Seu
padrão habitual de crenças forma um ciclo que derradeiramente
formata toda sua experiência de vida. Entenda: suas convicções
se tornam pensamentos e emoções, que então influenciam o comportamento, que por
sua vez define o caráter – e seu caráter determinará seu destino.
O que
você admite sobre o mundo e sobre si mesmo, as coisas positivas e negativas que
sua família e seus amigos lhe contaram sobre você, todo seu condicionamento
ativo e passivo frente à realidade, essas ideias não são abstratas: elas tangem
a realidade por meio de suas ações. E tudo começa lá no fundo, nos dogmas que
você carrega.
REAL, MAS NÃO VERDADEIRO
Você dá
uma topada no pé da mesa e seu pé dói; você martela seu polegar sem querer, e ele
dói; você toma uma canelada na pelada do final de semana, e sua perna dói. A dor
é um fenômeno orgânico e objetivo.
O sofrimento,
por outro lado, baseia-se numa crença. O sofrimento não é real, ele existe apenas
dentro da sua convicção. Sentir dor é compulsório; sofrer é opcional.
O
sofrimento atua como uma lente turva, separando você da realidade. Comece a
observar suas crenças – e o sofrimento derivado delas - como pré-julgamentos
que limitam sua capacidade de experimentar o mundo.
Apesar
dos seus pensamentos serem resultado de uma bioquímica real que está
acontecendo neste exato momento no seu cérebro, todas essas ideias são apenas
representações na sua mente. Elas não são a experiência do aqui, agora – assim
como um mapa não é o território que ele representa. Os pensamentos, por mais reais
que sejam, não são verdadeiros.
Em O
Mundo como Vontade e Representação, o filósofo ateu & pessimista Arthur
Schopenhauer (1788-1860) abordou este assunto com amplitude, introduzindo
alguns conceitos indianos e budistas na metafísica ocidental. Schopenhauer
basicamente afirmava que “não conhecemos a realidade como ela é, pois toda a
realidade que percebemos traz em si as marcas indeléveis das garras de nossa
subjetividade”.
Nossa convicção
na certeza da interpretação da realidade que vivemos é exatamente o que nos
separa da realidade em si. Quando estes territórios não são investigados, eles
nos impedem de alcançar a verdade. Contudo, quando aprofundamos nossa atenção e
ultrapassamos o limite das crenças, somos presenteados com as luzes de bilhões
de estrelas do que é Real.
Existem
duas maneiras de prestar atenção e eliminar do seu horizonte a poluição das
ilusões e das crenças. O primeiro método consiste em perguntar: pergunte a si mesmo, pergunte aos seus amigos, pergunte
às palavras, aos livros, atravesse todas as camadas de suas certezas,
questionando uma a uma. Pergunte, pergunte. E não se ofenda - tampouco se assuste - com as
respostas.
O
segundo método consiste em uma técnica de meditação de exercícios afins que
atende pelo nome de Atenção Plena.
EM QUE VOCÊ ESTÁ ACREDITANDO AGORA?
Que tal
começar a perceber a realidade por meio de uma atividade bem simples?
Pergunte-se: “Em quê eu estou acreditando
agora?”.
Responda
a isso. Na sequência, pergunte-se: “Isto
é real? Será possível que isso é real, mas não verdadeiro?”.
Ainda
que sua resposta seja “sim”, apenas o
fato de questionar expande o espaço que você e sua mente ocupam, e abre a
possibilidade para que você entenda que aquilo que está acreditando é somente uma
representação – e não a realidade em
si. Suas convicções são reais, mas não são verdadeiras.
Indo
mais fundo na toca do coelho, pergunte-se: “Como
é viver com essa crença? Como esta crença afeta minha vida?”. Sustentar um
sistema de crenças que lhe causa sofrimento e nenhuma evolução ou excelência em
termos de sabedoria é um investimento tolo.
Questione-se:
“Como seria minha vida se eu não
estivesse vivendo dentro desse sistema de convicções?”.
À medida que praticar a atenção plena e retirar o poder de suas percepções distorcidas, os pensamentos
e as emoções continuarão vindo, mas você se sentirá menos inclinado a acreditar
piamente neles.
Confortavelmente estabelecido em um lugar bem maior que suas ideias e suas doutrinas, você perceberá como o mundo é vasto e como a realidade é extraordinária – e nunca mais desejará retornar ao sono de ingenuidade onde as ilusões haviam lhe convencido de que elas eram tudo que existia.
Confortavelmente estabelecido em um lugar bem maior que suas ideias e suas doutrinas, você perceberá como o mundo é vasto e como a realidade é extraordinária – e nunca mais desejará retornar ao sono de ingenuidade onde as ilusões haviam lhe convencido de que elas eram tudo que existia.
Um comentário:
Suposições são sempre dúvidas, já as perguntas podem alcançar algumas certezas(mesmo que estas sejam apenas por um tempo). Portanto, não suponha, pergunte. :)
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