11 abril 2018

QUANTO O BRASIL DEVERIA ESTAR INVESTINDO NA SAÚDE PÚBLICA?

De acordo com o World Bank, os 15 países mais democráticos do mundo investem 10,0% de seu PIB em saúde - o equivalente a uma média de US$ 4.803 per capta por ano. Por aqui, investimos anualmente 8,3% do nosso PIB em saúde - o equivalente a US$ 830 per capta por ano.

Como o Brasil recolhe em impostos o equivalente a 34% do PIB e os 15 Países mais Democráticos, 38,7%, se fôssemos respeitar a equivalência relativa ao porcentual da carga tributária sobre o PIB e número de pessoas na população, o montante brasileiro investido em saúde deveria ser de US$ 4.178 per capta por ano – ou 5 vezes o repasse atual.

Todavia, pode-se argumentar que nem todos os 15 Países Mais Democráticos ostentam sistemas públicos universais de saúde semelhantes ao nosso SUS: apenas Noruega, Islândia, Suécia, Canadá, Finlândia e Reino Unido possuem sistemas 100% públicos e 100% financiados pelo Estado - os demais adotam regimes mistos, com divisão do financiamento entre o Estado e o cidadão. Se restringirmos a lista apenas a estes seis países, encontramos um PIB anual médio de US$ 902 bilhões, uma carga tributária média de 41% sobre o PIB, e um investimento médio de 9,95% do PIB em saúde  - equivalentes a US$ 4.784 per capta por ano. Mesmo apertando a laranja, o suco continua amargo para o nosso lado.

“Ah, mas estas comparações não valem pois estes países não são tão populosos quanto o Brasil e...”. Certo. Por uma questão de honestidade Moral, vamos fazer outro cálculo: os 15 países mais democráticos do mundo possuem um PIB per capta anual médio de US$ 53.806. O Brasil está na casa dos US$ 13.670. Apesar de nosso PIB per capta anual ser três vezes menor que a média dos 15 países mais democráticos do mundo, ainda assim investimos pouco em saúde: seguindo a regra da proporcionalidade, se países com PIBs per capta de US$ 53.806 são capazes de investir US$ 4.803 em saúde per capta por ano, o Brasil, com um PIB per capta anual de US$ 13.670, deveria estar investindo US$ 1.220 em saúde per capta por ano – ou quase o dobro do que investe atualmente.


De onde quer que se olhe, a matemática aponta para uma mesma direção: nosso Estado não sofre de um problema de financiamento. Ele padece, sim, de uma moléstia endêmica de péssimo gerenciamento político.

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