Existe um livro de 1841 chamado Extraordinary
Popular Delusions and the Madness of Crowds (Extraordinários engodos
populares e a loucura das multidões). Duvido um pouco que você sequer tenha
ouvido falar dele... Há alguns anos, baixei o pdf, devorei a leitura das 499
páginas em um fim de semana, e dexei-o salvo na minha “nuvem”. Desde então, o
revisito com uma certa periodicidade, como quem passa na varanda de um velho
amigo para rir de alguma bobagem à toa.
Escrito pelo jornalista escocês Charles Mackay, a obra explora o lado
ridículo de muitas crenças e convenções tais como alquimia, barbas e sua
influência na política e na religião, caça às bruxas, cruzadas e duelos.
Entre os engodos populares, Mackay descreve a Mania das Tulipas (febre
que acometeu a Holanda e terminou como uma crise em fevereiro de 1637), a quebra
da South Sea Company
(uma convulsão de imbecilidade do capitalismo que assolou a Europa em 1720) e a
Companhia do
Mississippi (mais ou menos uma versão Franco-Americano da South Sea).
Impossível não pensar no livro de Mackay quando você lê a história de Satoshi Nakamoto e
sua criatura mais famosa, um certo BitCoin.
Os anos passam, algum conhecimento se eleva, alguma sabedoria nos
ilumina, mas certas burrices inacreditáveis insistem em persistir. Se estivesse
vivo, Mackay estaria agora mesmo tomando notas sobre Satoshi e preparando uma edição
atualizada de seu excelente Madness of
Crowds. Modestamente, eu sugeriria como título do novo capítulo: BitBubbleCoin, a virtual opera of the same fucking
old mental disorder.
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