17 maio 2017

DIÁLOGOS - PARTE II


-  Oi, linda!

- Ei, lindo :)

- Comecei a leitura de Chesterton (O Que Há de Errado) e esbarrei nisso: “O sufragismo foi a Primeira Onda do feminismo – para citar a classificação utilizada por alguns estudiosos contemporâneos –, início de um movimento maior, provocador da Segunda Onda, anti-família e anti-maternidade, cuja tarefa foi levar as primeiras reivindicações, de igualdade perante a lei, para o âmbito da vida íntima, chegando, então, à Terceira Onda, experimentada hoje, com a ideologia de gênero e a tentativa de ignorar a ordem biológica, de maneira a transformar masculinidade e feminilidade em meras construções culturais”.

- Assemelha-se a um reducionismo.

- Em parte, sim. Mas o parágrafo segue dizendo: “nas palavras de Francisco José Contreras, as mulheres são as grandes vítimas da revolução sexual. Na sociedade hipersexualizada, a mulher se converte com frequência em objeto de usar e jogar fora. As feministas conseguiram impor à mulher o modelo sexual masculino - e envileceram todas". Gostei demais dessa visão.

- A questão é que isto parece levar em conta apenas um ponto de vista.

- Hum.

- Como mulher, penso que definições assim tendem a diminuir as dimensões da pessoa feminina. Concordo que houve excesso no pêndulo do feminismo e é preciso trazê-lo para o centro. Mas será possível?

- O pêndulo voltará ao centro por si só.

- Será? O movimento todo se tornou um excesso de ideologias e inocências. Se continuar nesse balanço, pode representar a extinção de nossa espécie, com homens e mulheres se recusando a reproduzir... :)

- Ideologias? Eu diria Deslumbramento. A onda feminista do século passado produziu uma multidão de crianças que nunca comeram mel, e que agora estão fazendo uma lambança enorme na liberdade que conquistaram. Quanto à extinção da espécie... Eu não chegaria a este extremo. Não menospreze a pressão dos genes. :)

- Crianças... rsrsrs... Sim, parece um mundo de crianças revoltadas, pessoas que querem cachorros como filhinhos.

- Por isso tenho achado o mundo das pessoas tedioso. Queria adultos para trocar ideias, mas onde encontrá-los? Um brinde aos livros! Livros e Natureza. Foi o que nos sobrou.

- Até nessa questão as pessoas estão cegas. Percebe como elas querem subverter a Natureza?

- Sim - e estão quebrando a cara, o que é bem fácil de perceber. É só contabilizar a enormidade de consumo de antidepressivos e benzodiazepínicos.

- Apoiado. Mas não culpo as mulheres pelo cenário completo.

- Hum.

- Esse problema é do Ser Humano. O Desequilíbrio vem de todos os lados.

- Argumento aceito. Mas não há de se aliviar o papel do feminismo no cenário das últimas décadas. Isso seria uma condescendência excessivamente benevolente e ingênua.

- Você nega que o exagero do patriarcado provocou esse movimento?

- De modo algum. Ação e reação. O patriarcado belicista e controlador povoou o Século XX com guerras, consumindo a mão de obra masculina em conflitos inúteis. A saída para preservação da máquina civilizatória foi a aceitação da força produtora feminina que, uma vez organizada, se voltou contra quem lhe abriu espaço. A modernidade se tornou uma Era Frankenstein Social-Sexista. Mary Shelley adoraria ver isso...

- rsrsrs

- Mas concordo que culpar um não exime o outro. As responsabilidades devem ser divididas.

- Perfeito, e isso nos leva de volta à questão: como recuperar o equilíbrio? É possível? Quem sabe com tempo, estudos e discussões...

- Eu resumiria em Tempo. É um ciclo repetitivo este, mas que funciona sempre: as gerações futuras se ressentem daquilo que as gerações passadas demoliram, e então constroem uma versão mais ponderada do passado - não necessariamente melhor, mas certamente mais adaptada à satisfação dos desejos. Foi assim com a escravatura e a liberdade sexual. Será assim com a balança patriarcado-feminismo.

- Que venha o Tempo então.

- :)

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