10 maio 2017

TOCOLÍTICOS E TRABALHO DE PARTO PREMATURO


1. Os agentes tocolíticos só devem ser utilizados entre 24 e 32 semanas de gestação.

2. DACTIL-OB (piperidolato + hesperidina + ácido ascórbico revestido) e BUSCOPAN: Não existem estudos apoiando o uso destes medicamentos como métodos tocolíticos de curto ou longo prazo. Até que estas evidências surjam, estes medicamentos podem ser considerados placebos.

2. PROGESTERONA ORAL: parece ser eficaz, talvez por um mecanismo combinado de efeitos imunológicos (redução da produção de prostaglandinas) e ação direta sobre a contratilidade do miométrio.

3. PROGESTERONA VAGINAL: tão eficaz quanto cerclagem cervical em mulheres com gestações não-gemelares, antecedente de parto prematuro e cérvice uterina menor que 25 mm.

4. AGONISTAS BETA-ADRENÉRGICOS (BETAMIMÉTICOS): são eficazes, mas devem ser utilizados com cautela devido aos múltiplos efeitos adversos. Não existem dados evidenciando a superioridade de um betamimético específico em relação aos demais.

5. MAGNÉSIO ORAL: tem o mesmo efeito que placebo. Não existem mais evidências que apoiem o uso deste medicamento como tocolítico de primeira linha

6. ANTI-PROSTAGLANDINA: a Indometacina é o agente desta classe mais estudado. Mesmo quando utilizados antes de 32 semanas de gestação e por um ciclo inferior a 48 horas, a incidência de oligodramnia e outras complicações é alta demais para justificar seu uso como tratamento de manutenção após cessação do trabalho de parto prematuro.

7. ANTAGONISTAS DE RECEPTORES DE OXCITOCINA (AROs): o Atosiban é o agente desta classe mais estudado. Ele não parece ser mais eficaz que o uso de placebo, betamiméticos ou bloqueadores de canais de cálcio. Os AROs ainda aguardam mais estudos clínicos para determinar seu verdadeiro papel na terapia tocolítica.

8. BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO: a Nifedipina é o agente desta classe mais estudado. Não existem evidências conclusivas de sua eficácia. Quando associados a drogas anti-prostaglandinas, parecem exibir a maior probabilidade de retardamento do parto e melhora do curso clínico materno-fetal.

CONCLUSÃO

A literatura disponível sobre terapia tocolítica de manutenção é cheia de conflitos. Existem debates óbvios quando às doses, o período de tratamento e as relações de risco-benefício.

Várias meta-análises não mostraram qualquer diferença significativa entre a eficácia dos vários tocolíticos atualmente disponíveis versus placebo no prolongamento da gestação de mulheres com trabalho de parto extremamente prematuro, ou na redução de óbitos perinatais.

Se desejar ler mais sobre o assunto, recomendo a excelente revisão de 2009 sobre Tratamento do trabalho de parto prematuro realizada pelo Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP (Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.31 no.8 Rio de Janeiro Aug. 2009). O texto, em português, está disponível neste link.


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