É possível dividir a responsabilidade dos pais com relação aos seus filhos em duas dimensões distintas: Físico-Orgânico e Cognitivo-Emocional.
A primeira dimensão diz respeito ao bom desenvolvimento corporal da criança e está relacionada à segurança, abrigo, alimentação, vacinas e monitoramento e correção de alguns problemas de saúde como baixo peso, crescimento insuficiente em estatura, disfunções da tireóide, da visão, da audição e da dentição, e atrasos no desenvolvimento da fala ou da puberdade, entre uma infinidade de outros.
Zelar pela dimensão Físico-Orgânica de um filho não é apenas uma obrigação Moral, mas é também um dever previsto em Lei: seja negligente com a alimentação, deixe sua cria desnutrida, ou comece a torturá-la, punindo-a com requintes de crueldade, e a violação do “contrato” dos cuidados Físico-Orgânicos implícitos à família trarão conseqüências como denúncias no Conselho Tutelar ou até mesmo a perda da guarda da criança.
Por tudo isso, a dimensão Físico-Orgânica em geral não sofre com o descaso dos pais. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito com relação à dimensão Cognitivo-Emocional.
Esta segunda esfera está relacionada aos estímulos necessários para o bom desenvolvimento do Intelecto da criança. Seria um preceito Deontológico dos pais tutelar o ambiente e os estímulos externos para que a criança desenvolvesse a plenitude de sua Inteligência.
Enquanto o âmbito Físico-Orgânico responde bem à intuição e pode ser relativamente bem conduzido bastando um pouco de bom senso, o terreno Cognitivo-Emocional requer um empenho maior. Em um mundo com tantas opções, ingerências e cobranças, ser capaz de instigar o Intelecto de uma criança não é uma função do instinto ou de palpites sortudos: uma tarefa desta magnitude solicita empenho, disciplina, consistência e, acima de tudo, criatividade.
Por exemplo: hoje atendi uma mãe trazendo seu filho, um menino de 10 anos de idade, com um pouco de sobrepeso. Ela desejava alguns exames de rotina e orientações para colocá-lo em alguma atividade física. Conversamos um pouco e – como é de praxe nas consultas com crianças desta faixa etária – recebi a informação de que “O problema dele é que ele vive pendurado no celular, doutor!”.
- E a senhora acha isso ruim? – perguntei.
- Acho péssimo. Essa geração só quer saber de celular, celular, celular. Esse aparelhinho está estragando a infância de hoje! – ela respondeu.
- Certo. Diga uma coisa: uma faca é um instrumento útil ou perigoso?
- Hum... perigoso, né?
- Depende. Se você estiver picotando verduras e legumes para uma salada, ela é um instrumento útil.
- Verdade.
- E uma chave de fenda? É um instrumento útil?
- Lógico que é.
- Depende novamente. Se eu lhe entregar uma chave de fenda para picotar verduras e legumes para uma salada, ela não terá exatamente uma boa serventia.
- Hum.
- E se você espetar alguém com uma chave de fenda, ela deixará de ser uma ferramenta potencialmente útil e se transformará em uma arma potencialmente letal.
- E daí?
- E daí que a faca e a chave de fenda não são essencialmente boas ou ruins, úteis ou inúteis. Bom ou ruim, útil ou inútil, seguro ou perigoso é o USO que nós fazemos delas. Acontece o mesmo com o celular: ele pode ser um aparelho miserável ou um dispositivo válido e construtivo. Tudo depende do uso que você der para ele.
E ofereci a ela algumas sugestões de como transformar o celular em um agente positivo para o desenvolvimento Cognitivo-Emocional de seu filho:
1. Liderança. Você é o (ou a) líder do bando. O uso do celular não é um direito inato da criança: é uma regalia concedida. E ele deve ser subordinado a algumas disposições: a criança não deve ter autonomia para instalar o que quiser no celular. Os jogos, por exemplo, devem ser instalados pelos pais. A criança pode jogar qualquer um desses jogos, mas não pode instalar novos – sob pena de perder acesso ao aparelho.
2. Pesquisa. Negociados estes termos, instale no celular aplicativos que estimulam o aperfeiçoamento cognitivo da criança. Fuçando pela internet afora, você encontrará várias opções em sites como TechTudo, GooglePlay e similares. Algumas recomendações de aplicativos seguem abaixo:
3. Xadrez. Os benefícios do xadrez jamais poderão ser louvados o suficiente e o jogo pode ser ensinado para crianças a partir dos 4 anos de idade. Exemplos: Chess Free, Xadrez Grátis, Chess Live, Xadrez Jogar & Aprender, Aprenda Xadrez, etc.
4. Jogos de perguntas e respostas. São divertidos e agregam conhecimento. Exemplos: QuizUp, Gênio Quiz, Super Quiz Brasil, Eu Sei, Trivia 360, etc.
5. Aplicativos de Memória. Exemplos: iMemory Jogatina, Monster High Memory, Matching Monkeyz, Mini Memory, Simon Advanced, etc.
6. Aplicativos de Tabuada. Exemplos: LJ Studio, Taabuu, Jims Applay, Alzeta, DSmart Apps, etc.
7. Aplicativos de palavras cruzadas. Exemplos: Berni Mobile, Cody Cross, Mobi4Good, Curado Mobile, etc.
8. Aplicativos de Alfabetização, Ortografia e Idiomas. Exemplos: Ortografa!, ABC do Bitta, Palma Kids, Duolingo, Silabando, etc.
9. Combos. Existem aplicativos que oferecem um pacote com várias atividades educativas misturadas. Exemplos: Meu Celular Educativo e Ler e Contar, da Bergman; e pacotes de jogos educativos da pescAPPS, da AppQuiz e da Choloepus Apps.
10. Acesso. Obviamente, a senha do celular deve ser SEMPRE de seu conhecimento e o acesso ao aparelho deve ser fornecido NO MOMENTO que VOCÊ decidir – e não quando a criança permitir. Lembre-se: o celular não é um direito da criança, é uma concessão da sua boa vontade. Estes termos devem ser colocados do modo mais explícito possível no instante em que você decidir entregar um celular para o seu filho. Caso já tenha entregado o aparelho, nada tema: simplesmente pegue o celular e comunique que as cláusulas que regem o uso do equipamento acabaram de ser modificadas - e pronto.
Além de utilizar o celular como uma ferramenta a seu favor, existem outras atividades que auxiliam a dimensão Cognitivo-Emocional da criança, tais como:
- Jogos de peças de montar (p.ex.: lego) e massinhas. São bastante eficientes para estimular a criatividade e o raciocínio lógico-espacial. Tintas (com um local apropriado para pintar) e quadros-negros também são interessantes.
- Quebra-cabeças. Excelentes para treinar a memória.
- Jogos de tabuleiro com dados. Ótimos para treinar a capacidade de cálculo.
- Revistas em quadrinhos. Não subestime o poder que uma coleção de revista em quadrinhos pode ter sobre o desenvolvimento do gosto pela leitura. Simplesmente entre em um site como MercadoLivre ou EstanteVirtual ou similares e procure por coleções usadas vendidas a preços módicos. Compre e coloque em uma estante no quarto do seu filho ou filha. Cedo ou tarde, a curiosidade irá bater. Quando a criança vier falar com você sobre alguma história que leu nas revistas, ofereça o máximo de reforço positivo que puder: elogie, abrace e beije seu pequeno explorador literário.
- Atividade física. Práticas desportivas são capazes de unir o melhor dos dois universos: são simultaneamente funcionais como recursos Físico-Orgânicos e Cognitivo-Emocionais. O esporte ensina disciplina, trabalho em equipe, superação, apresenta frustrações, canaliza a raiva, força o controle da ansiedade e, quando bem escolhido, é insuperável para estimular a auto-estima da criança.
No caso do meu paciente do dia, por exemplo, recomendei à mãe que colocasse o menino em uma aula de Judô. Dado o tamanho dele para a idade (grande), e a personalidade (tímida e introvertida), ele certamente terá um bom desempenho na luta e o esporte o ajudará na questão da socialização e do amor-próprio.
E você? Tem filhos ou filhas? Como anda cuidando do lado Cognitivo-Emocional deles?
26 abril 2018
25 abril 2018
UM EXCELENTE EXEMPLO DA GERAÇÃO "FRAQUEZA COLETIVA"
Com uma frequência incômoda, memes semelhantes ao da figura abaixo aparecem em meu timeline - no Face, no Insta, no Linkedin, em toda parte. A mensagem subliminar dessas postagens é sempre a mesma: "tudo que preciso é de alguém que tenha pena de mim".
Deixa eu te contar: condicionar Amizade e Coleguismo como demonstrações de "amor incondicional" significa elaborar um projeto de estagnação, desastre ou suicídio. Nem sua mãe deveria lhe amar "incondicionalmente". Receber reforço positivo quando você faz uma caca não educa: apenas estimula a repetição da mesma asneira.
Quem é verdadeiro de verdade vai dizer que você foi estúpido, imbecil, mau caráter e/ou incompetente, na lata!, e DEVERIA chutar você para o escanteio até que suas ATITUDES melhorassem. Ser condescendente jamais transformou a burrice alheia em inteligência - independente do choro dessa geração que se acostumou a posar de vítima para conquistar favores, complacências e privilégios cada vez mais inadmissíveis.
Tá na hora de neném crescer e virar um Adulto.
Deixa eu te contar: condicionar Amizade e Coleguismo como demonstrações de "amor incondicional" significa elaborar um projeto de estagnação, desastre ou suicídio. Nem sua mãe deveria lhe amar "incondicionalmente". Receber reforço positivo quando você faz uma caca não educa: apenas estimula a repetição da mesma asneira.
Quem é verdadeiro de verdade vai dizer que você foi estúpido, imbecil, mau caráter e/ou incompetente, na lata!, e DEVERIA chutar você para o escanteio até que suas ATITUDES melhorassem. Ser condescendente jamais transformou a burrice alheia em inteligência - independente do choro dessa geração que se acostumou a posar de vítima para conquistar favores, complacências e privilégios cada vez mais inadmissíveis.
Tá na hora de neném crescer e virar um Adulto.
SOBRE A MOLENGUICE DA MODERNA GERAÇÃO Z
Seguinte: se eu pedir para você comprar uma pizza, você volta com um cachorro quente? Se alguém estiver com pneumonia grave, um tratamento com pílulas anticoncepcionais resolve?
Já ouvi como resposta que “Se não houver pizzarias próximas, e a pessoa estiver com muita fome, assim como se não se encontrar o remédio pedido, e a paciente não quiser engravidar, resolve”.
Bom... uma pizza NÃO é um cachorro quente. Pílulas anticoncepcionais NÃO tratam pneumonias graves. Um diagnóstico errado simplesmente NÃO leva a um tratamento com o desfecho esperado: experimente tomar apenas chá de hortelã para tratar um carcinoma uterino extenso e veja no que dá... Um resultado que NÃO corresponde ao solicitado NÃO substitui a resposta correta.
Todavia, vivemos uma geração de relativismos pós-modernistas que expressa de modo convicto a opinião de que qualquer coisa vale – mesmo o que não resolve, mesmo o que não foi pedido, mesmo a interpretação equivocada ou a boa vontade improdutiva. Crianças ganham medalhinhas simplesmente por “comparecer” a um evento, sem que seja necessário atingir qualquer marca de desempenho (eficiência, tempo, esforço, superação, etc).
Sem dar o nome aos bois, seguiremos nesse discurso de fraquezas em que a autopiedade e auto-insuficiência provocam condescendências adaptativas, não mudanças.
Depressão, Ansiedade e Pânico são fraquezas de Caráter. Mas virou ofensa chamar as coisas pelo que elas são. Existe todo um suporte sócio-cultural para que as pessoas continuem achando válido sentir pena de si mesmas, então é exatamente isso que elas fazem. E atacam com unhas e dentes quem quer que desnude suas tolices e infantilidades.
Já ouvi como resposta que “Se não houver pizzarias próximas, e a pessoa estiver com muita fome, assim como se não se encontrar o remédio pedido, e a paciente não quiser engravidar, resolve”.
Bom... uma pizza NÃO é um cachorro quente. Pílulas anticoncepcionais NÃO tratam pneumonias graves. Um diagnóstico errado simplesmente NÃO leva a um tratamento com o desfecho esperado: experimente tomar apenas chá de hortelã para tratar um carcinoma uterino extenso e veja no que dá... Um resultado que NÃO corresponde ao solicitado NÃO substitui a resposta correta.
Todavia, vivemos uma geração de relativismos pós-modernistas que expressa de modo convicto a opinião de que qualquer coisa vale – mesmo o que não resolve, mesmo o que não foi pedido, mesmo a interpretação equivocada ou a boa vontade improdutiva. Crianças ganham medalhinhas simplesmente por “comparecer” a um evento, sem que seja necessário atingir qualquer marca de desempenho (eficiência, tempo, esforço, superação, etc).
Sem dar o nome aos bois, seguiremos nesse discurso de fraquezas em que a autopiedade e auto-insuficiência provocam condescendências adaptativas, não mudanças.
Depressão, Ansiedade e Pânico são fraquezas de Caráter. Mas virou ofensa chamar as coisas pelo que elas são. Existe todo um suporte sócio-cultural para que as pessoas continuem achando válido sentir pena de si mesmas, então é exatamente isso que elas fazem. E atacam com unhas e dentes quem quer que desnude suas tolices e infantilidades.
11 abril 2018
QUANTO O BRASIL DEVERIA ESTAR INVESTINDO NA SAÚDE PÚBLICA?
De acordo com o World Bank, os 15 países mais democráticos do mundo investem 10,0% de seu PIB em saúde - o equivalente a uma média de US$ 4.803 per capta por ano. Por aqui, investimos anualmente 8,3% do nosso PIB em saúde - o equivalente a US$ 830 per capta por ano.
Como o Brasil recolhe em impostos o equivalente a 34% do PIB e os 15 Países mais Democráticos, 38,7%, se fôssemos respeitar a equivalência relativa ao porcentual da carga tributária sobre o PIB e número de pessoas na população, o montante brasileiro investido em saúde deveria ser de US$ 4.178 per capta por ano – ou 5 vezes o repasse atual.
Todavia, pode-se argumentar que nem todos os 15 Países Mais Democráticos ostentam sistemas públicos universais de saúde semelhantes ao nosso SUS: apenas Noruega, Islândia, Suécia, Canadá, Finlândia e Reino Unido possuem sistemas 100% públicos e 100% financiados pelo Estado - os demais adotam regimes mistos, com divisão do financiamento entre o Estado e o cidadão. Se restringirmos a lista apenas a estes seis países, encontramos um PIB anual médio de US$ 902 bilhões, uma carga tributária média de 41% sobre o PIB, e um investimento médio de 9,95% do PIB em saúde - equivalentes a US$ 4.784 per capta por ano. Mesmo apertando a laranja, o suco continua amargo para o nosso lado.
“Ah, mas estas comparações não valem pois estes países não são tão populosos quanto o Brasil e...”. Certo. Por uma questão de honestidade Moral, vamos fazer outro cálculo: os 15 países mais democráticos do mundo possuem um PIB per capta anual médio de US$ 53.806. O Brasil está na casa dos US$ 13.670. Apesar de nosso PIB per capta anual ser três vezes menor que a média dos 15 países mais democráticos do mundo, ainda assim investimos pouco em saúde: seguindo a regra da proporcionalidade, se países com PIBs per capta de US$ 53.806 são capazes de investir US$ 4.803 em saúde per capta por ano, o Brasil, com um PIB per capta anual de US$ 13.670, deveria estar investindo US$ 1.220 em saúde per capta por ano – ou quase o dobro do que investe atualmente.
De onde quer que se olhe, a matemática aponta para uma mesma direção: nosso Estado não sofre de um problema de financiamento. Ele padece, sim, de uma moléstia endêmica de péssimo gerenciamento político.
Como o Brasil recolhe em impostos o equivalente a 34% do PIB e os 15 Países mais Democráticos, 38,7%, se fôssemos respeitar a equivalência relativa ao porcentual da carga tributária sobre o PIB e número de pessoas na população, o montante brasileiro investido em saúde deveria ser de US$ 4.178 per capta por ano – ou 5 vezes o repasse atual.
Todavia, pode-se argumentar que nem todos os 15 Países Mais Democráticos ostentam sistemas públicos universais de saúde semelhantes ao nosso SUS: apenas Noruega, Islândia, Suécia, Canadá, Finlândia e Reino Unido possuem sistemas 100% públicos e 100% financiados pelo Estado - os demais adotam regimes mistos, com divisão do financiamento entre o Estado e o cidadão. Se restringirmos a lista apenas a estes seis países, encontramos um PIB anual médio de US$ 902 bilhões, uma carga tributária média de 41% sobre o PIB, e um investimento médio de 9,95% do PIB em saúde - equivalentes a US$ 4.784 per capta por ano. Mesmo apertando a laranja, o suco continua amargo para o nosso lado.
“Ah, mas estas comparações não valem pois estes países não são tão populosos quanto o Brasil e...”. Certo. Por uma questão de honestidade Moral, vamos fazer outro cálculo: os 15 países mais democráticos do mundo possuem um PIB per capta anual médio de US$ 53.806. O Brasil está na casa dos US$ 13.670. Apesar de nosso PIB per capta anual ser três vezes menor que a média dos 15 países mais democráticos do mundo, ainda assim investimos pouco em saúde: seguindo a regra da proporcionalidade, se países com PIBs per capta de US$ 53.806 são capazes de investir US$ 4.803 em saúde per capta por ano, o Brasil, com um PIB per capta anual de US$ 13.670, deveria estar investindo US$ 1.220 em saúde per capta por ano – ou quase o dobro do que investe atualmente.
De onde quer que se olhe, a matemática aponta para uma mesma direção: nosso Estado não sofre de um problema de financiamento. Ele padece, sim, de uma moléstia endêmica de péssimo gerenciamento político.
10 abril 2018
A MORALIDADE DOS IMPOSTOS
Eu costumava afirmar tacitamente que “imposto é roubo” por considerar a cobrança de impostos uma imoralidade injustificável. Entretanto, refletindo com um pouco mais de maturidade e Razão, percebi que existe uma grande diferença entre dizer que algo é “Moralmente errado” e que algo é “Improdutivo”.
Quando você diz “sexo fora do casamento é errado”, ou “sexo é sujo”, ou “é errado gostar de pornografia”, você não está enunciando fatos lógicos e objetivos, mas recitando princípios Morais de cunho religioso. Nenhuma dessas atividades é intrinsecamente “Improdutiva”. Elas apenas são o que são.
Neste sentido, cobrar impostos é um roubo tanto quanto sexo é um pecado: impostos são uma maneira de a sociedade financiar o Estado que ela mesma engendrou para cuidar de assuntos que ou estão acima da capacidade resolutiva de um único indivíduo isoladamente ou lhe são simplesmente desinteressantes - você quer mesmo assumir a manutenção mecânica dos caminhões de lixo, determinar a escala de plantão do hospital local, asfaltar ruas, organizar o trânsito e desenvolver todo o material escolar de seu município, entre outras milhares de tarefas?
Sim, em plena era da hiperconectividade sem fronteiras, qualquer um que defenda a persistência ou tencione louvar os méritos de um Estado gigante sustentado por impostos do mesmo tamanho é certamente um ingênuo, um lunático ou um canalha, e devia estudar mais sobre Alvin Toffler. Todavia, a raiz do nosso problema não está na defesa da Liberdade ou no questionamento da legitimidade da cobrança de impostos, mas no modo como eles retornam à sociedade.
Em primeiro lugar, não existe Liberdade dentro de um sistema Político - seja ele democrático ou não. Qualquer regime nasce da concordância coletiva em limitar certas Liberdades em nome de segurança, controle, estabilidade e prosperidade. Uma vez cerceada por seja qual for o motivo, qualquer autodeterminação deixa de ser Liberdade autônoma e necessita ser financiada de alguma maneira.
Em segundo lugar, os direitos e as ideias de justiça que aceitamos para estabelecer o convívio em sociedade baseiam-se na premissa de que cada um de nós precisa ser protegido da ganância dos outros seres humanos que ameaçam nossa segurança – esses direitos e ideias, portanto, são conceitos de tutela. Novamente, esta tutela possui custos. Se você vive em sociedade, por menores que sejam estes custos, eles sempre existirão – e quem irá arcar com eles?
