Em 1970, o gráfico de Eysenck foi aprimorado por Stuart Christie e
Albert Meltzer no livro The Floodgates of Anarchy. Finalmente, em 1971, David
Nolan publicou uma versão do diagrama em um artigo chamado The Case for a
Libertarian Political Party, na edição de agosto da revista The
Individualist, um periódico mensal da International Society for Individual Liberty. O diagrama se
popularizou e passou a ser conhecido como Gráfico de Nolan.
Basicamente, o gráfico de Nolan divide os sistemas
sócio-político-econômicos em dois eixos. O eixo horizontal refere-se ao grau de
Liberdade Econômica: quanto mais liberdade econômica, mais para a Direita nos
deslocamos no eixo horizontal. Quanto menos liberdade econômica, mais vamos
para esquerda.
Em outros termos: quanto MENOR a presença do Estado na economia (ou
seja: quanto MENOS impostos, MENOS interferências regulatórias sobre a
disposição de mão de obra, MENOS gerência governamental dos meios de produção,
MENOS controle público sobre a distribuição da riqueza e do que foi produzido,
e MENOS restrições estatais ao livre comércio e à transferência de heranças),
MAIS à DIREITA avançamos. Em resumo: no gráfico de Nolan, quanto MENOS estado,
mais à DIREITA se desloca o vetor horizontal.
Por outro lado, quanto MAIOR a presença do Estado na economia (ou seja:
quanto MAIS impostos, MAIS interferências regulatórias sobre a disposição de
mão de obra, MAIS gerência governamental dos meios de produção, MAIS controle
público sobre a distribuição da riqueza e do que foi produzido, e MAIS
restrições estatais ao livre comércio e à transferência de heranças), MAIS à
ESQUERDA avançamos. Em resumo: segundo o gráfico proposto por Nolan, quanto
MAIS Estado, mais à ESQUERDA nos movemos no vetor horizontal.
Assim como proposto por Eysenck, o eixo vertical de Nolan relaciona-se
à Liberdade Pessoal. Quanto MAIS liberdade pessoal (liberdade de expressão, de
comércio e uso de drogas, ausência de serviço militar obrigatório, nenhum
controle estatal sobre a vida privada), MAIS Libertário é o sistema político.
Quanto MENOS liberdade pessoal (censura, guerra contra o tráfico,
obrigatoriedade do serviço militar, regulamentação estatal sobre decisões que
deveriam pertencer exclusivamente ao foro íntimo), MAIS Autoritário é o sistema
político.
O grande, enorme, inadmissível problema com a popularização do Gráfico
de Nolan foi a desonestidade de desvincular o Autoritarismo dos regimes de
Esquerda. Observando superficialmente o gráfico, somos levados a acreditar que
um governo de Esquerda pode ser compatível com um alto grau de Liberdades
Pessoais – mas isso é uma falácia sem tamanho e nem de perto corresponde às
evidências fornecidas pela realidade.
Primeiro: quanto mais para a Esquerda nos deslocamos no eixo
horizontal, MAIOR deve ser o tamanho do Estado e seu controle sobre a economia.
Como poderia ser possível isso ocorrer em um Estado que respeitasse 100% a
liberdade pessoal? Como controlar a distribuição de mão-de-obra, por exemplo,
e, simultaneamente, respeitar as decisões individuais sobre qual profissão
seguir e onde trabalhar? Como um Estado de Esquerda poderia ter controle
absoluto da distribuição de riqueza e, ao mesmo tempo, aquiescer com a
concentração individual de renda? Como um Estado pode respeitar a Liberdade Econômica
sendo ao mesmo tempo despótico sobre cada uma das escolhas pessoais que
fazemos? A única maneira de o Estado ser maior – a única maneira de o Estado
deslocar-se à ESQUERDA no eixo horizontal – é tornando-se cada vez mais Autoritário.
Segundo: quanto mais para a Direita nos deslocamos no eixo horizontal,
MENOR deve ser o tamanho e a influência do Estado sobre a economia. Caminhando
cada vez mais para a direita, MENOR é o Estado e mais libertária torna-se a
sociedade. Como seria possível, à medida que DIMINUÍMOS a presença do Estado na
economia, a extrema Direita ser representada por um Estado imenso? Seria como
falar: quanto mais você comer os docinhos na mesa de aniversário, menos
docinhos haverá na mesa. Se você finalmente devorar TODOS os docinhos, então a
mesa ficará... CHEIA de docinhos! “Quanto mais diminuímos o tamanho do Estado
nos deslocando à Direita do eixo econômico, chegará um momento extremo em que
esta diminuição resultará em um Estado Absoluto e Autoritário”? Simplesmente não
faz sentido.
A única maneira disso fazer sentido é se você observar o Gráfico de
Nolan como uma tentativa maquiavélica de dissociar as ideologias de Esquerda de
regimes totalitários como Comunismo, Absolutismo, Autoritarismo, Nazismo,
Fascismo e outros.
Dentro das definições atualmente aceitas, Direita é MENOS Estado – e o
extremo de MENOS Estado jamais será um “Estado Absoluto” que viola a soberania
do indivíduo.
Esquerda é MAIS Estado. E o extremo de MAIS Estado simplesmente não tem
como ser compatível, em qualquer dimensão imaginável, com um “Estado
Libertário” que garante a autodeterminação.
Admitir qualquer conclusão fora disso é incongruência racional,
dissonância cognitiva ou desonestidade ostensiva. Nolan estava errado. E seu
erro – premeditado ou não –restaurou a convicção absurda de que o
Socialismo-Comunismo pode de alguma maneira dar certo: tudo que precisamos é
acertar a “dose” no eixo vertical.
Não, não existe um eixo vertical - a não ser que batizemos este eixo de
Imbecilidade. Neste caso, sim, é possível admitir um eixo vertical no gráfico
de Nolan, e sua extensão assume grandezas infinitas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário