* Especial para Manhood Brasil
Entre
os Homens, depois da inocência da infância e antes da dignidade da idade
adulta, existe uma pequena criatura curiosa chamada Menino.
Os
Meninos vêm em tamanhos, pesos e cores diversas, mas todos operam sob uma diretriz
em comum: curtir cada segundo de cada minuto de cada hora do dia e protestar
fazendo barulho e bagunça quando alguém os comunica que a diversão acabou
e é hora de ir para a cama.
Os
Meninos podem ser encontrados em virtualmente toda parte: de pé, andando,
correndo, pulando, sentados na sala de aula, deitados na lama, dependurados nos
móveis da sala, escalando barrancos... as mães os adoram, as meninas os odeiam.
Seus irmãos mais velhos os toleram. Os adultos os ignoram. E o destino, quando
lhe apetece, os protege.
Um
Menino é a Honestidade com sua cara mais encardida, a Beleza com os joelhos
ralados, a Sabedoria tirando meleca do nariz, o Futuro limpo e cristalino vestindo
um furo no tênis.
Quando
você está ocupado, ter um menino por perto é como ser vizinho de uma floresta
de ciclones. E se por acaso você precisar que ele cause uma boa impressão em
alguém, essa pode ser a senha para liberar um cataclismo capaz destruir o mundo
e a metade de cá da Via Láctea.
Um
Menino é essa miscelânea de extraordinários: ele tem o apetite de um cavalo, a
digestão de um tubarão, a energia de uma bomba atômica portátil, a curiosidade
de um gato, a timidez de um rinoceronte de Sumatra, a audácia de um batedor de
carteiras, o entusiasmo de uma festa de São João, e, sempre que está fazendo
algo, se você observar cuidadosamente, verá que ele tem 5 polegares em cada
mão.
Esse
estranho animal costuma não ser muito fã de escolas, livros sem figuras, aulas
de música, roupas sociais, meninas, casacos, "gente grande", repouso ou cortar o cabelo.
Mas nenhum outro ser vivo parece extrair tanta alegria da companhia de árvores,
cães, bolas, terra, tintas, estilingues, pacotes de farinha, água e ventos. Também
não se tem notícia de outro bicho tão bem preparado para guardar tamanha infinidade
de bugigangas nos bolsos – que podem ir desde um punhado de areia até um anel
de outra dimensão com um compartimento secreto para guardar um chiclete usado,
mas ainda mastigável.
Um
Menino é uma entidade mágica. Você pode trancá-lo do lado de fora de seu
escritório, mas não consegue mantê-lo quieto dentro do seu peito. Você pode mantê-lo
longe de sua TV LED de 55 polegadas e da namorada sofisticada, mas você não consegue
tirá-lo de sua cabeça.
Todos
nós, Homens de hoje, fomos um menino um dia. Ainda que vivamos essa farsa de
tê-lo calado e esquecido, ele persiste dentro de cada um, ansioso pelo dia em
que poderá ter alguns minutos da sua atenção e fingir se perder de novo por aí,
do jeito que costumava fazer naquela época quando o mundo inteiro era uma
brincadeira de risos e aventuras sem fim.
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