimentos de Bernoulli e a barrinha de cereal que nos servem a 36 mil pés de altura passaram-se mais de dois séculos e meio.

Pois bem. Entre os trabalhos iniciais do cientista canadense James Edgar Till, considerado o pai das células-tronco, e o emprego destas células para rejuvenescer o músculo cardíaco de pessoas com doença de Chagas ou portadoras de seqüelas de infarto agudo do miocárdio, passaram-se menos de 50 anos. E a biotecnologia está só tomando fôlego.

Em 2004, uma empresa nos EUA iniciou o fornecimento de microchips para implantes em seres humanos. Estes dispositivos podem ser utilizados para fornecer informações valiosas sobre o histórico médico da pessoa, presença de alergias, medicamentos atualmente em uso e telefones para contato em caso de acidentes. Em breve, poderão fornecer até a localização e temperatura do corpo - para felicidade da polícia e desespero de maridos infiéis.

A biotecnologia também vem estendendo seus tentáculos no campo dos órgãos artificiais. Desde os conhecidos marcapassos, passando pelas próteses penianas e outros membros robóticos de alta performance, esfíncteres artificiais, implantes cocleares para recuperar a audição, estimuladores cerebrais para tratar epilepsias e sintomas do mal de Parkinson, e um coração capaz de manter seu receptor vivo por mais de 1 ano (tempo necessário para encontrar um doador compatível), a indústria não pára.

Uma das grandes promessas da biotecnologia – e menos conhecida pelo público em geral - atende pelo nome de “interferência de RNA”. Esta tecnologia do arco do Exu é capaz de colocar muito patuá baiano no chinelo. A interferência de RNA consiste na anulação das doenças a partir dos genes que a produzem. Um conceito relativamente simples que poderá representar o controle definitivo de processos alérgicos, tumores malignos e inúmeras outras moléstias.

O potencial da interferência de RNA é tão incrível que o prêmio Nobel de Medicina de 2006 foi entregue aos cientistas descobridores da técnica, os doutores Andrew Fire e Craig Mello. (O Nobel de Medicina de 2007 foi entregue para pesquisas envolvendo... adivinhe? Células-tronco !).

Com a decisão favorável da Conferência Nacional de Saúde, o Brasil acertou novamente o passo rumo ao desenvolvimento biotecnológico e plantou a semente para tornar-se um berço de excelência, especialmente no campo das pesquisas com células-tronco. Existem obstáculos técnicos e éticos a serem superados, sem dúvida alguma. Mas boas noticias merecem ser comentadas. E comemoradas.


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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

09 dezembro 2007

COMO ENVELHECER COM QUALIDADE - Primeira parte da entrevista para Rádio Senado

Por que envelhecemos? Como se preparar para o processo de envelhecimento? O que vc precisa fazer para manter sua qualidade de vida na maturidade?
Estas e outras perguntas fizeram parte de uma interessante entrevista para a RÁDIO SENADO, feita esta semana. Por praticidade, o programa está separado em 2 módulos. Confira a primeira parte logo abaixo:

03 dezembro 2007

ESTRÉIA DO QUADRO BEM VIVER NA TV ALTEROSA

A convite da produção do Jornal Primeira Página da TV Alterosa, e com uma enorme ajuda da sempre gentil Érika Gimenes, estreou hoje o quadro Bem Viver apresentado por este humilde blogueiro.

Todas as segundas-feiras, a partir das 7h, vc pode conferir temas novos sobre saúde em uma linguagem fácil e prática.

Envie perguntas e selecione a pauta da semana seguinte através da janela Interatividade disponível no link http://www.alterosa.com.br/html/pp_bemviver/pp_bemviver.shtml .

Para assistir à estréia do programa de hoje (03/12/07), basta clicar na url abaixo:




http://www.uaimidia.com.br/html/webs/modulos/streaming/getstreaming?file=200712D0939553961.wmv

02 dezembro 2007

LIGEIRAMENTE GRÁVIDA

© Dr. Alessandro Loiola
http://br.groups.yahoo.com/group/saudeparatodos



Fui até à observação ver como ela estava passando e comunicar os resultados dos exames. Pouco mais de 20 anos, o braço esticado tomando soro, mal contendo as lágrimas.
- E aí, doutor? – perguntou apreensiva. Tentei quebrar o clima tenso abrindo um sorriso e dizendo “meus parabéns”. Ela ameaçou uma nova versão do choro:
- Ai, doutor não faz isso comigo não...!
- Peralá, eu não fiz nada! – interrompi. - Se o seu teste de gravidez deu positivo, garanto que a culpa não é minha. Desse jeito você vai acabar me complicando lá em casa...

Com essa, consegui fazer a mãe e o namorado darem uma risada. Ok, o namorado nem tanto. Seguiram-se mais algumas explicações sobre a natureza daquele mal-estar e liberei o projeto de família para casa. Por alegria, expectativa ou assombro, o diagnóstico de uma gravidez quase sempre causa algum espanto. Mas não deveria.

Segundo dados da ONU, nascem anualmente no Brasil cerca de 16 bebês para cada grupo de 1.000 habitantes - ou 1 novo moleque melequento a cada 12 segundos! Ainda assim, estamos abaixo da média mundial (20 nascimentos por 1.000 habitantes/ano) e bem distantes do campeão reprodutor, o Congo, com a espantosa marca de 49 nascimentos por 1.000 habitantes/ano.

Ao invés de espanto, deveríamos receber a gravidez como uma doença sexualmente transmissível bastante comum e de difícil controle. Nem mesmo a camisinha oferece proteção infalível: em um ano, para cada 100 casais que utilizam a camisinha como único método contraceptivo, 10 a 14 serão surpreendidos por uma gravidez inesperada. A jovem paciente desta crônica, além de saborear essa estatística, experimentava outras manifestações da gestação.

Ao engravidar, a mulher aumenta a utilização de gordura para produzir energia, com uma discreta perda de peso nas primeiras semanas. A produção de proteínas se intensifica, os níveis de glicose diminuem e o corpo começa a reter líquidos - adaptações hormonais fazem com que sejam acumulados mais de 7 litros de água até o final da gravidez!

Nos primeiros 3 meses, a freqüência respiratória e o trabalho do coração aumentam cerca de 40%. A produção de saliva é maior e a velocidade do trânsito intestinal diminui, melhorando a absorção de nutrientes. O crescimento do útero reduz o espaço para o estômago, provocando refluxo e azia. Na tentativa de facilitar as adaptações necessárias para o desenvolvimento do bebê, o sistema nervoso responde a tudo isso com sonolência, distúrbios do humor, diminuição da audição e alterações da gustação e do tato. Uma verdadeira viagem psicodélica.

Para lidar com o turbilhão de mudanças, passo a frente os mesmos conselhos que dei para a jovem chorosa daquela noite:

- A grávida será desafiada diariamente pela barriga. Para contornar essa limitação, mantenha o ganho de peso dentro do recomendado, faça exercícios leves de alongamento, utilize travesseiros adicionais para melhor acomodar o corpo na cama, aplique compressas mornas nas regiões doloridas e invista em massagens relaxantes (acredite: se feitas por um profissional habilitado, elas compensam o gasto).

- Durma o máximo possível. Alguns bebês parecem participar de um estudo científico que visa comprovar que mulheres podem viver vários meses sem uma única gota de sono. Como você não sabe se a sua cria virá com esse tipo de programação, comece agora mesmo o seu estoque de noites bem dormidas.

- O enjôo matinal é mais comum da 6ª até a 12ª-13ª semana de gravidez. A solução: diminua o tamanho e aumente a freqüência das refeições. Antes de sair da cama pela manhã, coma algumas torradas ou biscoitos de água e sal. Fuja de refeições pesadas e gordurosas. Se puder, adicione um pouco de gengibre à sua dieta (ele é um excelente remédio natural contra náuseas).

- O excesso de gases pode ser reduzido mastigando mais devagar e evitando refrigerantes, feijões, brócolis, couve-flor e outros vegetais folhosos.

- Finalmente, a gestação é uma experiência intensa e repercute de modo similar sobre as emoções. A raiva transforma-se em tristeza e então em alegria e então novamente em raiva em questão de minutos. Estas mudanças são mais extremas nas primeiras 12 semanas. Para enfrentar a montanha-russa fisiológica, recomenda-se que a gestante aprenda técnicas de redução do estresse, procure ajuda profissional ao menor sinal de descontrole e mantenha distância de armas de destruição em massa.

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

24 novembro 2007

ANEMIA: O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

© Dr. Alessandro Loiola


De classe média, magra e muito bem vestida, ela não tinha nem 40 anos e já se queixava de sintomas que dizia ser da menopausa precoce: desânimo, queda de cabelos, baixo desejo sexual, alguma coisa que parecia depressão, etc.

Depois das perguntas e medições de praxe, esvaziou na mesa uma pasta contendo exames de todos os tipos e cores que você puder imaginar. “Por precaução, trouxe de uma vez!”. Quase tudo normal, exceto por um detalhe que guardava o segredo de toda a trama: anemia.
- Mas pra ter anemia tem que ser pobre, doutor!
- Não. Pra ter anemia só precisa ter sangue. Ou melhor: pouco sangue, como você e seus 8 pontos de Hemoglobina.
- É, eu bem olhei e vi que o normal pra isso eram uns 13 ou 14.
- Como o restante está dentro do esperado – disse, folheando novamente as 200 mil páginas de resultados laboratoriais, ultra-som, fotografias Kirlian, densitometria do Chakra... -, a única explicação para essa sua anemia é mesmo a alimentação. Temos que investigar neste sentido.

Mais dois minutos de conversa e ela entregou: havia terminado de fazer um regime bravo passado por uma colega.
- Funcionou que foi uma beleza, doutor. Perdi todos os quilos que precisava em apenas 1 mês!
- Bom, lamentavelmente, junto com os quilos se foram alguns milhares de hemácias ricas em Hemoglobina, que você vai ter que recuperar.

Passei a receita e as recomendações e ela partiu, enquanto eu ficava matutando na fina ironia que faz com que metade da humanidade esteja de regime enquanto a outra metade passa fome.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que um terço da população mundial sofra de anemia secundária à deficiência de ferro na dieta. Dados recentes do Ministério da Saúde e do Fundo das Nações Unidas para a Infância mostram que a anemia carencial atinge, em média, uma de cada 5 crianças brasileiras. Uma verdadeira epidemia.

A anemia possui conseqüências diretas no desempenho de vários órgãos. O sistema imunológico tropeça, o cérebro passa a funcionar em marcha lenta, as crianças podem apresentar problema de aprendizado e redução no ritmo de desenvolvimento, e adultos podem sofrer com sintomas de desinteresse, dificuldade de concentração, cansaço fácil, palpitações após esforços leves, dores de cabeça e vertigens.

A anemia por deficiência de ferro possui várias causas, que vão desde câncer até verminoses e úlceras no estômago, mas a dieta desequilibrada é, de longe, o fator mais comum. Por exemplo: uma mulher com ciclos menstruais normais necessita cerca de 15 mg de ferro diariamente. Contudo, se as menstruações forem particularmente intensas, ou se ela estiver grávida, a necessidade de ferro pode aumentar para até 30 mg por dia – que nem sempre serão compensados na dieta. Por todos estes motivos, cerca de 10% das mulheres em idade fértil apresentam algum nível de deficiência de ferro.

Para evitar ou tratar casos mais leves de anemia por deficiência de ferro, basta aplicar algumas recomendações muito fáceis:

- Procure aumentar o consumo de carnes e miúdos como fígado, moela, rim ou coração. O corpo consegue aproveitar melhor o Ferro encontrado em alimentos de origem animal.

- Se você não gosta muito de carnes, a saída são as folhas verde-escuras como couve, taioba, agrião, ou folhas de cenoura ou beterraba, que na maioria das vezes são jogadas no lixo.

- Outros alimentos ricos em ferro incluem gema de ovo, feijão, ervilha, lentilha, melado de cana, rapadura, açúcar mascavo, grãos integrais, nozes e castanhas. Coloque-os no seu carrinho de compras.

- A vitamina C é capaz de aumentar a absorção de ferro. Por isso, em cada refeição, consuma um alimento rico em vitamina C. Temperar a salada com limão é uma forma simples de fazer isso.

- Finalmente, café, chá preto e chá mate atrapalham a absorção intestinal de Ferro. Evite essas bebidas durante ou logo após as refeições.

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

22 novembro 2007

ASSISTA À ENTREVISTA DE LANÇAMENTO DO LIVRO PARA ALÉM DA JUVENTUDE

Asssita à entrevista de lançamento do novo livro PARA ALÉM DA JUVENTUDE no jornal Primeira Página (TV Alterosa).

Conto com sua audiência para desbancarmos a CNN !

21 novembro 2007

ENTREVISTA BR Press

(BR Press) – O médico e colunista da BR Press, Dr. Alessandro Loiola, está lançando o livro Para Além da Juventude (Editora Leitura, 496 págs., R$ 39,00), nesta quarta (21/11), às 19h, no Terraço Leitura, do Shopping Pátio Savassi. Trata-se do resultado de uma ampla pesquisa sobre o processo de envelhecimento. Como envelhecer dignamente e em boas condições físicas? Existe alguma fórmula milagrosa de alcançar a “fonte da juventude”? “A consciência”, diz o médico.

Claro que o processo de envelhecimento pode ser vivido com menos agonia – o que faz um tremendo sentido numa época em que as pessoas tendem a viver mais. O fato, ressalta ele, é fazer por acontecer. Ou seja: tornar rotineiras medidas que vão colaborar, durante toda a vida, para que o indivíduo a desfrute com qualidade. “Ao escrever Para Além da Juventude, a intenção foi auxiliar no parto desta conscientização”, explica Dr. Alessandro. Apontando os principais riscos e mostrando como as soluções podem ser fáceis e práticas, Dr. Alessandro discorre sobre a importância das vacinas e imunização, além do fundamental papel da alimentação e das vitaminas, quase na mesma medida que a vida sexual, na idade madura. São abordadas ainda doenças que podem surgir ou ser agravadas com o passar do tempo, como o diabetes, a hipertensão, a demência, e como tratá-las.

O resultado é o um livro escrito em linguagem leve e acessível, com o humor característico da coluna semanal que Dr. Alessandro assina, publicada nos jornais Estado de Minas e A Tribuna de Vitória, e que tem recebido um retorno impressionante dos leitores. Esse sucesso demonstra a crescente demanda por informações confiáveis sobre saúde nos meios de comunicação, livres de interferências da indústria cosmética, estética e farmacêutica.

Autor dos livros Vida e Saúde da Criança e Crianças em Forma: Saúde na Balança, e especializado em Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo pela Santa Casa de Belo Horizonte, Dr. Alessandro Loiola reside e clinica em Belo Horizonte. Na entrevista a seguir, ele fala sobre livro Para Além da Juventude.

O que pode ser considerado o fator fundamental para um envelhecimento digno e saudável?
Dr. Alessandro Loiola - A consciência. Quando atendo meus pacientes, costumo perguntar: qual a marca do seu veículo? A maioria responde com o nome de algum automóvel. Estão enganados. Seu veículo se chama Homo sapiens. Em boa parte, saúde não é sorte, mas resultado: quanto mais rápido você tomar consciência de que seu corpo é o veículo que irá lhe levar para passear nos quatro cantos deste mundo, mais dignos e saudáveis serão seus anos por aqui.

Podemos acreditar que envelhecer não é sinônimo de "ficar doente"? O que sua pesquisa aponta neste sentido?
Dr. Alessandro Loiola - Sem dúvida alguma! Uma pesquisa realizada com 2.700 adultos, entre 25 e 74 anos de idade, revelou que, quanto maior a idade do entrevistado, maior a freqüência de emoções positivas tais como alegria, otimismo e felicidade. A cada dia, mais pessoas compreendem que a vida é uma maravilhosa viagem por este mundo, e o envelhecimento é apenas uma das várias aventuras que você experimentará no caminho. Envelhecer é um processo fisiológico, não uma doença.

Hoje as pessoas vivem mais. Mas a questão é: como vivem? É possí¬vel chegar aos 100 anos com qualidade de vida?
Dr. Alessandro Loiola - Para ultrapassar o centenário com qualidade de vida amanhã, você precisa conscientizar-se dos cuidados que deve tomar com seu corpo hoje.
Em 1900, expectativa média de vida era de 45 anos. Hoje, vivemos em média mais de 70 anos e, teoricamente, um ser humano está programado para viver até cerca de 120, 140 anos. Será que as pessoas estão aproveitando bem estes anos a mais? Eu acredito que os números falam por si:
- Mais de 75% das pessoas entre 75 e 84 anos de idade não se queixam de qualquer tipo de incapacitação.
- Uma de cada 3 pessoas com mais de 60 anos de idade possui um emprego e mais da metade participa regularmente de atividades em grupo.
- Cerca de 80% das pessoas com mais de 70 anos de idade pratica alguma forma de contato ou atividade sexual pelo menos uma vez por semana. Apesar do apetite sexual ser menos intenso, a maioria das pessoas na Terceira Idade continua encarando o sexo como uma fonte intensa de prazer.

Por que algumas e mais pessoas aparentam menos idade hoje em dia? A que atribui este fenômeno?
Dr. Alessandro Loiola - Este fenômeno pode ser explicado a partir de dois pontos de vista que se complementam.

Primeiro: por volta de 2030, cerca de 20% da população mundial será constituída por pessoas com idade igual ou superior a 65 anos. De um modo geral, vemos mais pessoas idosas nas ruas e nas atividades do dia a dia atualmente do que jamais vimos em décadas passadas. A maior exposição a esta população reduz o nível de estranheza e nos faz rever o que encaramos como alguém “velho” ou com “sintomas de velhice”.

Em segundo lugar: parte do conceito de “idade” está relacionado ao condicionamento e à atitude. Tenho pacientes de 71 anos que aparentam 71 anos, mas possuem uma vitalidade de 55-60 graças à boa alimentação e ao condicionamento físico adequado. Isso sem dúvida alguma os deixa com um “ar” mais jovem.

A prática de exercícios aeróbicos (p.ex., caminhadas) na Terceira Idade é capaz de melhorar em até 30% seu condicionamento físico – a mesma proporção observada em indivíduos jovens. Até mesmo pessoas que iniciaram exercícios de musculação aos 80 ou 90 anos de idade são capazes de duplicar sua força muscular em poucos meses.

Madonna, por exemplo, não aparenta ter 49 anos. Seria o esporte o principal responsável pela boa forma física ou realmente o "conjunto da obra", levando em consideração a quantidade de dinheiro disponível para gastar com a saúde e estética?
Dr. Alessandro Loiola - Por incrível que possa parecer, cuidar bem da saúde sai mais em conta que cuidar mal dela. Fazer a feira recheando sacolas com frutas da estação, legumes e verduras é mais barato que empurrar um carrinho de supermercado cheio de biscoitos e guloseimas calóricas.

Ao invés de ficar em casa gastando energia elétrica assistindo TV, você pode economizar saindo para uma boa caminhada e um bate papo com os amigos, melhorando seu condicionamento cardiopulmonar ao mesmo tempo em que reduz os níveis de estresse.

A diferença, como sempre, recai não sobre a quantidade de dinheiro disponível, mas na capacidade de auto-conscientização.

E psicologicamente? O que recomenda para envelhecer com a cabeça boa? Isso reflete no bem estar físico?
Dr. Alessandro Loiola - A medida em que avançamos em direção à maturidade, a “cabeça boa” se torna um reflexo do condicionamento físico, da alimentação saudável, da qualidade do sono e da capacidade de controlar dos níveis de estresse. O ideal é que o bem-estar mental seja acompanhado de bem-estar físico.

Apesar do número células cerebrais reduzir cerca de 10% entre os 20 e os 65 anos de idade, a diminuição do raciocínio devido ao envelhecimento é bem menos intensa do que imaginamos. Além disso, o declínio da capacidade mental parece ser evitável ou reversível.

Exercitar a mente, assim como exercitar o corpo, é fundamental para manter sua saúde integral. Tente aprender um idioma diferente ou tocar um instrumento musical, jogar baralho, damas ou xadrez – vale qualquer atividade capaz de estimular sua capacidade de raciocínio.

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Fonte - http://br.noticias.yahoo.com/s/20112007/11/saude-envelhecer-dignidade.html

09 novembro 2007

CONVITE PARA LANÇAMENTO DO LIVRO


DEPRESSÃO NO TRABALHO

© Alessandro Loiola




O trabalho é uma das grandes contradições da modernidade. Da invenção da roda ao surgimento do cérebro de Bill Gates, passando pela linha de montagem de Henry Ford e a caixa de cotonetes com mais conteúdo pelo mesmo preço, sempre ouvimos falar que os avanços tecnológicos iriam diminuir nossa carga de serviço, aumentando o tempo disponível para cultura, reflexão e atividades sexuais sem cunho reprodutivo. Infelizmente, não foi bem assim que a coisa toda aconteceu.

As conquistas da modernidade não trouxeram mais horas livres. Trouxerem, sim, novas formas de levar o trabalho para toda parte, com Internet, e-mails, celulares, PDAs, smart-phones... O trabalho passou a nos perseguir como um daqueles vira-latas de cidade de interior, correndo atrás da bicicleta dos correios. Mas, neste caso, a bicicleta somos nós. E o sujeito sentado sobre sua cabeça atende pelo nome de Senhor Ganância.

Um dos termômetros mais confiáveis para detectar que existe algo de errado no modo como a maioria das pessoas conduz a bicicleta de suas vidas é a altíssima incidência de depressão na população economicamente ativa. O problema afeta nada menos que 20% das pessoas que trabalham.

A falta de identificação com seu emprego pode resultar em alterações em certos neurotransmissores, principalmente serotonina, acetilcolina, dopamina, epinefrina e norepinefrina, aumentando a susceptibilidade para depressão.

Os principais sintomas de depressão incluem insatisfação com as atividades diárias, desânimo e dificuldade de concentração. Estudos recentes indicam ainda que a depressão pode influenciar o sistema imune, a coagulação sanguínea, a pressão arterial, a saúde dos vasos sanguíneos e o ritmo cardíaco, além de tornar maior o risco para alcoolismo, tabagismo e abuso de drogas.

O tratamento pode incluir medicamentos antidepressivos e psicoterapia. Contudo, se o principal fator desencadeante estiver no próprio trabalho, não vai adiantar ficar se entupindo de remédios. O que você tem de fazer é escolher uma entre duas saídas: mudar de vida (p.ex.: no próximo nascer do sol, vá para Arraial D’Ajuda e passe o resto do século vivendo às custas de brisa, artesanato e água de torneira), ou mudar o modo como encara a vida.

Eu prefiro a segunda alternativa. Afinal, a única pessoa que estará com você até o fim é você mesmo. Sem mudar sua natureza, não será possível viver plenamente onde quer que seja. Por isso, se você acredita que seu serviço está lhe causando depressão, recomendo que encare o próximo dia de trabalho com as seguintes recomendações:

- Está se sentindo sozinho, abandonado? Ninguém liga para você? Atrase um pagamento. Ou simplesmente sente-se e pareça muito confortável. Garanto que em menos de 2 minutos surgirá alguém para encher sua paciência.

- Jamais se isole voluntariamente dos outros: se não puder ajudar, atrapalhe. O importante é participar.

- Algumas pessoas desenvolvem depressão devido ao medo de tentar e errar. Não se preocupe tanto. Todos cometemos equívocos. Numa situação de erro, demonstre toda sua magnanimidade e sabedoria colocando a culpa em um colega.

- Os psiquiatras dizem que uma em cada 4 pessoas sofre de algum nível de deficiência mental. Se o clima no seu serviço estiver pesado, procure outros dois amigos mentalmente sadios e vá até a sala do seu chefe tirar uma dúvida qualquer. Como vocês 3 serão os normais, o papel de retardado estatístico sobrará para ele. Se possível, contenham o riso.

- Se nada disso funcionar, a saída pode ser aliviar a tensão através de uma boa atividade física. Recentemente, recebi um excelente relato de como isso funciona. Um conhecido, contratado por uma empresa altamente competitiva, foi chamado pelo gerente no primeiro dia no novo serviço. O chefe explicou:
- Atrás daquela divisória você irá encontrar um saco macio pendurado no teto. Toda vez que estiver se sentindo deprimido com o seu trabalho, arregace as mangas e alivie a tensão dando quantos socos e pontapés você quiser.
- E isso funciona?
- Ô, e como!
- Que legal! Posso ir qualquer dia?
- Sim, qualquer dia. Quer dizer, menos às quartas-feiras.
- Por quê?
- Porque nas quartas-feiras é o seu dia de ficar dentro do saco.



05 novembro 2007

ENTREVISTA NO JORNAL ESTADO DE MINAS - 04/11/07

Clínico geral e escritor Alessandro Loiola acaba de lançar seu terceiro livro, “Para além da juventude – guia para uma maturidade saudável”, pela Editora Leitura. A obra aborda temas como sexualidade, principais doenças e o processo de envelhecimento, entre outros assuntos.

ELLEN CRISTIE - Como surgiu a idéia de escrever este livro? E a quem se destina?ALESSSANDRO - A idéia surgiu como uma necessidade após uma vivência de mais de 10 anos em hospitais, consultórios e pronto-socorros. Vendo as pessoas se equivocarem repetidamente em decisões importantes para a própria saúde, percebi que era preciso fazer uma ponte entre os avanços do conhecimento científico e uma linguagem mais acessível para todos. Definida a essência do livro, é fácil perceber a quem ele se destina: a toda e qualquer pessoa que tenha intenção de se aventurar pelo processo de envelhecimento com lucidez e muita saúde.

ELLEN CRISTIE - Na obra, você fala que algumas pessoas têm idéias mirabolantes para prolongar a vida. A humanidade ainda acredita em fórmulas mágicas capazes de fazer milagres?ALESSANDRO - O desejo do Homem pela imortalidade é provavelmente mais antigo que a própria História. Desde os egípcios e suas múmias, a ânsia pela imortalidade sempre permeou nosso imaginário. E se não podemos nos tornar imortais neste mundo, então pelo menos vamos tentar garantir a qualidade de vida até a última batida do relógio biológico. Infelizmente, na busca pela Fonte da Juventude, alguns terminam se perdendo nas promessas fáceis da pseudociência. Você não precisa se esforçar muito para encontrar pessoas que fazem dietas absurdamente restritivas, ou sites na Internet que afirmam que bebendo sua própria urina você estará desintoxicando seu organismo. É uma pena, um tremendo desperdício de esforço. A fonte da juventude existe. Ela está escondida entre as suas orelhas e atende pelo nome de bom-senso.

ELLEN CRISTIE - Alguns trechos do livro incluem receitas caseiras, enfim, métodos naturais. Por que alguns médicos e pesquisadores têm tanta dificuldade em aceitar estudos que não envolvem a alopatia?
ALESSANDRO - Vivemos cercados de plásticos, colocamos sondas em outros planetas, desenvolvemos comprimidos sintéticos que matam superbactérias. Não é de surpreender que muitas pessoas dêem preferência por soluções mais tecnológicas para os seus problemas. Até mesmo problemas de saúde. Mas colocar a tecnologia acima da natureza é um erro. Não estamos acima da natureza. Somos parte dela. A resistência de alguns médicos e pesquisadores com relação a muitos tratamentos naturais é um reflexo de décadas de sucessos tecnológicos somadas ao apego a certos hábitos. A alopatia foi uma conseqüência do método científico e disseminou-se patrocinada por uma indústria multibilionária, a tal ponto que prescrever remédios parece ter virado sinônimo de ser médico. Tanto o médico quanto o paciente têm aquela sensação de dever cumprido quanto trocam receitas. Mas ser médico é algo um pouco mais amplo que conhecer nomes de caixinhas com comprimidos. É preciso retornar às raízes, se me permite o trocadilho. Precisamos reaprender a aproveitar o melhor destes dois mundos: tanto as ferramentas da tecnologia farmacêutica quanto os recursos que a natureza oferece gratuitamente são importantes para preservar sua saúde. Espero que o livro seja capaz de mostrar este caminho. Pelo menos para quem estiver disposto a enxergá-lo.

ELLEN CRISTIE - Quais devem ser as maiores preocupações para se ter uma vida saudável e chances de viver mais e melhor?

ALESSANDRO - Primeiro: informe-se. O conhecimento necessário para garantir uma vida longa e saudável já está aí, ao seu alcance. Tenha um interesse construtivo por sua própria saúde, mantendo a mente aberta porém sempre crítica. Segundo: mantenha hábitos saudáveis. Não fume, beba com moderação, pratique exercícios leves regularmente, mantenha um bom padrão de sono, alimente-se bem e tente ficar o mais próximo possível do seu peso ideal. Medidas simples como estas são capazes de operar milagres em sua vida. Por último porém não menos importante: encare a vida com satisfação. Ame sua família, curta seus amigos, aproveite cada segundo. Não paute seus dias pela busca incansável pelo sucesso: esse papo de vencer na vida é pura conversa. Quem é que vence de verdade na vida, se todo mundo morre no final? Que tipo de vitória é essa? A verdadeira vitória está em tornar-se uma pessoa melhor, em fazer o bem e colaborar para a felicidade do seu semelhante. Vivendo dessa maneira, certamente você terá uma vida longa e produtiva.

