05 maio 2008

PALESTRANDO EM RITMO DE AVENTURA

© Dr. Alessandro Loiola


A ida até Uberlândia foi uma tranqüilidade. Uma pena não ter conseguido tempo hábil para uma parada no meio do caminho e visitar Araxá, mas não se tratava de um passeio. Era uma viagem estilo caixeiro viajante para tratar de negócios. Mais precisamente, palestras. Depois de uma merecida noite de descanso na bela cidade do triângulo mineiro, partimos para o destino final: Caldas Novas.

Com cerca de 60.000 habitantes, este pequeno município goiano é considerado o maior sítio de fontes hidrotermais do planeta. Conhecia Caldas Novas de anos passados. Não vou dizer exatamente quando ou você irá me achar Jurássico. Basta falar que, na primeira vez em que estive em Caldas, as águas quentes ainda estavam mornando.

O motivo da viagem foi uma participação no 4º Encontro Nacional Dedo de Prosa da Melhor Idade, a convite do grande amigo Juarez Eliziário. O encontro foi excepcional. Centenas de pessoas simpáticas, esbanjando após os 60 anos uma vitalidade que não se vê em muitos meninos de 20 ou 30. Oficinas, bailes, lançamento do livro Para Além da Juventude e, entre outros eventos, uma palestra muito divertida sobre a aventura de envelhecer com saúde ministrada por um médico de Beozonte. Um rapaz de óculos, meio careca e muito simpático que escreve uma coluna aos domingos no Jornal Estado de Minas... o nome me fugiu agora, mas você deve saber quem é.

Ótimas pessoas, ótima estrutura, ótimos temas. Um abraço enorme à ajuda inestimável de Juarez, Rita, Adelson, Polyana & Poliana e todos os envolvidos na organização do Encontro. Espero comparecer novamente, no próximo ano.

Terminado o evento, saímos de Caldas Novas de volta à Uberlândia e então Belo Horizonte para, no mesmo dia, pegar um vôo para Governador Valadares e de lá, seguir por estrada até Teófilo Otoni. Praticamente o estado de Minas de ponta a ponta em um dia.

Não conhecia Governador Valadares e vou lhe contar uma coisa: é quente. Muito quente. Quase tanto quanto as águas de Caldas Novas. Mas ainda assim menos quente que Teófilo Otoni, onde estive para mais duas palestras, desta vez sobre Doenças Emergentes no Século XXI.

Durante a apresentação na capital das pedras preciosas, apenas uma coisa era mais abrasadora que o sol na calçada do lado de fora: a recepção teofilotonense no auditório do SESC-MG, com direito a presença do Secretário de Saúde Walter da Silva Gonçalves, da Diretora Luciene, do Frederico, do locutor Alan, grupos da Terceira Idade e acadêmicos de várias faculdades próximas. Foi uma apresentação recompensadora e um bate-papo interessante.

Na volta para casa, após dias de muita estrada e muita gente boa, restaram excelentes lembranças e a satisfação da troca de conhecimentos. Alguns podem afirmar que conversar com um auditório em Caldas Novas e outro em Teófilo Otoni não é suficiente para mudar o Mundo. Concordo e também tenho certeza absoluta disso. Todavia, o sentimento de dever cumprido pode ser compreendido através da história da Menina e as Estrelas do Mar:

Em uma distante cidade litorânea, após uma violenta tempestade, milhares e milhares de pequenas estrelas do mar foram jogadas pelas fortes correntezas, abandonadas à própria sorte para morrerem na praia. Curiosas, as pessoas da cidade foram até o local para presenciar o estranho fenômeno.

Um casal que caminhava de mãos dadas admirando a paisagem inusitada, deteve-se diante de uma menina que parecia não prestar atenção a mais nada, exceto ao que estava fazendo: cuidadosamente, ela pegava uma estrela e a devolvia às águas do mar. Certificava-se de que ela estava bem posicionada em seu habitat, acenava tchau, pegava outra estrela e repetia tudo de novo e de novo.

O casal trocou um entreolhar rápido e disse para a menina com ar condescendente:
- O que você está fazendo?
- Devolvendo as estrelinhas para casa, ora essa.
- Mas olhe à sua volta. Deve ter mais de um milhão de estrelas espalhadas pela areia!
- Eu sei.
- E você acha que jogar uma ou outra de volta ao mar irá fazer alguma diferença?
A menina abaixou-se, devolvendo mais uma estrela e dizendo:
- Para esta, faz.... – pegando a seguinte, disse: – e para esta faz... e para esta aqui também...

Após todas as andanças, a verdadeira recompensa vem do fato de ter encontrado em Caldas Novas e Teófilo Otoni centenas de pequenas estrelas. Com alguma sorte, posso ter feito alguma diferença na vida de algumas delas. E isto basta. Por enquanto.
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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

6 comentários:

China disse...

Prezado Alessandro, gostei muito e
me fez lembrar dos bons momentos que tive em Minas Gerais; saudades.
Está de parabéns por esta bela descrição(sua viagem)e um forte abraço.

Anônimo disse...

É um enorme prazer ler o que você escreve. Parece que você vai contando a história ao vivo, como nos velhos tempos. Um abraço.

Anônimo disse...

Dr Alessandro adorei a história de sua viagem... Começei a ler e consegui claro, devido a sua perfeita descrição deste belo passeio, embarcar nesta viagem maravilhosa e, me senti como se estive lá...
Dr Alessandro, como comentou em seu último parágrafo de sua aventura, com certeza você fez a diferença na vida de muitas pessoas, pois, suas palestras devem ser excepcionais.
Um dia quero ter a oportunidade de assistir a uma palestra sua, sei que será de grande importância a mim, tanto para meu crescimento profissional, quanto meu crescimento como pessoa...
Um grande abraço.

anonimo disse...

prezado colega
muito interessante e instrutivo o q vc escreve, gostei muito
sucesso sempre e continue nos agraciando com suas palavras sábias
abraço

Anônimo disse...

Dr. Alessandro, parabenizo o trabalho que faz e digo que sou uma leitora assídua de sua coluna no bem viver. Adoro o modo como fala da realidade com toques de acidez e realismo cru, e com humor... o senhor como conhecedor da medicina, deve saber bem sobre o que eu vou perguntar.. Estou no terceiro ano e tenho que escolher uma profissão. Estou tentendo muito para a profissão de biomedicina, bioquímica, fármacia e biotecnologia... principalmente pq gostaria de descobrir a cura de uma doença.. quem sabe da aids? gostaria q se pudesse me esclarescesse a diferença, e ajudasse a esta vestibulanda a não se descabelar mais.. e outra coisa? você acha q compensa fazer num facu privada ou publica pra esssas áreas? Moro em João Monlevade, uma cidade de Minas Gerais a 2 hrs de BH. logo biotecnologia que só tem no Rio e São paulo já esta descartada. Obrigada Larissa Gabriela M. de ávila
email: larissa_monlevade@yahoo.com.br

Vilma Neris disse...

Oi Alessandro,realmente vc naum perdeu, alias so aperfeiçoou sua escrita detalhada e q nos faz viajar junto c vc...Parabens!!!Bjim p vc e familia.