No final das contas, o debate sobre impostos não trata de uma violação ilegítima da liberdade e da autonomia dos cidadãos, mas de um julgamento econômico sobre a Improdutividade Qualitativa do Governo. Qualquer julgamento Moral abordando impostos fora deste contexto é uma mera birra adolescente desvinculada do mundo prático.
___________
Extraído de Sobre a Natureza e a Crise da Moralidade, em edição.
Quando você diz “sexo fora do casamento é errado”, ou “sexo é sujo”, ou “é errado gostar de pornografia”, você não está enunciando fatos lógicos e objetivos, mas recitando princípios Morais de cunho religioso. Nenhuma dessas atividades é intrinsecamente “Improdutiva”. Elas apenas são o que são.
Neste sentido, cobrar impostos é um roubo tanto quanto sexo é um pecado: impostos são uma maneira de a sociedade financiar o Estado que ela mesma engendrou para cuidar de assuntos que ou estão acima da capacidade resolutiva de um único indivíduo isoladamente ou lhe são simplesmente desinteressantes - você quer mesmo assumir a manutenção mecânica dos caminhões de lixo, determinar a escala de plantão do hospital local, asfaltar ruas, organizar o trânsito e desenvolver todo o material escolar de seu município, entre outras milhares de tarefas?
Sim, em plena era da hiperconectividade sem fronteiras, qualquer um que defenda a persistência ou tencione louvar os méritos de um Estado gigante sustentado por impostos do mesmo tamanho é certamente um ingênuo, um lunático ou um canalha, e devia estudar mais sobre Alvin Toffler. Todavia, a raiz do nosso problema não está na defesa da Liberdade ou no questionamento da legitimidade da cobrança de impostos, mas no modo como eles retornam à sociedade.
Em primeiro lugar, não existe Liberdade dentro de um sistema Político - seja ele democrático ou não. Qualquer regime nasce da concordância coletiva em limitar certas Liberdades em nome de segurança, controle, estabilidade e prosperidade. Uma vez cerceada por seja qual for o motivo, qualquer autodeterminação deixa de ser Liberdade autônoma e necessita ser financiada de alguma maneira.
Em segundo lugar, os direitos e as ideias de justiça que aceitamos para estabelecer o convívio em sociedade baseiam-se na premissa de que cada um de nós precisa ser protegido da ganância dos outros seres humanos que ameaçam nossa segurança – esses direitos e ideias, portanto, são conceitos de tutela. Novamente, esta tutela possui custos. Se você vive em sociedade, por menores que sejam estes custos, eles sempre existirão – e quem irá arcar com eles?
No final das contas, o debate sobre impostos não trata de uma violação ilegítima da liberdade e da autonomia dos cidadãos, mas de um julgamento econômico sobre a Improdutividade Qualitativa do Governo. Qualquer julgamento Moral abordando impostos fora deste contexto é uma mera birra adolescente desvinculada do mundo prático.
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Extraído de Sobre a Natureza e a Crise da Moralidade, em edição.
CROWDFUNDING PARA 26 ESTÁTUAS DE OURO
Anote este nome: Cristiano Zanin Martins, e vamos construir uma estátua de ouro em cada capital brasileira louvando este verdadeiro Herói da Democracia!
Com 40 anos de idade e atuando no escritório Teixeira & Martins Advogados, Sr. Zanin tornou-se um dos principais defensores do Sr. Cefalópode.
Seu escritório recebeu R$ 68,2 milhões da Fecomércio entre 2012 e 2017, segundo dados levantados pela Receita Federal - valores que estão sendo investigados devido à possível relação escusa com custos pagos pela assessoria no processo do ex-presidente.
Montado nessa grana surreal, o Sr. Zanin engendrou proezas dignas de aplausos:
- Com suas brigas constantes com o Sr. Moro, conseguiu levar a contenda ao nível de uma perceptível briga de Egos, com desvantagens óbvias para o seu cliente.
- Auxiliou o Cefalópode a produzir provas contra si mesmo e ainda as anexou aos autos na forma de recibos grosseiramente falsificados.
- Participou da derrota na Primeira Instância, que sentenciou nosso Teuthida de 9 dedos a 9 anos e 6 meses de cana.
- Não satisfeito, conduziu a jogada para a Segunda Instância, obtendo outro gol de placa: a pena foi ampliada para 12 anos e 1 mês...
- Possivelmente graças às suas performances na mídia, criou um clima de animosidade até com o alto comando militar, que derradeiramente pressionou o placar de 6 a 5 no julgamento do habeas corpus no STF.
- Deixou de orientar seu cliente de modo ostensivo quanto à necessidade de seguir o escrito e publicado na lei, permitindo seguidas demonstrações de escárnio com uma ordem de prisão emitida por um Tribunal Federal - cujas nada afáveis repercussões provavelmente se desdobrarão ao longo dos próximos capítulos de nossa tragi-comédia esquerdista.
Se não fosse por esta elaboradíssima - e caríssima! - sequência de ações, teríamos um Mollusca milionário à solta hoje.
Por tudo isso, o Sr. Zanin tem meu apreço. Sinceramente.
Com 40 anos de idade e atuando no escritório Teixeira & Martins Advogados, Sr. Zanin tornou-se um dos principais defensores do Sr. Cefalópode.
Seu escritório recebeu R$ 68,2 milhões da Fecomércio entre 2012 e 2017, segundo dados levantados pela Receita Federal - valores que estão sendo investigados devido à possível relação escusa com custos pagos pela assessoria no processo do ex-presidente.
Montado nessa grana surreal, o Sr. Zanin engendrou proezas dignas de aplausos:
- Com suas brigas constantes com o Sr. Moro, conseguiu levar a contenda ao nível de uma perceptível briga de Egos, com desvantagens óbvias para o seu cliente.
- Auxiliou o Cefalópode a produzir provas contra si mesmo e ainda as anexou aos autos na forma de recibos grosseiramente falsificados.
- Participou da derrota na Primeira Instância, que sentenciou nosso Teuthida de 9 dedos a 9 anos e 6 meses de cana.
- Não satisfeito, conduziu a jogada para a Segunda Instância, obtendo outro gol de placa: a pena foi ampliada para 12 anos e 1 mês...
- Possivelmente graças às suas performances na mídia, criou um clima de animosidade até com o alto comando militar, que derradeiramente pressionou o placar de 6 a 5 no julgamento do habeas corpus no STF.
- Deixou de orientar seu cliente de modo ostensivo quanto à necessidade de seguir o escrito e publicado na lei, permitindo seguidas demonstrações de escárnio com uma ordem de prisão emitida por um Tribunal Federal - cujas nada afáveis repercussões provavelmente se desdobrarão ao longo dos próximos capítulos de nossa tragi-comédia esquerdista.
Se não fosse por esta elaboradíssima - e caríssima! - sequência de ações, teríamos um Mollusca milionário à solta hoje.
Por tudo isso, o Sr. Zanin tem meu apreço. Sinceramente.