ELLEN CRISTIE - Com o advento dos estimulantes sexuais, por que ainda é tão difícil conversar sobre sexo com os idosos?ALESSANDRO - Há algum tempo, fui convidado para uma palestra em um encontro nacional da terceira idade. O tema: sexualidade na terceira idade. E vou lhe contar uma coisa: foi uma das palestras mais animadas e recompensadoras que já participei! Não é difícil conversar sobre sexo com os idosos, de modo algum. O problema é que, mesmo após toda a revolução nos hábitos e costumes de vida ocorrida ao longo do Século XX, ainda existe uma imagem generalizada de que pessoas na Terceira Idade não se interessam por sexo ou não possuem qualquer desejo sexual. A própria sociedade mantém uma idéia muito negativa sobre a sexualidade nesta faixa etária e não aceita bem atitudes de cunho sexual em indivíduos idosos. Se alguém com mais de 65 anos de idade insinuar possuir desejo sexual, logo aquela pessoa é rotulada com algum distúrbio de comportamento e orientada a procurar tratamento médico. Uma bobagem. A maioria dos adultos na Terceira Idade se interessa por sexo e muitos levam vidas sexualmente ativas. Pesquisas baseadas em entrevistas mostram que mais de 70% das mulheres e dos homens com idade superior a 60 anos se envolvem em alguma forma de relação sexual pelo menos uma vez por semana.

ELLEN CRISTIE - A curto e médio prazo, quais são os principais avanços que podemos antever com relação à medicina?
ALESSANDRO - Nas próximas décadas, os transplantes, as próteses biomecânicas e as pesquisas com nanotecnologia e células-tronco certamente oferecerão ganhos substanciais em termos de preservação da saúde e da qualidade de vida.

ELLEN CRISTIE - Há várias pesquisas que indicam que as mulheres são muito mais cuidadosas do que os homens quando o assunto é ir ao médico. Isso é um dos motivos que pode explicar a maior longevidade das mulheres?
ALESSANDRO - Certamente. Mas os homens não devem levar a culpa sozinhos: ela deve ser dividida com os órgãos e instituições públicas que cuidam da saúde. Existem inúmeras campanhas maciças de promoção da saúde feitas sob medida para o público feminino, como cuidados com a gestante, orientações contra osteoporose e campanhas de exames preventivos para câncer no colo do útero e nas mamas... O público masculino adulto não aparece ou aparece apenas timidamente nas políticas de saúde pública. No final das contas, a atitude cuidadosa com a saúde obedece a uma relação de causa-efeito: basta estimular por um certo tempo e de forma adequada um determinado grupo, e ele irá agir de modo correspondente.

ELLEN CRISTIE - Com que idade devemos começar a nos preocupar com a questão do envelhecimento e suas conseqüências? O que fazer?
ALESSANDRO - Começamos a envelhecer a partir do momento em que deixamos o útero materno, e o processo segue a uma velocidade constante de 60 minutos por hora, até o fim da vida. O envelhecimento é uma conta que iremos pagar no futuro, então quanto mais cedo você começar a tomar cuidado com as promissórias que anda assinando, melhor.

ELLEN CRISTIE - O câncer ainda é o maior terror da nossa sociedade. Por que?ALESSANDRO - Por medo e ignorância. Temos uma idéia generalizada de que um diagnóstico de câncer seja igual a uma sentença de morte. Não é bem assim: sua certidão de nascimento é igual a uma sentença de morte. O resto são conseqüências. A bem da verdade, estatísticas e pesquisas no mundo todo mostram que estamos vencendo lentamente a guerra contra o câncer: nas últimas duas décadas, a incidência de novos casos vem diminuindo 0,8% por ano, em grande parte graças às campanhas para redução do tabagismo e detecção precoce de novos casos da doença. O segredo para superar o terror do câncer se chama informação. Através da informação, você pode identificar os fatores que aumentam suas chances de desenvolver um tumor maligno e o que pode ser feito para diminuir os riscos. A informação também permite que você participe de um modo mais ativo na escolha dos tratamentos e compreenda como agir para diminuir seus efeitos colaterais.

27 outubro 2007

DONA MARIA ARTRITE E SEUS QUILINHOS INVENCÍVEIS

© Dr. Alessandro Loiola


Passei na enfermaria para dar alta a uma conhecida de longa data que havia sido internada por infecção nos rins. Apesar dos remédios terem funcionando muito bem e a infecção ter sido curada, Dona Maria se recusava a ir para casa.

- Mas como é que eu vou embora assim cheia de dores, doutor?
- Cheia de dores onde, Maria?
- Olhe meus joelhos como estão! E meus tornozelos! – e se esticou sentada e balançando na beirada da cama, alternando uma massagem leve sobre uma perna e então a outra.
- Dona Maria, há quanto tempo a senhora faz acompanhamento comigo?
- Ah, doutor, tem uns anos já, né?
- Tem uns anos realmente. E durante esses anos, qual sempre foi nossa maior briga? Ela ainda tentou desviar os olhos, mas como desviar os ouvidos?
- Maria, você tem o quê... 1,45m de altura... ou um pouco menos. E da última vez estava pesando mais de 80 Kg. Isso somado aos seus 60 anos de idade, só poderia resultar nessa artrite aí. A pergunta, Maria, é: o que você irá escolher? Perder peso e ficar com a perna, ou perder a perna e ficar com o peso?
- Ah, doutor, mas emagrecer é tão difícil... eu já tentei e não consegui. O senhor bem que poderia me dar pelo menos um remédio pra acabar com essas artrites de uma vez por todas...

Como não tenho especialização em Curandeirismo Milagroso, Dona Maria terminou mesmo indo embora com sua artrite parcialmente medicada, mas não resolvida. E sei que logo ela estará chegando no consultório reclamando novamente das pernas e dos quilinhos invencíveis. Afinal, em um mundo que se acostumou a tantos confortos, quase ninguém quer um pouco de esforço.

A Artrite afeta cerca de 1 em cada 5 pessoas por volta dos 60 anos. O problema é mais comum nas mãos, nos joelhos e no quadril, e os sintomas podem variar desde inchaço leve até dor intensa e incapacitante. No início da doença, a dor ocorre apenas durante o esforço, aliviando com o repouso. Contudo, com a evolução do distúrbio, a dor passa a ocorrer até mesmo durante o repouso.

O excesso de peso é um dos fatores de risco mais importantes para algumas formas de artrite. Os quilos a mais colocam um estresse extra sobre as articulações que sustentam o corpo, tais com joelhos e quadris. Pesquisas mostraram que mulheres obesas que emagreceram também experimentaram uma redução substancial no desenvolvimento de osteoartrite nos joelhos. Ainda, na presença de osteoartrite em um joelho, a redução de peso ajuda a diminuir a chance de ocorrência da doença no outro joelho.

Infelizmente, não existe um tratamento único que possa ser aplicado a todas as pessoas com artrite, mas algumas medidas simples parecem funcionar em boa parte dos casos:

- Aplicação de calor e gelo: a decisão de utilizar calor ou gelo depende do tipo de artrite e deve ser discutida com o médico. Compressas de calor no local afetado por cerca de 15 minutos aliviam a dor, mas não o inchaço. Por outro lado, compressas geladas reduzem tanto o inchaço quanto a dor, mas não devem ser utilizadas em pessoas com de problemas de circulação.

- Talas, tipóias, bengalas e andadores são úteis para aliviar a sobrecarga de peso sobre as articulações, mas não eliminam a necessidade de reduzir as gordurinhas em excesso.

- Quando aplicada adequadamente e por pessoa habilitada, uma boa massagem é capaz de aumentar o fluxo sanguíneo e relaxar a área afetada. O mesmo efeito analgésico pode ser obtido com acupuntura, natação, caminhadas e exercícios de alongamento.

- Alguns suplementos naturais, como cobre, zinco, condroitina, glucosamina, metionina, selênio, bromelina, alcaçuz, bardana e cinco-folhas, entre outros, são extremamente úteis para estimular a recuperação das articulações afetadas. Mas vale a lembrança: medicamentos naturais devem ser empregados sempre sob orientação especializada.


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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

25 outubro 2007

LIVRO E RESILIÊNCIA

Queridos amigos e amigas,

após meses de perseverança, pesquisa e muito trabalho, é com enorme prazer q comunico a vocês o lançamento do livro PARA ALÉM DA JUVENTUDE - GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL, através do site da Editora Leitura.

Mais informações sobre o livro podem ser obtidas através do meu álbum no orkut ou através do próprio site da Editora Leitura.

Acreditem: é uma alegria e uma honra ainda maior poder compartilhar este momento com vcs.

Deixo-os agora com a crônica de hoje, que fala justamente sobre como desenvolver a resistência frente às adversidades.

Um forte abraço,

Dr. Alessandro Loiola.

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DESENVOLVENDO A RESILIÊNCIA

© Dr. Alessandro Loiola


Toda vez que duas áreas da ciência conversam, nasce algo de novo e interessante. Foi assim quando a Engenharia encontrou a Medicina, e ambas produziram ferramentas diagnósticas de enorme utilidade como a ultra-sonografia e a tomografia computadorizada. Recentemente, a Psicologia dialogou com a Física e descobriu um conceito muito versátil: Resiliência.

Para entender o que é Resiliência, é preciso antes compreender os tempos em que vivemos. Segundo Woody Allen, “nunca antes na história da humanidade as pessoas se viram frente a tantas encruzilhadas: alguns caminhos levam ao desespero, outros à desesperança, e outros à extinção completa da raça humana. Vamos rezar para que a sabedoria nos permita fazer a escolha certa”.

Esta sabedoria se chama Resiliência. Na Física, Resiliência é a quantidade de energia que um material é capaz de receber antes de se deformar de maneira irreversível. Na Psicologia, Resiliência virou a capacidade de ter coragem para mudar o que pode ser mudado, serenidade para aceitar o que não podemos resolver, e inteligência para diferenciar uma situação da outra.

Os cientistas calculam que o desenvolvimento da Resiliência é capaz de reduzir em até 75% o risco de problemas cardíacos. Contudo, o maior obstáculo está na resposta instintiva de “luta ou fuga”: pessoas acostumadas a viverem no limite podem achar a idéia de Resiliência um sinal de fraqueza, resistindo (mesmo que inconscientemente) às medidas de controle do estresse.

Se você quiser vencer seu instinto e tornar-se um mestre na arte da Resiliência, basta seguir alguns passos simples. Anote aí:

IDENTIFIQUE A FONTE DE ESTRESSE

Anote em um diário tanto as experiências negativas quanto as positivas. Após uma ou duas semanas, você será capaz de identificar as 3 principais situações estressantes de sua vida. Veja o que pode ser feito para eliminá-las de sua agenda.

REESTRUTURE AS PRIORIDADES

Nem sempre é possível ou prático eliminar todas as situações estressantes. Nestes casos, a saída é aumentar o peso do lado positivo, priorizando as atividades que lhe dão prazer.

Pequenas decisões ao seu favor podem ser o bastante para construir uma existência menos estressante e muito mais produtiva: não abra mão dos seus finais de semana ou férias. Utilize suas horas de folga para planejar passeios (e faça-os !). Guarde alguns minutos todo dia para fazer absolutamente nada. Uma vez por semana, saia do cardápio e coma uma guloseima, etc.

AJUSTE SUA RESPOSTA

As pesquisas mostram que todos podem aprender a dosar o padrão de reação emocional ao estresse.

Por exemplo, no bar beira de praia, ao receber sua porção, não se exalte. Comente para o cozinheiro enquanto cospe para o lado: “rapaz, os caranguejos estão tão frescos que ainda dá pra sentir o gosto da areia neles!”.

UTILIZE TÉCNICAS DE RELAXAMENTO

Tudo bem, você ameaçou perder as estribeiras quando o cozinheiro lhe trouxe uma colher e disse sorrindo, apontando para a casquinha de siri: “é pro senhor comer os grãos mais sossegado”. Não quebre o quiosque todo ainda: tente algumas técnicas de relaxamento antes.

Respirar fundo aumenta a oxigenação do cérebro e reduz os batimentos cardíacos. Inspire e expire lenta e profundamente pelo nariz, enquanto conta até dez. Repita o exercício até que a imagem do cozinheiro sendo estrangulado desapareça de sua mente.

ACEITE AJUDA

Ter uma boa rede de amigos é essencial. Por exemplo: vai que o cozinheiro dá dois de você? Impossível estrangular o cabra sozinho, sob o risco de ser preparado por ele feito um Peroá bem na frente das crianças.

As pesquisas mostram que a maioria das pessoas Resilientes possui muitos amigos. Afinal de contas, se fosse para você resolver todos os problemas do mundo sozinho, para que haveria tanta gente espalhada por aí? Não tenha medo de pedir ajuda – a surpresa conta a seu favor.
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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

15 outubro 2007

EM TERRA DE CEGO

© Dr. Alessandro Loiola


Microempresário, 59 anos de idade, José Antônio chegou trazendo o pacote habitual de obesidade, hipertensão, diabetes e sedentarismo. Com um bônus óbvio: disfunção sexual.

Separado há alguns meses, arrumara uma menina nova, “um filé, doutor”, entretanto...

- Essa semana fomos a um motel e o senhor sabe como é... – disse o José, olhando firme para as próprias mãos cruzadas sobre a mesa, talvez esperando que eu dissesse “sim, eu sei”, mas eu lá sabia de coisa alguma? Não sou de ficar monitorizando pacientes em motéis, não.

– Então... ficamos naquele rala e rola e... nada. Quer dizer, na mente eu até queria e muito, mas o equipamento não correspondia às expectativas, entende?

Agora sim, entendia perfeitamente. E agradeci mais uma vez à natureza por tornar o “equipamento” masculino tão sensível a outras alterações da saúde. Porque, se não fosse o fantasma da impotência sexual, a maioria dos homens não passaria a menos de 60 Km do consultório médico mais próximo.

Após o exame clínico com direito até à furada no dedo para aferição da glicose, tentei explicar ao José que o problema não estava lá embaixo. O problema estava em todo canto.

- Zé, você está pelo menos uns 30 Kg acima do seu peso e sua glicose bateu em 220. Isso para não falar da pressão arterial de 210 por 130. A combinação destes ingredientes pode resultar em várias coisas, desde derrame até infarto fulminante. Felizmente, no seu caso, o sintoma de alarme foi um problema na ereção. Dos males, o menor.

- Mas eu peso isso desde novo, doutor, e nunca sofri com problemas de desempenho. Tudo bem, minha pressão sempre foi um pouco mais para alta mesmo, mas eu mantenho tudo sob controle só com dieta, há muito tempo.

Foi nesse ponto que eu tive que explicar melhor ao José a verdade crua que se esconde por trás do conceito abstrato de Tempo, e das conseqüências das escolhas que fazemos enquanto ele passeia pelo relógio.

Imagine o descaso com seu corpo como uma goteira pingando bem no meio da sala. Ao invés de consertar a bendita goteira, você decide tomar a mesma medida equivocada que 13 de cada 10 pessoas costumam tomar quando o assunto é a própria saúde: você coloca um copo para evitar que o pinga-pinga molhe seu precioso sofá de couro. Mas com o passar das horas, o copo irá encher. Não na primeira ou na segunda gota, mas eventualmente o caldo irá entornar. Acontece exatamente o mesmo com os abusos que você comete contra sua saúde.

O cigarro, os excessos alcoólicos, a gordura e até mesmo o rancor, o remorso e a ansiedade são todos goteiras, notas promissórias que você terá que pagar um dia. Para manter-se na crista da onda você deve evoluir, abrir mão do balde debaixo da goteira, diminuir suas dívidas futuras, evitar a filosofia do “deixar como está para ver como é que fica”. A cada nova década, o Tempo lhe entregará um novo corpo. Adapte-se a ele, aos seus limites, características e exigências.

Tome como exemplo o cérebro. Entre os 20 e os 65 anos de idade, perdemos cerca de 10 bilhões de neurônios. Felizmente, esta redução do número de células cerebrais é compensada pelo aumento no número de conexões que elas fazem entre si. Em outras palavras, a natureza compensa o encolhimento do cérebro com uma coisa chamada Aprendizado, que eventualmente deságua em Sabedoria.

Se você insiste em fazer vista grossa para as promissórias que continua assinando, abrindo mão do seu potencial de evolução em cada batida do relógio, então os anos estão passando em vão e você corre o risco de terminar como aquele marido, resmungando na frente do espelho:

- Estou me achando tão velho e acabado... Ei, você bem que podia dizer alguma coisa pra me alegrar, né?

E sua mulher lhe responderá sem tirar os olhos da novela na TV:

- Ora, sua visão continua ótima, querido!


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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

30 setembro 2007

DOS ACELERÔMETROS À SERENDIPIDADE

© Dr. Alessandro Loiola


Não vendo nem represento empresas de eletroeletrônicos, mas sou obrigado a lhe perguntar: você sabe o que é Wii? (Se pronuncia como os franceses dizem sim: uí). Disfarçado de videogame, o Wii é o prenúncio de uma revolução camuflada de brincadeira.

Funciona assim: o controle sem fio do Wii possui sensores especiais chamados Acelerômetros que captam as ações do jogador em 3 dimensões (linear, vertical e de rotação), transferindo-as para o ambiente do jogo na TV. Para arremessar uma bola de boliche durante uma partida, por exemplo, você deve ficar de pé em frente à tela, que exibe uma pista e todos os respectivos pinos, e arremessar sua bola virtual fazendo os movimentos de uma partida de boliche real.

O mesmo princípio vale para jogos de golfe, duelos de espada e lutas de boxe. Em todos eles, você se movimenta de verdade, ao invés de apenas ficar esparramado no sofá apertando botões e ganhando tendinites. Mas o taco de golfe, a espada e a bola de boliche têm o peso de um pequeno controle remoto dotado de acelerômetros. Nada de força física. Apenas habilidade.

A tecnologia que desaguou no Wii não é nova. Desde a década de 1990, a indústria automobilística vinha utilizando acelerômetros para avaliar acidentes e desenvolver airbags mais eficazes. No cinema, técnicas similares são empregadas há vários anos para animar personagens virtuais - vide o extraordinário Tom Hanks digitalizado no filme O Expresso Polar.

Apesar dos jogos utilizando a tecnologia Wii terem sido lançados há cerca de 1 ano, o preço limitou sua popularização do lado de cá da Linha do Equador. Na banda de cima do Globo, contudo, a história é diferente e recentemente a tecnologia Wii começou a conquistar um público no mínimo curioso.

Jornais como o Dailly, um periódico produzido por estudantes da Universidade de Washington (EUA), e o prestigiado Chicago Tribune vêm dedicando páginas ao “fenômeno Wii” entre americanos com mais de 60 anos.

Não é difícil perceber o atrativo dos jogos Wii para a Terceira Idade. Eles reúnem - em um só pacote - entretenimento de fácil aprendizagem, sociabilização em um ambiente alegre e dinâmico, e possibilidade de movimentação ativa sem sobrecarga de peso. Em outras palavras: um prato cheio para festas animadíssimas! Precisa mais? Sim, precisa: o Wii aguarda ansiosamente a chegada da Serendipidade.

O termo Serendipidade é aplicado para designar descobertas acidentais feitas graças à criatividade de pessoas extraordinárias. Por exemplo: a descoberta da penicilina em 1928, pelo bacteriologista Alexander Fleming, ocorreu pela observação cuidadosa de um acidente de laboratório. Outros exemplos de Serendipidade incluem as vacinas, a pílula anticoncepcional, o cateterismo cardíaco e o famoso Viagra.

O Wii é um terreno fértil para a Serendipidade. Ele pode ter começado seus dias com octogenários lutando boxe no meio da sala e netos entusiasmados gritando “vai vovó, dá um direto de esquerda nele!”, mas podemos ir além. Muito além.

