31 agosto 2016

A PORNOGRAFIA PODE PREJUDICAR VOCÊ?

* Especial para Manhood Brasil




Quem nunca? Dar aquela passada pelo Xhamster e investir ali alguns minutos ou horas de fisioterapia para seu antebraço, hein? O que me diz? 

Ah, boa e gentil pornografia... acessível online de qualquer lugar, a qualquer hora, no notebook, no tablet ou no smartphone. Como resistir à tentação? Que mal isso pode fazer afinal de contas, né? Além de estimular você, a pornografia deixa o cérebro antenado com o tesão, como uma faca bem amolada, certo?

Errado. Tudo errado e no último grau possível. E você vai entender porquê.

AS EVIDÊNCIAS QUE VOCÊ NÃO QUERIA OUVIR


A pornografia é um veneno para sua masculinidade. Ela não amplifica o Homem em você. Ela o diminui, desgasta, corrói. E existem evidências científicas mais que suficientes para você entender como isso ocorre.

O consumo de pornografia compromete seu desempenho cognitivo e reduz a sua  capacidade de executar tarefas (4). Até mesmo a exposição frequente a fotos pornográficas interfere com o funcionamento da sua memória de trabalho - a parte do cérebro dedicada às tarefas e metas do dia a dia. Quanto mais fotos você vê, mais lento e menos eficaz você se torna (9). 

Em uma pesquisa envolvendo 569 homens entre 18 e 68 anos de idade, a intensidade de exposição à pornografia esteve predominantemente associada a sintomas negativos (8). Um outro estudo com 2.737 homens (1) detectou que o consumo frequente de pornografia relacionou-se de modo estatisticamente significativo à ocorrência de impotência durante atividades sexuais de fato.

No artigo Porn is boring and mentally damaging (Pornografia é tediosa e causa danos mentais), o jornalista Martin Daubney abordou com grande inteligência o resultado de uma pesquisa britânica conduzida pela Universidade de Kent. Após avaliar 366 mulheres com idades entre 17 e 60 anos, os pesquisadores descobriram que o desejo de "perfeccionismo sexual" - plantado pela exposição repetida à pornografia online - causava um grande estresse de expectativa tanto entre homens quanto entre mulheres. Todos esperam dar e receber a perfeição na cama, e terminam se sentindo desapontados e não curtindo o sexo livre, leve e solto.

De acordo com a mesma pesquisa, a expectativa de performance afetava a capacidade das mulheres em atingir o orgasmo, chegando a causar disfunção erétil nos seus parceiros devido à pressão por um desempenho olímpico. 

A insatisfação quanto ao tamanho do próprio pênis é maior entre os consumidores frequentes de material pornográfico (10). É inevitável comparar-se àquelas mangueiras de incêndio abastecidas com litros de esperma que os astros pornôs carregam no meio das pernas. Como a maioria dos caras ostenta ereções entre 13-22 cm de comprimento - bem abaixo da média dos Kid Bengala e Long John da vida -, eles criam dentro de si um senso de que são "insuficientes". Enquanto você contempla seu próprio bilau com tristeza e decepção, sua autoconfiança vai por água abaixo, a ereção perde ímpeto, a timidez avança e sua vida sexual vira uma merda.

Muitos homens que se masturbam regularmente assistindo pornografia afirmam - sem vacilar - que o prazer solitário em frente à tela supera o prazer do sexo real. Em um programa de TV chamado Porn On the Brain, o mesmo Daubney entrevistou 23 homens entre os mais vorazes consumidores de pornografia online da Grã-Bretanha. Um deles, um jovem de 19 anos de idade que revelou masturbar-se 28 vezes ao dia, afirmou categoricamente: o pornô é sempre melhor. Estes caras se tornaram tão dependentes de imagens sexuais artificiais que precisam pensar nela durante o sexo real. Sem essa projeção, são incapazes de endurecer e agir.

O lance é que o consumo de pornografia ensina o cérebro a se satisfazer principalmente com o sexo virtual, negligenciando ou abrindo mão de oportunidades verdadeiras (11). Esta é uma boa abordagem para passar a mensagem sobre o risco do vício em pornografia: diga a um homem que se ele assistir pornô ele vai para o inferno ou para a cadeia e ele irá rir da sua cara. Diga a esse mesmo homem que vídeos pornôs podem deixá-lo com paumolescência e ele irá parar para ouvir o que você tem a dizer.

