01 novembro 2017

A CLÁSSICA ANTIGUIDADE DO DELÍRIO

Existe um livro de 1841 chamado Extraordinary Popular Delusions and the Madness of Crowds (Extraordinários engodos populares e a loucura das multidões). Duvido um pouco que você sequer tenha ouvido falar dele... Há alguns anos, baixei o pdf, devorei a leitura das 499 páginas em um fim de semana, e dexei-o salvo na minha “nuvem”. Desde então, o revisito com uma certa periodicidade, como quem passa na varanda de um velho amigo para rir de alguma bobagem à toa.

Escrito pelo jornalista escocês Charles Mackay, a obra explora o lado ridículo de muitas crenças e convenções tais como alquimia, barbas e sua influência na política e na religião, caça às bruxas, cruzadas e duelos.

Entre os engodos populares, Mackay descreve a Mania das Tulipas (febre que acometeu a Holanda e terminou como uma crise em fevereiro de 1637), a quebra da South Sea Company (uma convulsão de imbecilidade do capitalismo que assolou a Europa em 1720) e a Companhia do Mississippi (mais ou menos uma versão Franco-Americano da South Sea).

Impossível não pensar no livro de Mackay quando você lê a história de Satoshi Nakamoto e sua criatura mais famosa, um certo BitCoin.

Os anos passam, algum conhecimento se eleva, alguma sabedoria nos ilumina, mas certas burrices inacreditáveis insistem em persistir. Se estivesse vivo, Mackay estaria agora mesmo tomando notas sobre Satoshi e preparando uma edição atualizada de seu excelente Madness of Crowds. Modestamente, eu sugeriria como título do novo capítulo: BitBubbleCoin, a virtual opera of the same fucking old mental disorder.


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