Pense em cadeiras de rodas Wii e computadores acionados com discretos meneios de cabeça. Casas Wii onde os moradores regulam desde o canal da televisão à altura do fogo no forno e a temperatura da água no chuveiro com um controle remoto universal capaz de compreender movimentos simples desenhados no ar. Tente imaginar o impacto destes avanços na vida de pessoas portadoras de deficiências.

Hoje, artríticos e cardíacos podem disputar campeonatos de golfe através de consoles Wii, exercitando sem acúmulo de esforço, liberando endorfinas e melhorando sua qualidade de vida. Logo os acelerômetros estarão estimulando obesos sedentários a andar, correr e dançar, reduzindo seu risco cardiovascular. Jogos Wii poderão tornar a reabilitação menos penosa para vítimas de derrame ou acidentes, ou pessoas submetidas a cirurgias articulares, potencializando a recuperação. As aplicações desta tecnologia em saúde tendem ao infinito.

Dizem que o futuro costuma chegar sem aviso. Prefiro acreditar que, algumas vezes, ele manda sim seus sinais. Até mesmo na imagem de um grupo de velhinhos rindo e se divertindo pra valer em uma inocente partida de boliche virtual.
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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

3a semana de Biomedicina - Faculdade Pio XII / ES

Clique sobre a imagem para ver o pôster ampliado.


12 setembro 2007

A ERA DE UM MINUTO

© Dr. Alessandro Loiola


Antibióticos que matam infecções até na casa do seu vizinho, células-tronco que curam o incurável, cirurgias complexas feitas com incisões mínimas. Os avanços médicos seguem em uma progressão alucinante, como se a fonte da juventude estivesse na próxima esquina. E a próxima esquina nunca pareceu estar tão próxima.

Durante uma dessas avalanches de notícias científicas, me dei conta de algo incômodo. Percebi que, para além da Era dos Milagres da Biotecnologia, estamos correndo a toda velocidade na Era de 1 Minuto. Este padrão de conduta – quase uma seita - vem se impregnando profundamente em nosso comportamento.

Por exemplo: sabe o que faz com que os chefes troquem os funcionários que ainda não se adaptaram por funcionários novos que não se adaptaram ainda? Exatamente, ela, a Era de 1 Minuto. A essência está na rapidez: o sujeito deve vir acabado, sem bordas ou arestas, prontinho para ser colocado na engrenagem.

A Era de 1 Minuto também vem estendendo seus tentáculos na vida conjugal. Os casamentos parecem durar menos que a Lua de Mel. Você mal se encontrou nas fotos da festa – “puxa, olha como eu estava mais magro!” - e eles já estão terminando tudo porque ela ronca ou faz barulho quando mastiga, ou ele não corta as unhas do pé ou conversa apontando com o garfo durante as refeições.

Inebriados pela filosofia desta nova Era, os jovens casais querem encontrar no outro uma sandália que não desgasta, não tem cheiro e não solta as tiras. E, de preferência, que esteja (sempre) à disposição para uma massagem relaxante no final do dia. Se não for assim, bom, paciência. A fila anda. Que venha o próximo pretendente a cônjuge-minuto.

A Medicina não poderia passar impune. Na verdade, ela está repleta de queixas e sindicâncias contra médicos que não resolveram o problema do paciente utilizando as fantásticas técnicas da Era de 1 Minuto. Para quem olha de fora, médico bom é o que resolve rápido – nem que seja com altas doses de Charlatanicina associada a Embromanol. Para quem olha de dentro, a impressão que fica é de que a relação médico-paciente está fugindo da construção de um compromisso no longo prazo e se aproximando de um prato instantâneo de Miojo. Sem molho.

As pessoas passam anos empurrando a hipertensão arterial com a barriga empanzinada de sedentarismo, acham que sobrepeso é sinal de prosperidade e acreditam piamente que diabetes é aquela doença que só dá nos outros. Um belo dia, ao receberem uma receita com a conta dos anos de maus tratos ao próprio corpo, a ficha cai. “Toca aí para o consultório rápido, seu motorista, que eu tenho que resolver isso hoje sem falta !”.

O sempre genial Millôr Fernandes uma vez escreveu que o defunto é o produto final da humanidade. Nós, vivos, somos apenas a matéria-prima. Moral da história à parte, é verdade que passamos décadas nos preocupado demais com coisas que jamais acontecerão, e deixamos de prestar a devida atenção às sementes que plantamos no caminho. No derradeiro instante em que tomamos consciência, queremos tudo resolvido de imediato. Pois bem: esqueça as saídas mágicas no último minuto. Ninguém virá lhe resgatar milagrosamente de suas próprias escolhas. Acredite ou não, a isso se chama responsabilidade.

Cuide-se, seja vigilante com sua saúde, ame intensamente sua família, viva sem preguiça, mas também sem pressa de viver. E fuja das promessas da Era de 1 Minuto. Mesmo quando concretizadas, elas não duram muito mais que isso.

A ânsia dos habitantes do mundo moderno, que querem ver todos os seus problemas – desde os financeiros até os de saúde – resolvidos num piscar de olhos, me lembrou uma pequena parábola Oriental. Uma certa tarde, o jovem discípulo foi acometido de uma intensa infecção intestinal e correu ao único banheiro do mosteiro, mas encontrou-o ocupado pelo seu Mestre. Muito respeitoso e segurando a duras penas seus esfíncteres, o discípulo perguntou apressado:
- Mestre, quanto tempo é 1 minuto?
O mestre pensou, pensou, e respondeu lá do trono com toda paciência:
- Meu filho, 1 minuto pode ser a eternidade.
- E o que é a eternidade, mestre?
- Você saberá em 1 minuto...

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

DUAS COLHERES DE SORRISO, VÁRIAS VEZES AO DIA

© Dr. Alessandro Loiola


O médico Thomas Sydenham disse, lá pelo Século XVII, que a chegada de um bom palhaço causa mais influências benéficas à saúde de uma cidade que vinte carroças cheias de medicamentos. O célebre Voltaire tinha idéias semelhantes quando afirmou que a arte da medicina consiste em manter o paciente alegre e sorrindo enquanto a natureza faz a sua parte.

A ciência está começando a confirmar que rir faz um bem danado à saúde. Rindo perante os desafios, você sai do medo paralisante e enxerga mais claramente todas as suas alternativas. Durante o riso, o cérebro libera neurotransmissores que aumentam o nível de alerta, a capacidade de concentração e diminuem a sensibilidade à dor.

Uma boa risada estimula os músculos da face, do abdome e o diafragma. Dependendo da sua animação, a sacudida pode chegar aos músculos dos braços e das pernas. Rir também ajuda no controle da pressão arterial, protege o coração, aumenta a oxigenação do sangue e estimula células estratégicas no sistema de defesa, chamadas Natural Killers, responsáveis pelo combate às células cancerosas. Os cientistas descobriram que assistir vídeos de comédia eleva os níveis de anticorpos na saliva, aumentando a proteção contra infecções como resfriados.

Os bebês começam a rir por volta da 10ª semana de vida. Com 4 meses, eles riem uma vez a cada 1 hora, em média. Aos 4 anos, rimos uma vez a cada 4 minutos – ou 360 vezes por dia. Infelizmente, quando atingimos a idade adulta, passamos a rir menos de 15 vezes por dia. Parte disso é influência da cultura, que estimula o comportamento sóbrio, mas parte é nossa culpa. É preciso mudar. Afinal de contas, risadas não são um remédio difícil de engolir.

Para melhorar seu humor, recomendo incluir as seguintes recomendações no seu dia a dia:

1) Exagere na projeção dos seus anseios. Isso ajuda a ter uma idéia exata do tamanho das nossas tolices. Por exemplo: o vendedor lhe convenceu que, sem aquela maravilhosa TV de plasma de 500 polegadas, sua vida não tem mais propósito algum. Isso apesar do preço da TV ser maior que a venda dos seus dois rins. O que fazer? Saia e dê uma passada na seção de piadas da livraria mais próxima. Folheie alguns exemplares por alguns minutos e então retorne à loja, mais calmo. Procure o vendedor e pergunte: “Você aceitaria uma córnea de entrada e o fígado em suaves parcelas?”

2) Treine seus sentidos para perceber o humor escondido nos lugares mais inesperados: nas coisas que as crianças dizem e escrevem, nas situações constrangedoras que você irá se envolver durante o dia, naquela piada que seu chefe está contando pela quarta vez esta semana, etc.

3) Piadas. Ao ouvir uma boa piada, escreva-a em um pedaço de papel e guarde consigo. Conte-a para cinco pessoas assim que puder. Se forem 5 pessoas que não ouviram a piada junto com você da primeira vez, melhor. E ria bastante das piadas dos seus amigos. Eles se sentirão melhor e você parecerá mais simpático, facilitando quando for pedir dinheiro emprestado.

4) Interaja ! No banheiro, depois de certificar que as visitas e aquele seu parente metido à psiquiatra não estão por perto, posicione-se na frente do espelho e faça caretas pra você mesmo. Com o mesmo cuidado para não ser confundido com um fugitivo do manicômio mais próximo, converse e ria com estranhos no elevador, no ponto de ônibus, na fila da padaria. Brinque com as crianças feito uma criança.

5) Tenha um animal de estimação e divirta-se com ele. Não, trazer sua sogra para dentro de casa e ensiná-la a buscar o jornal na portaria não é um começo, mas mostra que você está perto de entender o conceito.

6) Uma vez, eu disse a um paciente: o senhor continua sentindo suores, aceleração dos batimentos cardíacos ou fadiga durante a noite? “Só quando dou sorte com a patroa, doutor” – ele respondeu. Moral da história: não economize esforços na sua busca pelo lado cômico da vida. Perdeu contato com aquele seu amigo engraçado? Procure no catálogo telefônico, na Internet, freqüente sessões espíritas, se preciso.

7) A morte faz parte da existência desde o surgimento do primeiro ser vivo. Mas você não morreu ainda, certo? Então aproveite!

