13 setembro 2018

60% DE CHANCES DE UM GOVERNO MILITAR EM 2019

Sou médico há mais de 20 anos, atuando na área de Emergência e Urgência e com alguma experiência em cirurgia geral e do trauma (10 anos), e digo o seguinte:

Trata-se de paciente de 63 anos de idade vítima de um gravíssimo trauma abdominal ppr arma branca, submetido a uma laparotomia extensa sob uma situação de provável choque hemorrágico. Ainda que seja impossível determinar exatamente o quadro inicial sem haver participado in loco do ato cirúrgico, não é difícil perceber o alto risco do quadro.

A dieta foi introduzida corretamente. Em traumas assim, tão logo se perceba o funcionamento da colostomia, o recomendável é reiniciar a dieta oral líquido-pastosa o quanto antes. O intestino delgado produz 6 L de secreção entérica por dia - um volume de trânsito considerável que por si só já basta para provocar vazamentos ou obstrução, a despeito da dieta.

A necessidade de uma nova cirurgia é extremamente preocupante. Existem muitas possibilidades e apenas a correta descrição técnica do procedimento poderia esclarecer isso. Considerando a cronologia de 5°/6° dia de pós-operatório, eu pensaria em deiscência de sutura de delgado ou algum ferimento corto-contuso intestinal que passou despercebido inicialmente, evoluindo com íleo paralítico devido peritonite inflamatória. Mas "brida", não. Obstruções por bridas e aderências em geral levam anos para acontecer - algumas vezes, décadas.

Independente da clínica, o que acontece se JB morrer?

Precisamente ESSA é a pergunta que todos trazem velada e cuja resposta pode equivaler a uma ruptura institucional como jamais visto.

Enxergo 5 possibilidades contextuais:

1) Ele sobrevive a despeito dos riscos, recupera-se e é eleito, tomando posse normalmente. Segue o jogo.

2) Ele não sobrevive e o eleito é algum candidato com viés "direitista" (Amoedo, Alckmin, Meirelles, Dias). Segue o jogo.

3) Ele não sobrevive e o eleito é seu vice, alçado à condição de candidato da legenda. Teremos um militar na presidência.

4) Ele não sobrevive e o eleito é um candidato com viés esquerdista. Militares fecham tudo e assumem.

5) Ele não sobrevive e instala-se uma crise institucional sem precedetes. Militares fecham tudo e assumem.

Em apenas 40% destes cenários, escapamos de um governo militar em 2019, e não sem profundas cicatrizes no desenrolar do drama.

Dias de reflexão estes. Dias de nuvens.

Nenhum comentário: