© Dr. Alessandro Loiola
Em um acesso de sinceridade, confesso: tenho um caso mal resolvido na cozinha. Mas calma lá com a interpretação, porque pensão alimentícia anda cara esses dias (né, Romário?). O fato é que na hora de preparar uma refeição, o utensílio que mais uso é o telefone. Nem sei mais a cor da geladeira, soterrada há anos sob várias camadas de ímãs de “disk-tudo”.
Entendo nada de cozinha.
Para evitar que me xinguem de porco chauvinista logo no início da crônica (sei que inevitavelmente farão isso a partir do meio do texto), pensei em colocar em meu histórico culinário as competências “sabe preparar miojo, fazer pipocas no microondas e encher a forma de gelo”. Mas decidi esperar o final do ano para acrescentar “capacitado para cortar ingredientes do salpicão”. É sempre recomendável adicionar um certo nível de sofisticação no currículo.
Então, sendo eu este completo analfabeto de garfo e faca, me vi como um camundongo encurralado pela vassoura no cantinho do gás quando recebi um email perguntando: qual a melhor panela para preparar as refeições?
Pensei em responder “cheia”, mas até o cinismo precisa de tempero. Pesquisando, descobri que assim como existem vários tipos de mulheres, existem vários tipos de panela – cada uma com indicações e efeitos adversos específicos.
Use “porco chauvinista!” à vontade a partir de agora.
Por exemplo: as panelas de alumínio e aço inox são como namoricos de verão - baratas e fáceis de encontrar. Apesar de excelentes para o preparo de carnes, elas podem absorver metais pesados durante o cozimento e afetar sua saúde.
Panelas de vidro são como namoradas de 20 e poucos anos: transparentes, bonitas e decorativas, esquentam muito rapidamente e devem ser desligadas com certa antecedência, ou comprometerão o resultado da refeição. Ao contrário das panelas de inox, elas não produzem só barulho quando derrubadas.
Panelas de cobre são mulheres independentes depois dos 30: mais caras e condutoras, porém menos práticas e potencialmente tóxicas. Causam uma boa impressão se você quiser passar um ar de alquimista e disfarçar seu péssimo molho culpando a limitada versatilidade gustativa dos convidados.
Panelas de teflon costumam ser utilizadas por executivos infiéis em busca de frituras rápidas, com pouco óleo. Estas panelas possuem um revestimento interno de politetrafluoretileno que as torna antiaderentes. Mas atenção: o politetrafluoretileno solta-se com alguma facilidade e jamais deve ser ingerido.
Panelas de porcelana são mulheres em plena TPM: cheias de personalidade, possuem um toque intimista (ou seria intimidador?), mancham fácil e ao menor estresse ameaçam soltar o esmalte.
Uma panela de pressão é uma mulher na pré-menopausa. Experiente, tecnologicamente pensada, não é recomendada para iniciantes. Apesar de cozinhar bem em temperaturas acima de 100 graus, todo cuidado com a válvula de pressão é pouco. Sem manutenção, ela pode explodir na sua cara quando você menos esperar.
Finalmente, a boa e velha panela de ferro é como aquela mulher que escolhemos para casar. Podem ser levadas à mesa, são versáteis e concentram mais o calor, cozinhando tudo ao mesmo tempo.
Além de manterem o sabor e as propriedades do alimento, as panelas de ferro adicionam nutrientes valiosos. Pesquisas mostram que o preparo de alimentos nesse tipo de panela chega a suprir cerca de 20% das necessidades diárias de ferro do organismo, tornando-as especialmente indicadas para quem adota uma alimentação vegetariana.
Para manter uma panela de ferro sempre em ordem, você deve tomar alguns cuidados básicos. Elas devem ser limpas com delicadeza e se possível secadas no forno quente e aconchegante. Uma vez resfriadas ao natural, aplique uma leve camada de óleo e guarde-as em um local apropriado. Com a dose certa de atenção e carinho, elas devem durar bastante. Afinal de contas, panela velha é que faz... você sabe.
28 novembro 2010
A SEMPRE BOA E CONFIÁVEL PANELA DE FERRO
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6 comentários:
Valeu a dica!!! É sempre bom ler seus textos...
Abração!
Rose
Em tempo...panela velha é a sua avó...
Ana Maria.
Ola Amigo,
O que voce diria das panelas de inox com triplo fundo de metal?
abçs,
Lucy
Prezado Alessandro, parabéns pela Panela de Ferro. Um abração.
Rubens.
Que forma leve de escrever coisas úteis...adoro teu bom humor, parabéns...
Fiquei curiosíssima para saber a razão pela qual não foram mencionadas as panelas DE BARRO nem as de PEDRA. Será por razão semelhante àquela pela qual raramente está exposto o preço dos produtos mais baratos - e geralmente melhores - nas prateleiras dos supermercados? ;-)
Caro Dr. Alessandro, meu colunista preferido do portal Plena Mulher (e se fosse mais perto, certamente seria meu clínico geral!), como você se sairia desta sinuca e conceituaria as duas "espécies" de panelas - e mulheres - que questionei acima?
Um grande abraço.
E obrigada pela honra de ser nosso colunista!
www.plenamulher.com.br
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