© Dr. Alessandro Loiola
Segundo as teorias atualmente quase aceitas, há várias centenas de zilhões de anos, em algum ponto dos vastos oceanos que cobriam a Terra, algo aconteceu. Enormes quantidades de monômeros e polímeros começaram a formar agregados colóides cada vez mais cheios de curvas e nuances. Em um processo evolucionário inacreditável, desta sopa da vida primitiva resultariam coisas tão distintas quanto um ácaro, uma esponja marinha e a Cléo Pires.
Infelizmente, a teoria evolucionista não explica exatamente qual o papel destas três entidades no crescimento espiritual da raça humana. Mas tendo a Cléo Pires como uma das conseqüências do processo evolutivo, bem, o restante até que dá para perdoar.
O fato é que antes de aparecermos por aqui, a Terra possuía outros donos. Bem antes dos índios botocudos e dos dinossauros, mas alguns milhões de anos logo após a sopa, vírus e bactérias começaram seu domínio sobre o mundo.
Apenas nas frações de segundo mais recentes da história desta partícula de poeira que chamamos de casa, nós aparecemos. Quando aportamos por essas bandas, os bisavôs bacterianos e tataravôs virais devem ter estranhado um bocado. “Como assim, planeta deles? Planeta nosso!! Chegamos aqui primeiro!”.
Até tentamos pedir desculpas. “Olhaí, a gente deixa uma meia dúzia de meninos catarrentos pra vocês irem se ocupando enquanto isso, tipo comemoração no Dia do Índio, sá’comé?”. Mas não adiantou. Refugiados em matas, micos e mosquitos, microorganismos letais aguardam sua chance de dar o bote. Vez ou outra, fazem um contato imediato do terceiro grau conosco, os alienígenas recém-chegados. As conseqüências costumam ser dramáticas.
Os historiadores creditam o declínio do Império Romano às repetidas epidemias do vírus que fez tombar Beethoven: o mortífero Orthopoxvirus, agente da varíola. No Século XIV, a Yersinia, uma bactéria transmitida pela pulga do rato, ceifou a vida de 75 milhões de pessoas – ou cerca de um terço da população da época. Uma pandemia tão devastadora que passou à história como a Peste Negra. Entre 1918 e 1919, a gripe espanhola dizimou mais 40 milhões de pessoas nos 5 continentes.
Nas últimas décadas, outras velhas doenças vêm mostrando suas garras e fazendo novas vítimas. A tuberculose, uma vez tida como em vias de extinção, vem aumentando sua incidência em cerca de 1,7% a cada ano - no Brasil, são notificados 200 novos casos diariamente. De modo emblemático, há alguns meses vem sendo ensaiada a ressurreição da moribunda Febre Amarela.
Esta doença, causada por um vírus transmitido pelo mesmo mosquito da dengue, infecta principalmente seres humanos e macacos. Os sintomas variam de acordo com a fase da doença:
FASE DE INCUBAÇÀO: corresponde aos 3-6 primeiros dias após a contaminação pelo vírus. A pessoa não sente qualquer sintoma.
FASE AGUDA: inicia-se após a fase de incubação, com febre, dor de cabeça, náuseas, vômitos, fortes dores musculares, perda do apetite, vertigens, e vermelhidão acentuada nos olhos, na face ou na língua. Os sintomas em geral melhoram após 3-4 dias.
FASE TÓXICA: cerca de 15% das pessoas com febre amarela aguda desenvolvem uma fase tóxica da doença, caracterizada por icterícia, dores abdominais, vômitos sanguinolentos, diminuição do volume urinário, sangramentos pelo nariz e pela boca, delírio, convulsões, problemas cardíacos, e disfunção nos rins e no fígado. Até metade daquelas com a forma tóxica falecem em decorrência da doença. O restante se recupera sem maiores problemas.
Não existe tratamento específico. As medidas são apenas sintomáticas, com o emprego de analgésicos, repouso e hidratação adequada. Nas formas graves, o tratamento e a observação devem ser feitos com a pessoa internada, de preferência em uma Unidade de Terapia Intensiva.
O único modo seguro de evitar a febre amarela é através da vacinação: uma única dose da vacina oferece mais de 95% de imunidade contra a doença por 10 anos.
Na infinita escala da sobrevivência, nosso jovem time de alienígenas vai defendendo a duras penas o campeonato contra levas de vírus e bactérias nonagenários. Considerando-se o tamanho da concorrência por parte dos antigos detentores do título, é de se perguntar por quanto ainda tempo seremos capazes de segurar o troféu em casa...
01 abril 2009
NÓS OS ALIENÍGENAS E A FEBRE AMARELA
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2 comentários:
Oi, Dr, gostei muito desse blog, mas lamentei não ter encontrado nada no "casamento selvagem". Quer que eu faça um poema para vc colocar lá?
Penetralia, este foi um blog que nasceu de uma idéia conjunta com uma grande amiga, mas infelizmente por falta de tempo de ambos ainda não vingou. Quem sabe, logo logo ele esteja produzindo frutos :). Abraços e obrigado pela visita,
A.
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