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

01 setembro 2007

CONDILOMATOSE

© Dr. Alessandro Loiola


Eu já estava queimando os últimos neurônios tentando entender porque aquele sujeito havia marcado uma consulta - afinal, ele negava tudo quanto era sintoma e parecia desfrutar do mais perfeito estado de saúde. Passaram-se vários e vários minutos até que ele criasse coragem, soltando o verbo: estava com “verrugas genitais”. Ah, agora a enrolação fazia sentido.

Um exame rápido e percebi que ele não estava com uma verruga qualquer, mas com uma condilomatose tipo figura de livro, pra estudante de medicina nenhum deixar de fazer o diagnóstico.

A condilomatose é uma doença causada pelo Papiloma Vírus Humano, ou HPV, e se caracteriza por pequenas verrugas indolores na região genital e perianal. Coceira ou irritação local raramente ocorrem, mas em pessoas com alterações no sistema de defesa, a condilomatose pode crescer rapidamente e envolver áreas extensas.

O HPV é altamente contagioso. Aproximadamente 2/3 das pessoas com relato de contato íntimo com alguém infectado pelo HPV desenvolvem condilomatose nos 3 meses seguintes, resultando em milhões de novos casos a cada ano.

As mulheres sexualmente ativas com idade inferior a 25 anos apresentam os maiores índices de infecção pelo HPV, mas o problema também pode acometer crianças e até bebês, devido à exposição durante o parto. Entretanto, a presença de verrugas genitais em uma criança deve levantar sempre a possibilidade de abuso sexual infantil.

Existem vários tratamentos para a Condilomatose e nenhum é considerado superior ao outro. A estratégia é eliminar o máximo de lesões visíveis, até que o sistema imune seja capaz de eliminar definitivamente o vírus (a maioria dos casos de Condilomatose regride espontaneamente após um certo tempo).

A escolha por um ou outro tratamento dependerá da experiência pessoal do médico, do estágio da doença, do comportamento sexual da pessoa e do estado do seu sistema de defesa, entre outros fatores. Em todos os casos, é recomendável fazer uma reavaliação após 3 e 6 meses de tratamento para detectar e tratar precocemente possíveis recidivas.

A principal medida para evitar o HPV continua sendo a prática sexual segura, utilizando corretamente preservativos e evitando a promiscuidade. Em 2006, foi disponibilizada uma vacina que protege contra os principais tipos de HPV, mas o esquema não oferece proteção para quem já se encontra infectado pelo vírus.

Felizmente, apesar de extensa, a doença do nosso amigo do começo da crônica respondeu bem ao tratamento e ele escapou por pouco de repetir a história de um outro que, também acometido por uma baita condilomatose, recebeu a sentença do velho médico generalista em sua cidade natal:

- Infelizmente, nesse estágio não tem mais cura. Vamos ter que cortar!
Sem acreditar, o homem foi em busca de um profissional mais jovem na cidade vizinha, mas o diagnóstico foi o mesmo. Deprimido, decidiu consultar um renomado (e caríssimo) especialista na cidade grande. Depois da consulta paga e algumas horas na sala de espera, o figurão recebe o paciente e olha bem pro rapaz, e olha pro equipamento, e diz tirando as luvas:
- A boa notícia é que você não vai precisar cortar coisa alguma fora.
O sujeito nem acredita: seu pesadelo acabou!- Então existe um tratamento para isso, doutor?
- Não, não. Mas não precisa cortar. Vai cair sozinho.

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

25 agosto 2007

DOUTOR CONSULFONE

© Dr. Alessandro Loiola


É possível que um dos casamentos mais antigos entre a Medicina e a tecnologia de comunicação tenha sido o Consulfone, aquela consultinha rápida que algumas pessoas adoram fazer pelo telefone.

- Desculpa te importunar com isso, mas fiquei preocupado e... – segue um imbróglio de sinais e sintomas que cobre desde a primeira lembrança da tenra infância do sujeito até sua lista de compras na feira do dia.

Em alguns casos, o Consulfone resulta em orientações úteis, mas nem sempre é assim. Algumas edições são verdadeiros testes mediúnicos:

- É minha avó, doutor, ela tá com uma queimação atrás da orelha, o que acha que pode ser?

Como assim, o que eu acho que pode ser ? Uma queimação atrás da orelha??

– Olha, tantos anos depois da faculdade, nem lembro mais onde deixei meu jogo de búzios baianos legítimos... Pode aguardar um minutinho?

Outros ligam para dar um nó no cérebro da gente. Entre o caminho de um hospital a outro, toca o celular. Encosto o carro, atendo e paro para ouvir:

- Ontem assisti uma reportagem sobre câncer e, como tenho sentido um comichão no dedo médio do pé esquerdo, pensei em ligar e perguntar: o que você acha da fitoterapia para queda de cabelos?

Pronto. Vou levar uns 10 minutos até lembrar como engato a primeira marcha. E mais uns 20 até descobrir que rua é essa mesmo...?

O Consulfone mais recente foi de alguém da família querendo tirar dúvidas sobre Cistite. Mulher, meia idade, com mais uma crise de inflamação na bexiga.

- Quero saber porque vivo tendo isso, você pode me explicar?

Como senti que ela estava a um passo de retornar ao médico que a havia consultado para parti-lo ao meio com a caixa de antibióticos, enveredei pela ciência.

As infecções urinárias baixas, particularmente as Cistites, são bastante comuns em mulheres. Cerca de 20% delas sofrerão pelo menos 1 episódio ao longo da vida. Ainda não se sabe ao certo o porquê da preferência das Cistites pelo sexo feminino, mas existem fortes suspeitos. Por exemplo, o canal de saída da urina (a uretra) é duas vezes mais longo nos homens e seu orifício de abertura, mais amplo nas mulheres, facilitando a contaminação da urina por bactérias - e o maior número de Cistites - entre Elas.

As características da uretra feminina também facilitam a contaminação da urina após o intercurso sexual. Este tipo de infecção é tão comum que possui até um apelido: Cistite da Lua de Mel.

Dor ao urinar, mudança na cor e no odor típico da urina são as principais manifestações da Cistite. O diagnóstico pode ser feito através de um exame de urina de rotina. Contudo, qualquer pessoa com relato de mais de duas infecções urinárias em 6 meses ou mais de 3 infecções em 1 ano deve realizar exames especializados para avaliar fatores predisponentes, tais como doenças sexualmente transmissíveis, pedras nos rins ou má-formação nas vias urinárias.

Em homens, a cistite pode significar ainda a presença de obstrução na via de saída da urina, sendo necessário avaliar a possibilidade de alterações na próstata.

A Cistite deve ser tratada com analgésicos, antibióticos específicos e orientações sobre higiene: urinar imediatamente após o ato sexual ajuda a eliminar bactérias que possam ter alcançado a bexiga, diminuindo o risco de cistite. O suco de Cranberry, um tipo de uva muito comum na América do Norte, também provou ser um recurso natural eficaz para reduzir a incidência de Cistite.

- Enfim, converse calmamente com seu médico – disse, terminando o Consulfone familiar convencido de que este recurso pode ser reconfortante para alguns, mas jamais irá substituir o bom e velho exame clínico realizado ao vivo e em cores.

O paciente de um colega médico, que parecia compreender a importância disso e do quão desconfortável é ficar realizando Consulfones à distância, ligou para ele bem no meio da madrugada:
- Alô...
- Doutor, quanto o senhor cobra por uma consulta aqui em casa?
- Hein? Hum... Duzentos reais.
- E por uma consulta no seu consultório?
- Cem reais.
- Tá bem. – o sujeito fez uma rápida pausa e completou, muito solícito – A gente se encontra daqui a 15 minutos lá no seu consultório.

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

14 agosto 2007

NADA MENOS QUE MAIS UMA GOTA

© Dr. Alessandro Loiola


Ele entrou no consultório andando torto como deve andar um Curupira. Os pés não estavam para trás, mas precisei dar uma boa olhada para confirmar isso.
- É doutor, dessa vez a pelada me pegou de jeito. O pé direito tá me matando – foi tirando o sapato com aquela cara de sofrimento digna de um Oscar.
- Pisaram em cima? Caiu, torceu...?
- Nada, nada. Joguei bola ontem, tudo certo. Beliscamos uns petiscos, tomamos umas depois, fui para casa em paz e acordei com esse despertador aí latejando – apontou para o dedão vermelho e inchado.

Nenhum sinal de deslocamento, radiografia sem fratura. Passei os remédios de praxe e pedi alguns exames. No dia seguinte ele voltou, menos Curupira que no dia anterior. Entregou os resultados e sentou feito um menino enquanto o pai checa o boletim do semestre.
- Rapaz, sabe aquele bife suculento do almoço?
- Sim.
- Pois ele estava cheio de Purinas.
- Purinoquê?
- Purinas. São substâncias presentes nos alimentos, especialmente carnes. A digestão das purinas resulta na produção de ácido úrico. Normalmente, o corpo é capaz de eliminar o excesso de ácido úrico, mantendo a concentração sangüínea abaixo de 7 miligramas por decilitro.
- Certo.
- Em algumas circunstâncias, o organismo produz uma quantidade muito grande ou perde a capacidade de eliminar o ácido úrico produzido em excesso. Como quando a gente como carnes em excesso, desidrata ou toma umas cervejas além da conta.
- Humm... – ele murmurou. Nada como um bom sentimento de culpa para despertar o compromisso com a própria saúde.
- Na temperatura corporal e em concentrações acima de 7, o ácido úrico se transforma em cristais que se depositam nas articulações, causando dor e inflamação intensa. Essa situação é conhecida como Gota. Você está com Gota.
- Afmaria, meu avô morreu disso!
- É, mas hoje em dia ninguém morre por causa de Gota. Apenas você terá que tomar alguns remédios e cuidados. Na verdade, mais cuidados que remédios.

Ainda assim, o medo dele até que procedia. Nos idos de 1900 e antigamente, toda pessoa portadora de Gota evoluía com dores articulares crônicas e incapacitantes. Após décadas de pesquisa, a Gota deixou de representar uma grande ameaça à saúde, mas continua sendo uma doença com risco de complicações sérias, podendo levar à deformidades, hipertensão arterial, diabetes e problemas renais graves.

