Uma conhecida minha de Facebook, empreendedora e politicamente engajada, iniciou uma pesquisa em sua página com a seguinte pergunta: “você poderia listar 10 coisas boas e produtivas que Jair Bolsonaro fez pelo país nesses 28 anos que pagamos seu salário?”.
Ela não é eleitora de #B17 e, após mais de dezenas de comentários e respostas no post, refutou cada um deles afirmando que o Deputado fez apenas “duas coisas boas e produtivas” – provavelmente referindo-se aos dois projetos de JB que viraram Lei.
Difícil entender exatamente o que nossa pesquisadora autônoma considera “coisas boas e produtivas”... Será que ela entende a função do Poder Legislativo, as competências de um Deputado Federal e o modus operandi da Câmara?
Vivemos em um país acostumado a um sistema presidencialista que beira o absolutismo monárquico com dominação faraônica, onde o deus-Presidente da República acumula o papel de Chefe de Governo e Chefe de Estado com expedientes de fazer inveja à Kaguya Otsutsuki – a vilã mais poderosa de todos os tempos no mangá Naruto.
Com tamanha autoridade e peso, qualquer outra figura da República tende a parecer irrisória quando comparada ao líder do Executivo – uma falha em nosso sistema que merece ser corrigida, mas que não cabe abordar aqui e agora.
Apesar de ter iniciado a vida política como um mero vereador no Rio de Janeiro, Bolsonaro teve uma ascensão inegável. Em 28 anos, conseguiu sair de uma posição absolutamente irrelevante de “baixo clero” para tornar-se o parlamentar MAIS INFLUENTE entre outros 513 políticos – isso em uma Casa que possui mais de 60% de seus ocupantes abertamente alinhados com ideologias de Esquerda e opostas à agenda de JB.
Tente imaginar uma grande empresa onde você conseguiu uma vaga no andar da Diretoria e começou a trabalhar como “o rapaz da fotocopiadora”. Após anos de ralação, o “rapaz da fotocopiadora” tornou-se o nome mais influente em uma Mesa Diretora extremamente poderosa composta por mais de 500 pessoas onde a esmagadora maioria não gosta ou não concorda com as opiniões dele. E ele chegou lá sem choro ou mimimi. Chegou na resiliência, sem colocar um preço ou vender sua integridade para subir mais rápido.
Ao longo de 28 anos, Bolsonaro apresentou centenas de propostas. Especificamente com relação a Projetos de Lei, manteve uma média de 6,5 projetos por ano – ou mais de 1 projeto a cada 2 meses, o que pode ser considerado um bom rendimento. Todavia, em média, a Câmara vota apenas cerca de 50 Projetos de Lei anualmente e nem todos são aprovados. Com um fluxo tão burocrático e lento, somente de 5% dos deputados conseguem apresentar projetos capazes de percorrer todos os labirintos de negociação e votação, tornando-se Leis de fato.
Faça outra pausa e imagine que, durante 60 dias, você fez uma extensa pesquisa sobre as necessidades de seu bairro. Conversou com os moradores, visitou casas, andou pelas ruas, sentiu a demanda das pessoas. Com base em tudo que percebeu, escreveu um trabalho bem fundamentado, obedecendo uma fórmula específica de promulgação, com texto, fecho, motivo e referências teóricas, solicitando que a prefeitura tomasse algumas providências para melhorar a vida dos moradores. Você levou este trabalho na prefeitura, protocolou sua diligência e voltou ao seu bairro, começando tudo de novo.
De dois em dois meses, durante quase 30 anos, você repetiu esta rotina de consulta popular, pesquisa jurídica, estudo, redação e entrega de propostas por escrito – mas a prefeitura JAMAIS lhe deu qualquer retorno.
Isso fala mais sobre quem VOCÊ É ou sobre A PREFEITURA que lhe assiste?
Bolsonaro tem uma média de assiduidade na Câmara de 92%: das últimas 395 sessões realizadas até 20/09/2018, ele esteve presente em 364. Além dos projetos apresentados, participou de centenas de votações ao longo de sua carreira. Com o crescimento de sua popularidade, muitas vezes suas conversas com outros Deputados representaram o fiel na balança para a aprovação ou reprovação de propostas.
Se você for procurar por praças, escolas, hospitais, indústrias, quiosques de picolé ou lojas de bijuterias construídas e inauguradas por Deputados Federais, estará perdendo seu tempo. Esta não é a função do Legislativo. Sua função é Legislar – e isso inclui tanto apresentar Projetos de Lei e de Emendas Constitucionais quanto trazê-los ao conhecimento da sociedade, debater formal e informalmente seus conteúdos, propor alterações nos textos da Lei e, eventualmente, votá-las.
Tudo isso faz parte do trabalho de um Deputado. Mas não é algo que se aprende na escola. Por mais absurdo que possa parecer, em nosso país socialista, esse é o tipo de conhecimento cívico que você tem que ir atrás para obter.
Então, quando alguém pergunta “você poderia listar 10 coisas boas e produtivas que o Bolsonaro fez pelo país nesses 28 anos que pagamos seu salário?”, eu me pergunto se essa pessoa entende ALGUMA COISA do Sistema Político sob o qual vive ou se está apenas caçando uma justificativa para continuar fazendo pirraça. Na maioria das vezes, a opção mais certa é a segunda, lamentavelmente.
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