A BOA E VELHA CANALHICE DAS METANARRATIVAS DE ESQUERDA
Em uma Face-conversa, recebo a seguinte réplica para uma postagem: "No Brasil só há quem é contra o Lula e o PT. A corrupção que se foda. Vc já fez algum ato anti corrupção? Só vi atos contra o Lula e contra o PT. Cadê as manifestações contra o Temer? Vc participaria delas?".
Pois bem. Existem apenas 3 explicações possíveis para este tipo de indignação:
1 - O sujeito ou sujeita lê e estuda pouco.
2 - O sujeito ou sujeita tem a memória muito curta.
3 - O sujeito ou sujeita está canalhisticamente apelando para a Falácia do Espantalho, pois sua ideologia socialista-comunista foi irremediavelmente encurralada pelo conjunto acumulado das evidências mais recentes.
As opções 1 e 2 podem ser contornadas por uma rápida pesquisa no Google (p.ex.: vide links que acompanham este comentário).
A opção 3, entretanto, só pode ser resolvida sob acompanhamento psiquiátrico.
________
Alguns links que desconstroem a alucinação da esquerda quanto à "seletividade ideológica" das manifestaçôes anti-corrupção:
https://www.google.com.br/amp/s/oglobo.globo.com/brasil/ha-16-anos-setores-do-pt-pediam-impeachment-governo-acusava-golpe-15979631%3fversao=amp
https://m.oglobo.globo.com/brasil/a-incomoda-companhia-dos-escandalos-casos-de-corrupcao-estouraram-em-todos-os-governos-15598762?versao=amp
https://m.oglobo.globo.com/politica/manifestantes-participam-da-marcha-contra-corrupcao-2702393
https://veja.abril.com.br/politica/vinte-anos-apos-collor-brasil-da-guinada-contra-corrupcao/amp/
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc26089902.htm
Pois bem. Existem apenas 3 explicações possíveis para este tipo de indignação:
1 - O sujeito ou sujeita lê e estuda pouco.
2 - O sujeito ou sujeita tem a memória muito curta.
3 - O sujeito ou sujeita está canalhisticamente apelando para a Falácia do Espantalho, pois sua ideologia socialista-comunista foi irremediavelmente encurralada pelo conjunto acumulado das evidências mais recentes.
As opções 1 e 2 podem ser contornadas por uma rápida pesquisa no Google (p.ex.: vide links que acompanham este comentário).
A opção 3, entretanto, só pode ser resolvida sob acompanhamento psiquiátrico.
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Alguns links que desconstroem a alucinação da esquerda quanto à "seletividade ideológica" das manifestaçôes anti-corrupção:
https://www.google.com.br/amp/s/oglobo.globo.com/brasil/ha-16-anos-setores-do-pt-pediam-impeachment-governo-acusava-golpe-15979631%3fversao=amp
https://m.oglobo.globo.com/brasil/a-incomoda-companhia-dos-escandalos-casos-de-corrupcao-estouraram-em-todos-os-governos-15598762?versao=amp
https://m.oglobo.globo.com/politica/manifestantes-participam-da-marcha-contra-corrupcao-2702393
https://veja.abril.com.br/politica/vinte-anos-apos-collor-brasil-da-guinada-contra-corrupcao/amp/
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc26089902.htm
06 abril 2018
POR QUE AINDA PRECISAMOS FALAR SOBRE COMUNISMO?
Como bem observou o reitor da Universidade Positivo, comentarista econômico da Rádio CBN Curitiba e membro do conselho editorial da Gazeta do Povo, José Pio Martins, “os dois maiores resultados do Comunismo sempre foram a escassez de produção e a abundância de sangue”.
Apesar dessas peculiaridades bastante conhecidas, algumas pessoas acreditam que o Comunismo já foi discutido o suficiente, debatido o suficiente, chutado o suficiente, e que não apresenta mais risco algum. Tratam-no como um assunto enfadonho.
Não deveriam.
A mentalidade socialista-comunista encontra-se tão entranhada no raciocínio do brasileiro médio que não causa surpresa quando, ao menor sinal de problema, todos esperam por uma solução que venha do Estado, e não da soma da responsabilidade individual de cada um dos cidadãos.
Esta tal mentalidade “marxista” é essa voz reconfortante que sopra atrás da sua orelha dizendo que seus problemas não são seus exatamente, que existem forças ocultas trabalhando contra seu sucesso, e que o Estado deveria financiar cada uma de suas idéias, cada um de seus desejos e cada um de seus confortos – pois todos estes são seus “direitos por lei”.
Parte desta tolerância confortável que temos com a mentalidade comunista talvez advenha da falta de percepção sobre o que o regime realmente é: uma fraude manipuladora genocida e atroz, com discursos digressivos absolutamente desconectados da realidade e um grau de falsidade que colocaria no chinelo embusteiros como Pinóquio, Victor Lustig (o homem que vendeu a Torre Eiffel), Frank Abagnale ou Marcelo Nascimento da Rocha.
Apesar dessas peculiaridades bastante conhecidas, algumas pessoas acreditam que o Comunismo já foi discutido o suficiente, debatido o suficiente, chutado o suficiente, e que não apresenta mais risco algum. Tratam-no como um assunto enfadonho.
Não deveriam.
A mentalidade socialista-comunista encontra-se tão entranhada no raciocínio do brasileiro médio que não causa surpresa quando, ao menor sinal de problema, todos esperam por uma solução que venha do Estado, e não da soma da responsabilidade individual de cada um dos cidadãos.
Esta tal mentalidade “marxista” é essa voz reconfortante que sopra atrás da sua orelha dizendo que seus problemas não são seus exatamente, que existem forças ocultas trabalhando contra seu sucesso, e que o Estado deveria financiar cada uma de suas idéias, cada um de seus desejos e cada um de seus confortos – pois todos estes são seus “direitos por lei”.
Parte desta tolerância confortável que temos com a mentalidade comunista talvez advenha da falta de percepção sobre o que o regime realmente é: uma fraude manipuladora genocida e atroz, com discursos digressivos absolutamente desconectados da realidade e um grau de falsidade que colocaria no chinelo embusteiros como Pinóquio, Victor Lustig (o homem que vendeu a Torre Eiffel), Frank Abagnale ou Marcelo Nascimento da Rocha.
UMA SUCESSÃO DE FALCATRUAS
Segundo Lênin, o comunismo “é a produtividade de operários voluntários, conscientes, unidos, dispondo de uma técnica de vanguarda; uma produtividade elevada em relação à produtividade do trabalho capitalista".
Cem anos depois, ainda estamos aguardando a tal “elevada produtividade voluntária comunista”: os cinco países comunistas que ainda existem no mundo (China, Coreia do Norte, Vietnã, Laos e Cuba) apresentam um PIB per capta médio equivalente a APENAS 12% (sim, DOZE por cento) daquele dos cinco países mais capitalistas.
“A destruição da propriedade privada dos meios de produção e a libertação do trabalho de toda espécie de exploração são uma base firme para o desenvolvimento progressivo da moral comunista”, afirmou Viktor Nikolaevich Kolbanoski em A Moral Comunista (1947), completando: “Não há nada mais progressista, mais digno dos esforços humanos do que servir ao comunismo, que é o regime social mais avançado e o mais justo”.
Será?
Os países comunistas que ainda existem no mundo apresentam um IDH médio de 0,703, ao passo em que os países capitalistas onde o livre mercado é mais forte apresentam um IDH médio de 0,923.
Em outras palavras: o regime social “mais avançado e mais justo” produz sociedades com uma qualidade de vida 31% INFERIOR àquela dos países onde reina o “maldito capitalismo canibalista egocêntrico”.
“A moral comunista exige que todas as manifestações de insensibilidade e de burocratismo sejam energicamente combatidas”, escreveu o teórico Kolbanoski. Mas existem governos mais burocráticos e insensíveis ao individualismo que os Estados comunistas?
De acordo com o ranking de facilidade para fazer negócios, organizado pelo World Bank Group, o Vietnã é o país comunista com a melhor colocação na lista, ocupando a 68ª posição entre 190 países. A China fica em 78º e o Laos, em 141º. Coreia do Norte e Cuba sequer oferecem dados suficientes para determinar o índice.
Em termos comparativos, dos cinco países mais capitalistas do mundo, três (Nova Zelândia, Singapura e Hong Kong) estão entre os lugares menos burocráticos do mundo para se fazer negócios.
Quanto mais as evidências acumuladas demonstram a mentira e a falsidade interna da moral Comunista, tanto mais sua linguagem oficial se torna hipócrita, na vã tentativa de ocultar sua sequência inacreditável de fraudes.
Disfarçado com peles de altruísmo consequencialista, o Comunismo é mais arrogante, arbitrário e desonesto que qualquer forma de capitalismo jamais foi.
UMA CATÁSTROFE ESTRANHAMENTE TOLERADA
A maioria das pessoas torce o nariz quando vê uma bandeira nazista – e todos estão certos em agir desta forma. O Nazismo matou 20 milhões de pessoas, incluindo judeus, ciganos, homossexuais, comunistas e indivíduos com deficiências físicas. Entretanto, quantas pessoas torcem o nariz da mesma maneira quando falamos de Comunismo?
Rudolph Joseph Rummel, falecido professor emérito de ciência política e um dos mais aclamados especialistas mundiais em democídio, calculou que o comunismo matou 170 milhões de pessoas apenas no século XX.
Em seu livro Statistics of Democide: Genocide and Mass Murder since 1900, publicado em 1998, Rummel afirma que todas as guerras ocorridas entre 1900 e 1987 custaram a vida de aproximadamente 34 milhões de pessoas – contabilizados aí os óbitos da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, da Guerra da Coreia e das Revoluções no México e na Rússia. Para efeito de comparação, Mao TseTung, por meio de seu regime, foi responsável por duas vezes mais mortes que todas estas guerras ajuntadas.
Ainda que o comunismo tenha ceifado a vida de dezenas de milhões de pessoas e ser completamente ineficiente na maioria dos indicadores em que se autoafirma “campeão”, ele é capaz de operar uma mágica e não ser considerado hediondo pelo consciente coletivo.
Com uma frequência assombrosa, o Comunismo é ensinado nas escolas e nas faculdades como um sistema “teoricamente bom” (o nazismo era “teoricamente bom”?), não tendo obtido o merecido sucesso simplesmente por ter sido “mal executado”.
O Comunismo não deveria ser motivo de risos sardônicos, gracejos, esperanças preguiçosas, idealizações românticas ou qualquer tipo de idolatria: ele deveria ser incriminado como uma catástrofe horrenda, como uma das maiores bestialidades que a humanidade já produziu e assistiu – e tratado agressiva e diligentemente de acordo com todos os seus espólios de maldade.
Pare de aliviar a barra para este monstro.
03 abril 2018
PENSANDO UM PROJETO POLÍTICO PARA O BRASIL
Durante 96% do tempo de existência do Homo sapiens neste planeta, vivemos em pequenas comunidades Paleolíticas nômades, construídas sobre fortíssimos laços familiares. Este foi o contexto que formatou a configuração de nossos corpos e o enredo de nossos raciocínios.
Nos 4% mais recentes, produzimos uma realidade Neolítica completamente diversa dos milênios anteriores: agrupamo-nos em cidades cada vez populosas e complexas, associando culturas e absorvendo estrangeiros, e mantivemos a governabilidade dessas saladas humanas por meio de Moralidades Absolutas, externadas em Impérios e Estados Monárquicos Constitucionais que geraram estabilidade social, semearam tecnologia, pariram a Renascença, a Reforma, o Mercantilismo, o Iluminismo, a Revolução Industrial, o Capitalismo e até mesmo o infame Comunismo.
E então, há pouco mais de 200 anos, deslumbrados com nossos avanços e fundamentados em meia dúzia de delírios rousseaunianos, ressuscitamos o espírito grego ancestral da Democracia construindo um Frankenstein de incongruências nunca antes testadas – e passamos a nos surpreender com suas ineficiências.
CARACTERÍSTICAS E O VALOR OBJETIVO DA DEMOCRACIA
As principais características dos regimes Democráticos incluem:
1 – Mudança de governo por meio de eleições.
2 – Participação ativa do povo (cidadãos) na vida política e cívica
3 – Proteção dos direitos humanos,
4 – Igualdade de todos os cidadãos perante a Lei.
Consideradas estas premissas e alguns outros indicadores que aferem o nível de democracia de uma nação, as agências The Economist e Business Insider elencaram os países mais democráticos e menos democráticos do mundo (tabelas 1 e 2).
Curiosamente, todos os 15 países mais democráticos são governados por regimes parlamentaristas: em nenhum deles a figura do Presidente acumula o papel de Chefe de Estado e de Chefe Executivo.
Entre as nações mais democráticas, 60% são Monarquias Constitucionais, onde o Rei em geral possui um papel protocolar; o Presidente, eleito por voto direto, possui um papel cerimonial limitado à representação do Estado e gerência das forças armadas; e cabe ao Primeiro Ministro – um Chefe Executivo eleito pelo Parlamento – a tarefa de efetivamente conduzir o país.
Não é possível afirmar sem qualquer sombra de dúvida se a Democracia per se é capaz de elevar a qualidade de vida de um povo (o regime político como causa) ou se é uma manifestação natural de seu alto nível de desenvolvimento (o regime político como consequência). Todavia, qualquer que seja o caso, é inegável constatar que a Democracia está positivamente associada ao grau de sofisticação sócio-econômica de uma nação: em conjunto, os 15 países mais democráticos do mundo possuem um IDH 40% maior que os países menos democráticos (0,919 versus 0,561) - uma expressão bastante objetiva do valor associado à Democracia.
PRESIDENCIALISMO DIRETO É UMA PÉSSIMA IDEIA
Apreciamos pensar que os regimes Presidencialistas Plenos – onde o Presidente eleito pelo voto direto dos eleitores acumula as funções de Chefe de Estado e Chefe Executivo – são uma evolução muito superior à barbárie “paternalista” dos regimes Monárquicos ou Parlamentaristas, onde a capacidade de escolher o Chefe Executivo foi “usurpada” das mãos do povo. Entretanto, quando analisamos as nações que adotam o Presidencialismo Pleno, percebemos que seu IDH é 28% menor que o de países que são Repúblicas Parlamentaristas (0,643 versus 0,774 - tabelas 3 e 5).
Se compararmos o IDH médio das nações democráticas com Presidencialismo Pleno com aquele das nações que adotam Monarquias Constitucionais, os Presidencialistas Plenos ainda perdem por uma diferença de 18% (0,643 versus 0,775, tabelas 3 e 4).
O que fica perceptível através da análise das faixas de IDH é que uma democracia com eleição direta do Chefe Executivo não se traduz em uma democracia, mas em um projeto demagogo e maquiavélico para garantir a perpetuação da ignorância e do subdesenvolvimento sob ares de uma pretensa liberdade.
Gostamos demasiadamente de espelhar nosso animal democrático no ecossistema norte-americano, mas os EUA são uma exceção, não a regra - na mesma medida que a falência de todas as sociedades comunistas é uma regra, não a exceção. Ademais, o sistema “democrático” americano não é equivalente ao brasileiro: através de intricados mecanismos de colégios eleitorais, o voto de um cidadão não equivale a 1 voto. Por exemplo: nas eleições presidenciais de 2000, o candidato democrata Al Gore recebeu 50.999.897 votos (48,4% do total), contra 50.456.002 votos do candidato republicano George W. Bush.
Apesar da diferença de mais de meio milhão de votos sobre seu concorrente, Al Gore venceu em apenas 266 colégios eleitorais. Bush venceu em 271 colégios e levou a faixa presidencial. Diferentemente daqui, nos EUA, 1 voto não vale 1 voto. O que conta de verdade são os votos dos delegados nos colégios eleitorais – um estratagema para tentar diminuir as idiossincrasias do eleitor médio.
IDH E OS PONTOS FORA DA CURVA
Apesar do IDH não representar um índice 100% leal e confiável da saúde mental e econômica de cada um dos cidadãos em um determinado país, ele certamente oferece uma marcação objetiva de qualidade de vida: dificilmente você encontrará alguém mudando voluntaria e permanentemente de um país com IDH elevado para outro país com IDH baixo achando que está fazendo um excelente negócio.
Se porventura você discorda do emprego do IDH como uma régua para comparar nações, eu ficaria feliz em receber o indicador de desenvolvimento elaborado pela sua genialidade, assim como as tabelas e os cálculos aqui expostos re-formatados segundo o mesmo.
Dito isto, observando-se os dados coletados, percebemos alguns pontos fora da curva como o Paquistão, por exemplo: uma república parlamentarista com IDH baixo (0,550), ao passo que Arábia Saudita, uma Monarquia Islâmica Absolutista, possui um IDH elevado (0,837).
A despeito dessas exceções, a ausência de democracia costuma estar associada a uma diminuição da qualidade de vida, e um regime democrático presidencialista pleno – como o existente no Brasil - é apenas 13% melhor que um regime autoritário / não-democrático.
CONSTRUINDO UM PROJETO POLÍTICO PARA O BRASIL
Raciocine comigo: são exigidos anos de estudo para exercer profissões como advogado, médico, magistrado ou engenheiro. É impossível obter uma carteira de motorista sem alguma preparação e treinamento. Para ser professor, você deve preencher alguns critérios de conhecimento, didática e desempenho. Existem exigências discricionárias sem fim para portar uma arma. Existem provas para entrar nas universidades públicas. Em nenhum desses casos, o exercício da “cidadania” é pura e simplesmente garantido: ele deve ser, de alguma forma, conquistado por meio de esforços.
Ainda assim, anualmente, ocorrem 55 mil mortes no trânsito e bandidos ceifam a vida de 61 mil brasileiros; advogados perjuram; prédios caem; cirurgias dão errado; leis garantem privilégios grotescos; sentenças desafiam o mínimo padrão de bom senso; e 92% dos cidadãos do país têm dificuldade para se expressar na língua mãe.
Como esperar que um sistema que garanta a obrigação (peculiarmente chamada de direito) de eleger o Chefe Executivo de uma nação - algo que pode ser exercido a partir dos 16 anos de idade mesmo por analfabetos - vá funcionar algum dia, produzindo ordem e progresso?
No Brasil, o casamento entre o sufrágio universal, a obrigatoriedade do voto e o acúmulo da Chefia de Estado e da Chefia Executiva em uma só figura – o Presidente da República - conduziu a seita da democracia, com sublime perfeição, à máxima expressão de uma distopia.
Se pretendemos definir um caminho mais seguro para o desenvolvimento humano em nossa nação, devemos apostar pesadamente em regimes políticos Democráticos e Parlamentaristas, pois são eles que estão associados aos melhores índices de desenvolvimento humano.
Considerando-se os custos econômicos, sociais e culturais, a restauração da Monarquia brasileira seria mais traumática que simplesmente adotar um regime Parlamentarista, adaptando a estrutura a legislação que já existem - por exemplo, unindo as duas câmaras em uma só e realizando eleições diretas do Presidente como Chefe de Estado e eleições indiretas do Chefe Executivo pelo Parlamento.
Esta mudança reconduziria o país a um sistema político republicano e democrático associado a um IDH entre 0,774 e 0,919 – bem melhor que os 0,643 de nosso estúpido regime presidencialista pleno.
Nos 4% mais recentes, produzimos uma realidade Neolítica completamente diversa dos milênios anteriores: agrupamo-nos em cidades cada vez populosas e complexas, associando culturas e absorvendo estrangeiros, e mantivemos a governabilidade dessas saladas humanas por meio de Moralidades Absolutas, externadas em Impérios e Estados Monárquicos Constitucionais que geraram estabilidade social, semearam tecnologia, pariram a Renascença, a Reforma, o Mercantilismo, o Iluminismo, a Revolução Industrial, o Capitalismo e até mesmo o infame Comunismo.
E então, há pouco mais de 200 anos, deslumbrados com nossos avanços e fundamentados em meia dúzia de delírios rousseaunianos, ressuscitamos o espírito grego ancestral da Democracia construindo um Frankenstein de incongruências nunca antes testadas – e passamos a nos surpreender com suas ineficiências.
CARACTERÍSTICAS E O VALOR OBJETIVO DA DEMOCRACIA
As principais características dos regimes Democráticos incluem:
1 – Mudança de governo por meio de eleições.
2 – Participação ativa do povo (cidadãos) na vida política e cívica
3 – Proteção dos direitos humanos,
4 – Igualdade de todos os cidadãos perante a Lei.
Consideradas estas premissas e alguns outros indicadores que aferem o nível de democracia de uma nação, as agências The Economist e Business Insider elencaram os países mais democráticos e menos democráticos do mundo (tabelas 1 e 2).