Os principais fatores de risco para Gota incluem cigarro, obesidade e consumo excessivo de bebidas alcoólicas. No caso do nosso paciente, ele preenchia todos os critérios de risco, com louvor.

A dor em uma articulação é a manifestação mais comum: cerca de 90% dos pacientes apresentam inflamação aguda em uma única articulação, em geral nos membros inferiores. O dedão é o local mais comum da primeira crise. O diagnóstico é feito através do exame médico e de alguns testes complementares.

Toda pessoa que já sofreu um ataque de Gota deve fazer um tratamento específico para reduzir os níveis de ácido úrico no sangue. Além de prevenir novas crises, o tratamento também diminui o risco de destruição das articulações. A alimentação correta é essencial nesse sentido: uma dieta adequada é capaz de reduzir 1-2 pontos totais nos níveis sangüíneos de ácido úrico. Apesar de parecer insignificante, essa redução pode ser a diferença entre uma vida normal ou dores permanentes.

Quem tem Gota deve evitar carnes, miúdos, peixes, frutos do mar, aves e bebidas alcoólicas de todos os tipos. Os líquidos devem ser ingeridos à vontade, para que a urina esteja sempre clara. Entretanto, o álcool – especialmente a cerveja - deve ser evitado, pois pode precipitar ataques dolorosos.

Leite, chá, café, chocolate, queijos magros, ovos cozidos, manteiga e margarina, pão, macarrão, fubá, mandioca, arroz branco, milho, vegetais, doces e frutas não causam crises.

Finalmente, alguns alimentos naturais, como Abacaxi, Alho, Arnica, Arruda, Camomila, Couve, Inhame, Limão, Mirtilo, Tomilho e Zedoária, podem auxiliar a reduzir os sintomas, mas não devem ser utilizados indiscriminadamente sem recomendação profissional especializada.


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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

07 agosto 2007

REVISITANDO A LINGUAGEM CORPORAL


Pesquisas realizadas nas últimas décadas mostraram que, quando você está falando, apenas 7% da mensagem está sendo transmitida para os outros através das palavras. Outros 38% estão relacionados à entonação do que é dito.

Um bom exemplo da importância da entonação está no treinamento de cães de guarda: eles não interpretam a gramática das frases, mas o seu tom de voz. Um comando de conteúdo imperativo, emitido em um timbre de voz baixou ou trêmulo, transparece insegurança e dificilmente será obedecido. Porém, se emitido em tom mais alto e firme, transmite o sentimento adequado de liderança e resulta na ação esperada. O mesmo principio pode ser aplicado às crianças em casa e em salas de aula cheias de adolescentes.


Bom, mas 7% de um, somados a 38% de outro, são iguais a 45%. Onde se meteram os outros 55% do que você queria dizer? Fácil: eles estão espalhados pelo seu corpo todo. É a famigerada Linguagem Corporal.

A Linguagem Corporal é um instrumento de comunicação tão antigo e bem sucedido que se incrustou em nossos genes: crianças que nasceram cegas sorriem, ainda que elas jamais tenham visto um sorriso para reconhecer seu significado. Somos todos geneticamente programados para emitir e interpretar esta comunicação silenciosa. E dominar seus sinais pode fazer toda a diferença.

As estatísticas mostram que pessoas que sabem como controlar voluntariamente o tom de voz e a linguagem corporal são consideradas mais atraentes que aquelas que deixam tudo por conta do instinto. Isso ocorre porque a primeira impressão que os outros fazem de você não começa no momento em que você começa a falar. Esta impressão começou a ser construída muito antes, a partir da sua postura, padrão respiratório, aparência e movimentos.

Não existe um conselho universal sobre como utilizar a linguagem corporal, mas algumas recomendações básicas devem ser conhecidas. Procure estar sempre ciente do que seu corpo está dizendo enquanto você se senta, anda, permanece em pé ou gesticula.

Uma boa dica é vencer a timidez e praticar um pouco na frente do espelho. Eu sei, parece tolice, mas quem estará olhando afinal de contas? O espelho lhe dará uma boa idéia de como analisar a linguagem corporal dos outros e o que seu corpo pode estar dizendo enquanto você permanece em silêncio.

Observe seus amigos, artistas, políticos, e qualquer pessoa que você considere possuir uma boa linguagem corporal. Estude como estas pessoas agem e copie um ou outro padrão de linguagem. É provável que você exagere no começo e pareça artificial, mas a prática leva à perfeição – se você não começar um dia, então quando?

Para facilitar seu treinamento, eu selecionei algumas situações rotineiras onde você pode empregar o conhecimento da Linguagem Corporal a seu favor. Veja só:


INSPIRANDO CONFIANÇA

Para transmitir uma imagem de confiança (p.ex.: durante uma reunião de trabalho), mantenha braços e pernas descruzados, e relaxe os ombros. Se estiver sentado, procure uma posição relaxada e confortável, mas não escorregue pela cadeira até o fundo da mesa.

Nada de ficar contemplando o chão ou a tampa da sua esferográfica: faça contato visual com as pessoas. Olhe seus interlocutores nos olhos. Se possível, vire um pouco seu corpo, incline-se na direção da pessoa e balance a cabeça discretamente, de modo afirmativo. Isso irá mostrar que você está prestando total atenção ao que está sendo dito. Quando for sua vez de falar, seja firme porém mantenha a calma.

E cuidado com alguns sinais que podem detonar sua imagem. Tocar seu rosto significa irritabilidade, nervosismo ou indecisão. Dedos tamborilando denotam distração, falta de sintonia com o grupo ou com as idéias outro. Braços cruzados sobre o peito podem indicar defesa, tédio ou reprovação.


DETECTANDO MENTIRAS

Obviamente, o simples fato de alguém exibir alguns dos comportamentos descritos a seguir não significa que está mentido descaradamente. Estes padrões devem ser comparados com o jeito de ser da pessoa e jamais considerados de modo isolado. Certo até aqui? Então vamos lá:

De um modo geral, o primeiro sinal emitido pelo mentiroso é a falta de contato visual – nada de “olhos nos olhos”. Se você observar melhor, verá que antes de responder às suas perguntas, o mentiroso desvia o olhar para a sua esquerda. Isso significa o uso de áreas do cérebro envolvidas com imaginação – ele está “criando” uma lembrança, ao invés de relatar o que realmente aconteceu e está guardado em sua memória. O olhar desviado para a sua direita significa a ativação de áreas cerebrais responsáveis pela memória, e tende a significar que ele está relatando uma lembrança verídica.

Ao contar uma mentira, movimentamos pouco os braços e pernas. Os movimentos são pouco expansivos, evitando chamar ainda mais a atenção. Toques sutis no nariz e na região atrás das orelhas são comuns, assim como colocar inconscientemente objetos (p.ex.: um livro, uma xícara de café) entre você e a outra pessoa.

Os mentirosos costumam repetir o que você disse quando respondem algo. Por exemplo, ao perguntar ao seu filho “você já fez o dever de casa?”, ao mentir ele tende a responder “Já, mãe, eu já fiz o dever de casa”. Uma resposta mais honesta consistiria em um simples “Já”.

Finalmente, pessoas culpadas costumam agir na defensiva, enquanto que os inocentes quase sempre assumem um comportamento agressivo quando acusados. Um modo prático de verificar este comportamento consiste em mudar repentinamente de assunto. O mentiroso irá seguir a mudança, agradecido e relaxado por se ver livre a saia justa. O inocente acusado insistirá no tópico anterior, buscando esclarecer e mostrar sua ausência de culpa.


FLERTANDO

Na arte da conquista, a linguagem corporal pesa mais que as palavras. Quando gostamos de algo que estamos vendo, nossas pupilas se dilatam e piscamos os olhos mais que o habitual. Mas existem outros sinais típicos e de fácil detecção.

Quando estão flertando, os homens tendem a posicionar as mãos sobre a fivela do cinto ou pendurada com os polegares nos bolsos da frente (é a “postura de moldura”, chamando atenção para a região genital). Eles também se esticam, espreguiçam, respiram profundamente e tencionam os músculos – tudo para parecerem maiores e mais fortes do que realmente são.

As mulheres emitem sinais semelhantes: para assumir um flerte, elas mexem nos cabelos, jogando-os de um lado para o outro e expondo o pescoço. Outro gesto bastante utilizado é a posição de pernas cruzadas com uma mão sobre a coxa. Esta atitude dá às pernas uma aparência torneada e é considerada uma indicação clara de interesse.

Alguns sinais funcionam para ambos os sexos. Por exemplo, a Triangulação do olhar. Primeiro, fazemos contato visual com um dos olhos da pessoa que temos interesse, então com o outro olho, e em seguida observamos sua boca enquanto fala. A alternância do olhar entre estes 3 pontos denota admiração e interesse sexual.

A Imagem em Espelho é outro padrão freqüente. Duas pessoas em sintonia costumam manter seus corpos em posições semelhantes enquanto conversam. Se você deseja despertar interesse em alguém, este é um recurso bastante útil, podendo ser utilizado em quase todas as situações. Espelhar o posicionamento do corpo do outro durante um bate-papo cria um sentimento instantâneo de empatia, passando a mensagem de que você compreende e respeita o ponto de vista daquela pessoa.

Se você está em uma festa ou reunião informal e se aproximou de alguém interessante, não segure nada na frente do seu coração. Se estiver com um drinque, coloque-o sobre um apoio ou simplesmente segure-o do seu lado e mantenha uma distância um pouco maior que 1 passo daquela pessoa. Respeitar o espaço individual do outro é sinal de sofisticação e autoconfiança. Se houve receptividade, você pode ir se aproximando, mas sempre aos poucos.

Por último e não menos importante: esqueça aquele olhar sexy entediado que treinou por horas no espelho do banheiro. Pessoas sorridentes são sempre mais atraentes e sedutoras.