O contato frequente com pornografia também pode colocar sua vida conjugal na lista das espécies ameaçadas de extinção. Uma avaliação de 1755 casais heterossexuais aferiu o efeito da pornografia sobre seu relacionamento (3). A pesquisa observou que o contato frequente com pornografia estava associado a redução do desejo feminino, deterioração da comunicação interpessoal do casal e menor satisfação e estabilidade do relacionamento.

Se você é fã de vídeos pornôs, a menos que sua mulher se pareça com alguma daquelas atrizes saradas e curvilíneas, ou esteja disposta a fazer uma orgia com outras deusas tão gostosas quanto ela, é bastante provável que você termine se interessando mais por fantasias de mentirinha numa tela que pela mulher de carne e osso bem aí do seu lado.

VOCÊ É VICIADO EM PORNOGRAFIA?


Não sou uma pessoa religiosa ou puritana. Longe disso: há anos evito entrar em igrejas por medo de transpirar fumaça e enxofre pela pele. Sou apaixonado por sexo, uísques 12 anos, bons cigarros e uma longa lista de outros pecados. Por isso afirmo que a pornografia não é moralmente ruim, não defendo discursos ingênuos e tolos desse tipo. Estou aqui para lhe dizer que a pornografia, em especial o vício em pornografia online, é PSICOLOGICA E FISICAMENTE ruim e impede você de ser o grande Homem que você nasceu para ser. Para mim, não há pecado maior que este.

Você pode pensar que seu consumo de pornografia é controlado, que não é dependente disso. Afinal, o típico sujeito viciado em pornografia é aquele cara gordo e seboso que mora com os pais e fica enfiado em casa 24h por dia assistindo vídeos do Mike´s Apartment, do Woodman, do CastingCouch, do Nubiles e etc. Um sujeito tão fissurado que come chips na frente do computador, não toma banho, não trabalha, vive com manchas brancas na roupa e tem uma mão direita sempre pegajosa. Mas não é bem assim. Esta concepção está bem distante da verdade.

Os processos neuronais relacionados ao consumo frequente de pornografia são bastante similares àqueles observados em viciados em drogas (12). Não é surpresa, então, perceber que a maioria dos dependentes não é capaz de diagnosticar o próprio comportamento como algo fora do normal (2). 

O problema é exatamente este: em nossa sociedade, assistir pornôs se tornou algo absolutamente rotineiro. É uma coisa tão disseminada que, se você não assiste, seus amigos acham você "esquisito". Contudo, 95% dos homens que assistem vídeos pornôs regularmente estão dependentes disso. Assim como tomar café, a pornografia se tornou um vício tolerável.

Um orgasmo patrocinado por uma cena quente na tela do seu computador ou celular desencadeia uma liberação extraordinária de dopamina no cérebro. A dopamina é um dos principais neurotransmissores associados ao prazer. Seu cérebro ama a dopamina, mais do que ele ama dinheiro e nádegas femininas perfeitas vestindo um fio dental. E é esse amor viciante pela dopamina que faz você voltar aos websites de pornografia, dia após dia.

Quando os níveis de dopamina caem, seu cérebro pede mais uma dose. E então outra. E ele logo aprende como consegui doses adicionais sempre que desejar: é só mandar você de volta à pornografia, para outra sessão de masturbação e mais uma ducha dopamina. Você está agora dependente destes níveis hormonais artificialmente elevados e acha normal ser desse jeito.

Imagine ficar sem consumir qualquer tipo de pornografia por um mês. Um mês INTEIRO. Conseguiu imaginar? Percebeu que a primeira reação a essa proposta está associada a expectativas de ansiedade, frustração, desconforto, deboche ou irritação? Estes sintomas são a forma do cérebro se revoltar com a possibilidade de não obter toda a dopamina que está acostumado.

Se você quer ser como todos os outros, perdido no meio de uma manada letárgica e domesticada por alívios virtuais, ligue seu computador e vá assistir mais vídeos enquanto descasca sua banana. Mas, se você espera fazer parte daqueles 5% de homens que alcançam 80% do sucesso, então é imprescindível separar-se da multidão.


TODA PORNOGRAFIA É RUIM?