Curiosamente, todos os 15 países mais democráticos são governados por regimes parlamentaristas: em nenhum deles a figura do Presidente acumula o papel de Chefe de Estado e de Chefe Executivo.
Entre as nações mais democráticas, 60% são Monarquias Constitucionais, onde o Rei em geral possui um papel protocolar; o Presidente, eleito por voto direto, possui um papel cerimonial limitado à representação do Estado e gerência das forças armadas; e cabe ao Primeiro Ministro – um Chefe Executivo eleito pelo Parlamento – a tarefa de efetivamente conduzir o país.
Não é possível afirmar sem qualquer sombra de dúvida se a Democracia per se é capaz de elevar a qualidade de vida de um povo (o regime político como causa) ou se é uma manifestação natural de seu alto nível de desenvolvimento (o regime político como consequência). Todavia, qualquer que seja o caso, é inegável constatar que a Democracia está positivamente associada ao grau de sofisticação sócio-econômica de uma nação: em conjunto, os 15 países mais democráticos do mundo possuem um IDH 40% maior que os países menos democráticos (0,919 versus 0,561) - uma expressão bastante objetiva do valor associado à Democracia.
PRESIDENCIALISMO DIRETO É UMA PÉSSIMA IDEIA
Apreciamos pensar que os regimes Presidencialistas Plenos – onde o Presidente eleito pelo voto direto dos eleitores acumula as funções de Chefe de Estado e Chefe Executivo – são uma evolução muito superior à barbárie “paternalista” dos regimes Monárquicos ou Parlamentaristas, onde a capacidade de escolher o Chefe Executivo foi “usurpada” das mãos do povo. Entretanto, quando analisamos as nações que adotam o Presidencialismo Pleno, percebemos que seu IDH é 28% menor que o de países que são Repúblicas Parlamentaristas (0,643 versus 0,774 - tabelas 3 e 5).
Se compararmos o IDH médio das nações democráticas com Presidencialismo Pleno com aquele das nações que adotam Monarquias Constitucionais, os Presidencialistas Plenos ainda perdem por uma diferença de 18% (0,643 versus 0,775, tabelas 3 e 4).
O que fica perceptível através da análise das faixas de IDH é que uma democracia com eleição direta do Chefe Executivo não se traduz em uma democracia, mas em um projeto demagogo e maquiavélico para garantir a perpetuação da ignorância e do subdesenvolvimento sob ares de uma pretensa liberdade.
Gostamos demasiadamente de espelhar nosso animal democrático no ecossistema norte-americano, mas os EUA são uma exceção, não a regra - na mesma medida que a falência de todas as sociedades comunistas é uma regra, não a exceção. Ademais, o sistema “democrático” americano não é equivalente ao brasileiro: através de intricados mecanismos de colégios eleitorais, o voto de um cidadão não equivale a 1 voto. Por exemplo: nas eleições presidenciais de 2000, o candidato democrata Al Gore recebeu 50.999.897 votos (48,4% do total), contra 50.456.002 votos do candidato republicano George W. Bush.
Apesar da diferença de mais de meio milhão de votos sobre seu concorrente, Al Gore venceu em apenas 266 colégios eleitorais. Bush venceu em 271 colégios e levou a faixa presidencial. Diferentemente daqui, nos EUA, 1 voto não vale 1 voto. O que conta de verdade são os votos dos delegados nos colégios eleitorais – um estratagema para tentar diminuir as idiossincrasias do eleitor médio.
IDH E OS PONTOS FORA DA CURVA
Apesar do IDH não representar um índice 100% leal e confiável da saúde mental e econômica de cada um dos cidadãos em um determinado país, ele certamente oferece uma marcação objetiva de qualidade de vida: dificilmente você encontrará alguém mudando voluntaria e permanentemente de um país com IDH elevado para outro país com IDH baixo achando que está fazendo um excelente negócio.
Se porventura você discorda do emprego do IDH como uma régua para comparar nações, eu ficaria feliz em receber o indicador de desenvolvimento elaborado pela sua genialidade, assim como as tabelas e os cálculos aqui expostos re-formatados segundo o mesmo.
Dito isto, observando-se os dados coletados, percebemos alguns pontos fora da curva como o Paquistão, por exemplo: uma república parlamentarista com IDH baixo (0,550), ao passo que Arábia Saudita, uma Monarquia Islâmica Absolutista, possui um IDH elevado (0,837).
A despeito dessas exceções, a ausência de democracia costuma estar associada a uma diminuição da qualidade de vida, e um regime democrático presidencialista pleno – como o existente no Brasil - é apenas 13% melhor que um regime autoritário / não-democrático.
CONSTRUINDO UM PROJETO POLÍTICO PARA O BRASIL
Raciocine comigo: são exigidos anos de estudo para exercer profissões como advogado, médico, magistrado ou engenheiro. É impossível obter uma carteira de motorista sem alguma preparação e treinamento. Para ser professor, você deve preencher alguns critérios de conhecimento, didática e desempenho. Existem exigências discricionárias sem fim para portar uma arma. Existem provas para entrar nas universidades públicas. Em nenhum desses casos, o exercício da “cidadania” é pura e simplesmente garantido: ele deve ser, de alguma forma, conquistado por meio de esforços.
Ainda assim, anualmente, ocorrem 55 mil mortes no trânsito e bandidos ceifam a vida de 61 mil brasileiros; advogados perjuram; prédios caem; cirurgias dão errado; leis garantem privilégios grotescos; sentenças desafiam o mínimo padrão de bom senso; e 92% dos cidadãos do país têm dificuldade para se expressar na língua mãe.
Como esperar que um sistema que garanta a obrigação (peculiarmente chamada de direito) de eleger o Chefe Executivo de uma nação - algo que pode ser exercido a partir dos 16 anos de idade mesmo por analfabetos - vá funcionar algum dia, produzindo ordem e progresso?
No Brasil, o casamento entre o sufrágio universal, a obrigatoriedade do voto e o acúmulo da Chefia de Estado e da Chefia Executiva em uma só figura – o Presidente da República - conduziu a seita da democracia, com sublime perfeição, à máxima expressão de uma distopia.
Se pretendemos definir um caminho mais seguro para o desenvolvimento humano em nossa nação, devemos apostar pesadamente em regimes políticos Democráticos e Parlamentaristas, pois são eles que estão associados aos melhores índices de desenvolvimento humano.
Considerando-se os custos econômicos, sociais e culturais, a restauração da Monarquia brasileira seria mais traumática que simplesmente adotar um regime Parlamentarista, adaptando a estrutura a legislação que já existem - por exemplo, unindo as duas câmaras em uma só e realizando eleições diretas do Presidente como Chefe de Estado e eleições indiretas do Chefe Executivo pelo Parlamento.
Esta mudança reconduziria o país a um sistema político republicano e democrático associado a um IDH entre 0,774 e 0,919 – bem melhor que os 0,643 de nosso estúpido regime presidencialista pleno.
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