Sou médico há mais de 20 anos, atuando na área de Emergência e Urgência e com alguma experiência em cirurgia geral e do trauma (10 anos), e digo o seguinte:
Trata-se de paciente de 63 anos de idade vítima de um gravíssimo trauma abdominal ppr arma branca, submetido a uma laparotomia extensa sob uma situação de provável choque hemorrágico. Ainda que seja impossível determinar exatamente o quadro inicial sem haver participado in loco do ato cirúrgico, não é difícil perceber o alto risco do quadro.
A dieta foi introduzida corretamente. Em traumas assim, tão logo se perceba o funcionamento da colostomia, o recomendável é reiniciar a dieta oral líquido-pastosa o quanto antes. O intestino delgado produz 6 L de secreção entérica por dia - um volume de trânsito considerável que por si só já basta para provocar vazamentos ou obstrução, a despeito da dieta.
A necessidade de uma nova cirurgia é extremamente preocupante. Existem muitas possibilidades e apenas a correta descrição técnica do procedimento poderia esclarecer isso. Considerando a cronologia de 5°/6° dia de pós-operatório, eu pensaria em deiscência de sutura de delgado ou algum ferimento corto-contuso intestinal que passou despercebido inicialmente, evoluindo com íleo paralítico devido peritonite inflamatória. Mas "brida", não. Obstruções por bridas e aderências em geral levam anos para acontecer - algumas vezes, décadas.
Independente da clínica, o que acontece se JB morrer?
Precisamente ESSA é a pergunta que todos trazem velada e cuja resposta pode equivaler a uma ruptura institucional como jamais visto.
Enxergo 5 possibilidades contextuais:
1) Ele sobrevive a despeito dos riscos, recupera-se e é eleito, tomando posse normalmente. Segue o jogo.
2) Ele não sobrevive e o eleito é algum candidato com viés "direitista" (Amoedo, Alckmin, Meirelles, Dias). Segue o jogo.
3) Ele não sobrevive e o eleito é seu vice, alçado à condição de candidato da legenda. Teremos um militar na presidência.
4) Ele não sobrevive e o eleito é um candidato com viés esquerdista. Militares fecham tudo e assumem.
5) Ele não sobrevive e instala-se uma crise institucional sem precedetes. Militares fecham tudo e assumem.
Em apenas 40% destes cenários, escapamos de um governo militar em 2019, e não sem profundas cicatrizes no desenrolar do drama.
Dias de reflexão estes. Dias de nuvens.
13 setembro 2018
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