Não necessariamente, mas em grande parte, sim, é. Especialmente para os homens. Um sujeito que se satisfaz assistindo pornô tem tudo o que precisa na ponta dos dedos - e na palma das mãos. Ele nunca se dá realmente ao trabalho de desenvolver melhor seu estilo, não se empenha 100% em ser alguém interessante e atraente. Ele não precisa disso: seu cérebro já aprendeu a obter quantos orgasmos ele quiser simplesmente clicando alguns botões. Ele se habituou à lei do menor esforço.

Em um estudo (7) realizado pelo Instituto Max Planck para o Desenvolvimento Humano, em Berlim, 64 homens adultos foram avaliados quanto aos efeitos cerebrais do consumo rotineiro de material  pornográfico. Utilizando imagens de ressonância magnética 3-T, os pesquisadores encontraram uma associação significativa entre o volume de horas de exposição à pornografia e o volume de matéria cinzenta no núcleo caudado direito e os níveis de atividade no putâmen esquerdo. Estas alterações podem ser uma consequência da exposição recorrente à pornografia, sugerindo que a plasticidade cerebral de fato sofre modificações adaptatativas a esta rotina.

A verdade sobre a pornografia ainda está longe de ser definida e debates sobre o quão boa ou ruim ela é prometem durar décadas. Considere, hipoteticamente falando, que o aumento do consumo de pornografia que acompanhou o crescimento da Internet intensificou a visão das mulheres como objetos e tornou os casamentos menos estáveis, porém, em contrapartida, reduziu a incidência de estupros, violência doméstica e abortos. Seria possível então condenar socialmente o pornô?

Felizmente, discussões sobre o impacto sociológico da pornografia têm pouco a dizer a respeito das consequências específicas dela sobre VOCÊ como um indivíduo. Você pode não ser fodasticamente poderoso a ponto de ter a capacidade de alterar os padrões de comportamento de 7 bilhões de seres humanos. Não obstante, você tem em mãos a chance de fazer algo tão fantástico quanto isto. Num estalar, você é capaz de mudar completamente uma pessoa extremamente importante na sua vida: você mesmo.

Em um artigo publicado na revista Time intitulado Porn and the Threat to Virility (Pornografia e a grande ameaça à virilidade), a articulista Belinda Luscombe ponderou: um número cada vez maior de homens jovens está percebendo que suas respostas sexuais foram sabotadas, pois seus cérebros foram virtualmente marinados em material pornográfico quando eram adolescentes. 

As gerações das últimas duas ou três décadas consumiram conteúdo explícito em quantidade e variedade nunca antes vistas, utilizando equipamentos capazes de entregar este conteúdo de maneira privada e contínua, tudo isto durante uma idade onde seus cérebros ainda possuíam grande plasticidade e eram mais propensos a mudanças permanentes. Estes homens jovens agora se comportam como porquinhos da índia apáticos após décadas de condicionamento sexual equivocado.

Um estudo envolvendo 15.246 pessoas nos EUA (5) mostrou que 75% dos homens e 41% das mulheres assistem pornografia online com frequência, tendo sido observada uma relação simétrica como resultado deste vício: as mulheres relataram uma visão mais exigente e negativa de sua autoimagem, maior pressão para agirem como as atrizes, e menor envolvimento em relações sexuais reais; os homens relataram maior criticismo quanto ao físico de suas parceiras e diminuição do interesse pelo sexo real.

Em outra pesquisa, avaliando 1.492 estudantes italianos no último ano do ensino médio (6), observou-se que 77% daqueles que possuíam acesso à internet consumiam material pornográfico diariamente. Entre os meninos, 59% consideravam a pornografia um estimulante, 21% a definiam como um hábito, mas 10% deles afirmaram que isto reduzia seu interesse na busca de parceiras reais.

Pense por um segundo: e se você fisicamente não fosse capaz de se masturbar? Quando sentisse tesão, teria que encontrar uma garota real para fazer sexo. Você poderia dar uma saída e gastar seu dinheiro com alguma programadora profissional - mas, para isso, você teria que TER dinheiro. Ou você poderia sair e usar seu charme e poder de sedução para conseguir alguém sem gastar seu cash - mas, para isso, você teria que SER um sujeito interessante e um sedutor hábil. 

Em qualquer uma das duas situações acima, seu cérebro teria que ser reprogramado. O alívio do seu impulso sexual não poderia ser satisfeito simplesmente abrindo o notebook ou acessando algum vídeo pelo celular e pondo suas mãos à obra. Você teria que AGIR de verdade, caçando mulheres no mundo real ao invés de mulheres numa tela. E, ao se transformar em um sujeito que busca prosperidade e aprimoramento, AGINDO no mundo real ao invés de apenas existir como um babão virtual, você se tornaria O CARA. 

Eu sei. É foda não assistir um pornozinho. Provavelmente, você jamais pensaria em fazer isso, nem mesmo por um dia. O vício em pornografia está disseminado, muito mais do que você é capaz de perceber. Felizmente, nem tudo está perdido.


PROPONDO UM DESAFIO


Vamos teorizar por um momento que você é capaz de quebrar essa rotina. Enquanto um cara está utilizando todo seu vigor para masturbar na frente de uma tela, você está empregando toda sua energia no mundo real e com mulheres reais. Qual de vocês dois tem mais chances de se dar melhor? Exatamente.

Então proponho um desafio para o seu autocontrole: comprometa-se a ficar um mês sem assistir vídeos pornôs. No começo, pode ser difícil, mas nada que vale à pena vem de graça. Lembre-se da máxima de Alexis Carrel: "Um Homem não pode fazer-se sem batalhas, pois ele é tanto o mármore quanto seu próprio escultor". Alguns sintomas de abstinência podem surgir, mas mantenha o foco. Se precisar, venha ler este artigo quantas vezes forem necessárias.

Mantenha-se ocupado. Quanto mais tempo sua mente estiver ocupada com outras coisas, menos tempo ela terá para se preocupar com pornografia. O tédio é um assassino silencioso de metas importantes. Saia de casa, dê uma corrida, ande de bicicleta, comece a malhar em uma academia. Permita que seu cérebro se reprograme e colha os benefícios no final.

Novas conexões neuronais serão ativadas nesse período e você terá um apetite renovado pelo mundo à sua volta, se sentirá mais confiante e capaz. Garanto que a aposta lhe trará benefícios. Que tal tentar?


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Referências bibliográficas:

1. Landripet I, Štulhofer A. Is Pornography Use Associated with Sexual Difficulties and Dysfunctions among Younger Heterosexual Men? J Sex Med. 2015 May;12(5):1136-9.
2. Duffy A, Dawson DL, das Nair R. Pornography Addiction in Adults: A Systematic Review of Definitions and Reported Impact. J Sex Med. 2016 May;13(5):760-77.
3. Willoughby BJ, Carroll JS, Busby DM, Brown CC. Differences in Pornography Use Among Couples: Associations with Satisfaction, Stability, and Relationship Processes. Arch Sex Behav. 2016 Jan;45(1):145-58
4. Schiebener J, Laier C, Brand M. Getting stuck with pornography? Overuse or neglect of cybersex cues in a multitasking situation is related to symptoms of cybersex addiction. J Behav Addict. 2015 Mar;4(1):14-21
5. Albright JM. Sex in America online: an exploration of sex, marital status, and sexual identity in internet sex seeking and its impacts. J Sex Res. 2008 Apr-Jun;45(2):175-86. 
6. Pizzol D, Bertoldo A, Foresta C. Adolescents and web porn: a new era of sexuality. Int J Adolesc Med Health. 2016 May 1;28(2):169-73.
7. Kühn S, Gallinat J. Brain structure and functional connectivity associated with pornography consumption: the brain on porn. JAMA Psychiatry. 2014 Jul 1;71(7):827-34. 
8. G
ola M, Lewczuk K, Skorko M. What Matters: Quantity or Quality of Pornography Use? Psychological and Behavioral Factors of Seeking Treatment for Problematic Pornography Use. J Sex Med. 2016 May;13(5):815-24. 
9. Laier C, Schulte FP, Brand M. Pornographic picture processing interferes with working memory performance. J Sex Res. 2013;50(7):642-52. 
10. Cranney S. Internet Pornography Use and Sexual Body Image in a Dutch Sample. Int J Sex Health. 2015;27(3):316-323. 
11. Brand M, Snagowski J, Laier C, Maderwald S. Ventral striatum activity when watching preferred pornographic pictures is correlated with symptoms of Internet pornography addiction. Neuroimage. 2016 Apr 1;129:224-32.
12. Love T, Laier C, Brand M, Hatch L, Hajela R. Neuroscience of Internet Pornography Addiction: A Review and Update. Behav Sci (Basel). 2015 Sep 18;5(3):388-433. 

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