© Dr. Alessandro Loiola
Falta pouco menos de uma semana para terminar o ano, e Seu Antônio chega para sua consulta de retorno, acompanhado da esposa, pacotes de exames e mais pacotes de remédios.
- Pois é, doutor, demorei mas olha nós aqui de volta!
Confiro a ficha. Demorou mesmo. A consulta em que pedi os tais exames foi há tantos meses que parece ter ocorrido um pouco antes do dilúvio bíblico. Mas bem, vá lá: pelo menos ele teve o bom senso de retornar.
Conversamos um pouco, anoto alguns dados mais importantes e pego os aparelhos para examiná-lo. Pressão Arterial: 210/130...
- Seu Antônio, e os remédios??
- Ah, doutor, vou tomando direitinho, do jeito que está na receita. Inclusive, não tenho sentido nada, uma beleza!
A esposa se ajeita na cadeira e ele treme.
- Fala a verdade, Antônio! – e antes que o Antônio possa esboçar a verdade, a esposa entrega o jogo – Ele tem medo de ficar dependente dos remédios, doutor. Então tem dia que toma um e não toma o outro, tem dia que toma o outro, mas rejeita o primeiro. E tem dia que não toma coisa alguma!
- Mas Conceição, você sabe que minha pressão normal é essa aí mesmo: 180/100, 190/100. Quando abaixa muito, me sinto mal...
A esposa dá um suspiro tão profundo que quase esgota o oxigênio no consultório. Penso em acompanhá-la, mas é melhor esclarecer que lamentar. Então vamos lá.
A Organização Mundial de Saúde define a Hipertensão como sendo uma pressão freqüentemente acima de 140 por 90. Se você é um Homo sapiens deste planeta, não tem como escapar dizendo que “sua” pressão normal não é esta. Uma pressão além destes limites cai na definição de Hipertensão Arterial, e pronto. Assuma o problema – antes que o problema suma com você.
A Hipertensão Arterial afeta uma de cada 5 pessoas no Brasil e, em mais de 95% dos casos, a causa não pode ser determinada. Isso faz com que o tratamento seja feito à base de medidas e remédios que apenas controlam, mas não curam o problema.
A Hipertensão é conhecida como um “assassino silencioso”: assim como seu Antonio, cuja pressão – de tão alta - ameaçava colidir a qualquer momento com a Estação Espacial Internacional, metade das pessoas hipertensas não sabe que sofre do problema. Não é raro ver pacientes chegando no consultório se queixando de dores de cabeça, dores musculares, inchaços nos tornozelos ou problemas no sono e, ao medir sua pressão, bingo!, lá está a Hipertensão como causa do mal estar.
Esta doença sorrateira abre as portas do seu corpo para outras doenças, tais como derrame, insuficiência cardíaca e infarto. Felizmente, as medidas para controle da Hipertensão Arterial são suficientes para diminuir ou até mesmo eliminar o risco para estas doenças. Por exemplo: manter a pressão dentro da faixa ideal reduz em mais de 20% sua chance de sofrer um ataque cardíaco.
Agora, vamos supor que você tenha recebido o diagnóstico de Hipertensão Arterial. Não é o fim do mundo, não. Você não terá que deixar de fazer as coisas que tanto gosta. Deverá apenas a aprender a cuidar melhor de si mesmo.
A primeira medida é saber que, mesmo fazendo o uso correto das medicações, sua pressão pode sair dos trilhos vez ou outra. Caso você comece a sentir dores de cabeça, tontura, zumbidos no ouvido ou fraqueza sem motivo, fique alerta. Pode ser a pressão arterial subindo novamente. Procure um lugar onde você possa medi-la com segurança.
É importantíssimo que você se mantenha o mais próximo possível do seu peso adequado. Se necessário, mude alguns hábitos alimentares. Mais da metade das pessoas hipertensas é capaz de normalizar a pressão arterial simplesmente perdendo o excesso de peso. Você pode saber se está mais ou menos em forma medindo a circunferência da sua cintura. Ela deve ser inferior a 102 cm nos homens e 88 cm nas mulheres.
Toda pessoa hipertensa deve passar por uma consulta médica de rotina a cada 4-6 meses, com um check-up completo a cada 12 meses. E jamais abandonar os remédios receitados pelo médico. Se você estiver apresentando sintomas que acredita serem decorrentes da medicação, comunique isso ao seu médico antes de interromper os remédios por conta própria.
Pratique uma atividade física regularmente. Os exercícios melhoram a saúde cardiopulmonar, ajudam a manter o peso e reduzem o ritmo cardíaco e a pressão arterial. Pessoas que praticam exercícios possuem menos da metade do risco de doença cardíaca em comparação às pessoas sedentárias.
E aproveite sempre seus momentos de lazer com as pessoas que você gosta, degustando a vida ao invés de carregar problemas para todo lado. O mundo está aos seus pés. Como sempre.
---
Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
27 dezembro 2006
09 dezembro 2006
NO CALOR DO VERÃO, É ESTRESSE OU DESIDRATAÇÃO?
© Dr. Alessandro Loiola
Como sempre ocorre desde que foi inventando o movimento de Translação, finda a Primavera, vem o Verão. Ah, o Verão...
Nessa época, o consultório meio que esvazia. Afinal de contas, é a estação do mar, do bronzeado. Daquela cadeira de nylon enferrujada que vai te deixar na mão assim que você a fincar sob o sol escaldante. Das crianças pintadas de picolé dando um colorido todo especial ao estofamento do seu carro. Do sabonete cheio de areia quando chega sua vez de tomar banho.
Ah, o verão. E você na direção do litoral, preso no maior engarrafamento do ano, sonhando alcançar a praia para experimentar tudo isso mais uma vez! Mas mal descarregou o guarda-sol e as bóias dos meninos e já é hora de voltar para o engarrafamento. Que vida, que vida! O Verão.
Como qualquer estação que se preze, o Verão tem lá os seus sintomas particulares. Por exemplo: no Inverno e no Outono, temos as irritações das vias aéreas, as gripes e os resfriados, e uma incidência maior de compulsões alimentares e distúrbios depressivos. Na Primavera, chovem rinites alérgicas e começam as lesões musculares. No Verão, é a época em que eu atendo mais pessoas se queixando de Estresse.
Desde que escapou dos laboratórios e livros de ciência no final da década de 1970, o Estresse caiu no gosto popular. Tudo quanto é tipo de queixa corre o risco de ser rotulada como “pode ser um efeito do Estresse...”. Este diagnóstico parece proliferar mais rápido que o mosquito da dengue nos meses mais quentes do ano.
O insuspeito casamento entre o Verão e o Estresse pode se explicado por uma substância que corresponde a mais de 60% do peso do seu corpo: a água. Assim como o oxigênio, ela é um dos nutrientes mais importantes da natureza. A água possui um papel essencial em quase todas as funções corporais, regulando sua temperatura, levando outros nutrientes e oxigênio até as células, removendo os resíduos do metabolismo, e protegendo vários órgãos e tecidos.
Em um dia normal de verão, o calor extremo e a umidade aumentam a perda de água e sais minerais através da transpiração e da respiração, fazendo com que uma pessoa adulta evapore mais de 2 litros de sua reserva de água em 24 horas. Quando estas perdas não são repostas corretamente, o corpo funciona com dificuldade, manifestando seu descontentamento na forma de irritabilidade, cansaço fácil, dificuldade de concentração, dores de cabeça, vertigens e náuseas - sintomas que podem ser confundidos facilmente com o popular Estresse.
Quanto mais tempo você passar desidratado, maior será seu risco de apresentar alterações na pressão arterial, na circulação sangüínea, na digestão e na função renal. Os riscos de complicações graves são maiores em pessoas acima dos 65 anos de idade, crianças com menos de 4 anos e obesos.
Para não confundir Desidratação com Estresse, e para aproveitar ao máximo os dias de sol, permita que a prevenção seja seu melhor remédio tendo sempre em mente as 7 orientações a seguir:
Pesquisas mostram que apenas uma pessoa em 5 cumpre a recomendação de beber 8 copos de água por dia. O adulto médio toma pouco mais de 4 copos de água, e cerca de 10% das pessoas não tomam um copo sequer o dia inteiro. Não caia nesta armadilha: mantenha uma garrafa de água sempre por perto, bebendo pequenas quantidades várias vezes ao longo do dia.
Não espere sentir sede para tomar um pouco de água. Se você está com sede, provavelmente seu corpo já perdeu 1 ou 2 copos da sua reserva de água. Não deixe a situação chegar a este ponto.
A água pura é o melhor líquido para manter-se hidratado. E se for gelada, ainda melhor: a água gelada é absorvida mais rapidamente, além de possuir um efeito benéfico de “refrigeração”, diminuindo o risco de superaquecimento do corpo durante o verão.
A cafeína e o álcool agem como diuréticos, fazendo com que o organismo perca mais água através da urina. É óbvio, portanto, que a xícara de café e aquela cervejinha não pode ser contabilizadas como “líquidos hidratantes”.
Refrigerantes e sucos industrializados podem conter açúcar e cafeína, que atuam acelerando o processo de desidratação. Evite-os.
Ao praticar atividades físicas, leve um recipiente com água e continue se hidratando durante o exercício. Uma simples corrida pode fazer com que você perca vários litros de água e preciosos sais minerais.
O corpo perde água até mesmo na sombra ou durante o sono, e estas perdas aumentam no verão. Comece e termine seu dia com um copo de água ou suco natural, e alimente-se regularmente, dando preferência para frutas da estação e alimentos não-industrializados.
---
Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Como sempre ocorre desde que foi inventando o movimento de Translação, finda a Primavera, vem o Verão. Ah, o Verão...
Nessa época, o consultório meio que esvazia. Afinal de contas, é a estação do mar, do bronzeado. Daquela cadeira de nylon enferrujada que vai te deixar na mão assim que você a fincar sob o sol escaldante. Das crianças pintadas de picolé dando um colorido todo especial ao estofamento do seu carro. Do sabonete cheio de areia quando chega sua vez de tomar banho.
Ah, o verão. E você na direção do litoral, preso no maior engarrafamento do ano, sonhando alcançar a praia para experimentar tudo isso mais uma vez! Mas mal descarregou o guarda-sol e as bóias dos meninos e já é hora de voltar para o engarrafamento. Que vida, que vida! O Verão.
Como qualquer estação que se preze, o Verão tem lá os seus sintomas particulares. Por exemplo: no Inverno e no Outono, temos as irritações das vias aéreas, as gripes e os resfriados, e uma incidência maior de compulsões alimentares e distúrbios depressivos. Na Primavera, chovem rinites alérgicas e começam as lesões musculares. No Verão, é a época em que eu atendo mais pessoas se queixando de Estresse.
Desde que escapou dos laboratórios e livros de ciência no final da década de 1970, o Estresse caiu no gosto popular. Tudo quanto é tipo de queixa corre o risco de ser rotulada como “pode ser um efeito do Estresse...”. Este diagnóstico parece proliferar mais rápido que o mosquito da dengue nos meses mais quentes do ano.
O insuspeito casamento entre o Verão e o Estresse pode se explicado por uma substância que corresponde a mais de 60% do peso do seu corpo: a água. Assim como o oxigênio, ela é um dos nutrientes mais importantes da natureza. A água possui um papel essencial em quase todas as funções corporais, regulando sua temperatura, levando outros nutrientes e oxigênio até as células, removendo os resíduos do metabolismo, e protegendo vários órgãos e tecidos.
Em um dia normal de verão, o calor extremo e a umidade aumentam a perda de água e sais minerais através da transpiração e da respiração, fazendo com que uma pessoa adulta evapore mais de 2 litros de sua reserva de água em 24 horas. Quando estas perdas não são repostas corretamente, o corpo funciona com dificuldade, manifestando seu descontentamento na forma de irritabilidade, cansaço fácil, dificuldade de concentração, dores de cabeça, vertigens e náuseas - sintomas que podem ser confundidos facilmente com o popular Estresse.
Quanto mais tempo você passar desidratado, maior será seu risco de apresentar alterações na pressão arterial, na circulação sangüínea, na digestão e na função renal. Os riscos de complicações graves são maiores em pessoas acima dos 65 anos de idade, crianças com menos de 4 anos e obesos.
Para não confundir Desidratação com Estresse, e para aproveitar ao máximo os dias de sol, permita que a prevenção seja seu melhor remédio tendo sempre em mente as 7 orientações a seguir:
Pesquisas mostram que apenas uma pessoa em 5 cumpre a recomendação de beber 8 copos de água por dia. O adulto médio toma pouco mais de 4 copos de água, e cerca de 10% das pessoas não tomam um copo sequer o dia inteiro. Não caia nesta armadilha: mantenha uma garrafa de água sempre por perto, bebendo pequenas quantidades várias vezes ao longo do dia.
Não espere sentir sede para tomar um pouco de água. Se você está com sede, provavelmente seu corpo já perdeu 1 ou 2 copos da sua reserva de água. Não deixe a situação chegar a este ponto.
A água pura é o melhor líquido para manter-se hidratado. E se for gelada, ainda melhor: a água gelada é absorvida mais rapidamente, além de possuir um efeito benéfico de “refrigeração”, diminuindo o risco de superaquecimento do corpo durante o verão.
A cafeína e o álcool agem como diuréticos, fazendo com que o organismo perca mais água através da urina. É óbvio, portanto, que a xícara de café e aquela cervejinha não pode ser contabilizadas como “líquidos hidratantes”.
Refrigerantes e sucos industrializados podem conter açúcar e cafeína, que atuam acelerando o processo de desidratação. Evite-os.
Ao praticar atividades físicas, leve um recipiente com água e continue se hidratando durante o exercício. Uma simples corrida pode fazer com que você perca vários litros de água e preciosos sais minerais.
O corpo perde água até mesmo na sombra ou durante o sono, e estas perdas aumentam no verão. Comece e termine seu dia com um copo de água ou suco natural, e alimente-se regularmente, dando preferência para frutas da estação e alimentos não-industrializados.
---
Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Marcadores:
alimentação,
ansiedade,
colesterol,
depressão,
dinheiro,
espinha,
felicidade,
feliz,
hpv,
insônia,
motivação,
obesidade,
pressão alta,
próstata,
saúde,
sexo,
sucesso
26 outubro 2006
APRENDENDO A DIZER NÃO
© Dr. Alessandro Loiola
Tenho inúmeros pacientes cuja pressão elevada, insônia, distúrbio da ansiedade, depressão, compulsão alimentar ou obesidade foram causados pela incapacidade de dizerem NÃO. Eles saem pela rua colocando sobre as costas toda e qualquer carga de responsabilidade que encontram pela frente. No final do dia, estão piores que o último bagaço de laranja do Ceasa, e ainda recebem críticas porque estão deixando o serviço atrasar...
Dizer NÃO é essencial, mas o problema é que não recebemos treinamento específico para isso. As empresas, as universidades, os cursos pré-nupciais, em toda parte onde se ensina a fazer alguma coisa, ninguém ensina como NÃO fazer. Contudo, existem ocasiões em que você simplesmente já tem tarefas demais, e ser capaz de dizer NÃO pode ser a única forma de manter a sanidade física e mental.
Se você vive reclamando de desgaste e sobrecarga de trabalho, e só agora percebeu que é mais uma vítima dos que não sabem dizer NÃO, recomendo o seguinte: faça uma lista das situações em que você gostaria de dizer NÃO, mas não foi capaz de abandonar o SIM. E escolha uma desculpa de acordo com sua personalidade a partir da lista abaixo:
O EXECUTIVO
Ele diz NÃO escapando pelo excesso de coisas por fazer: “O problema é que estou envolvido em outros projetos até 2096...” ou então “No momento (leia-se: até o dia em que você parar de pedir) não acredito que seja possível encaixar mais nada na agenda...”. Alguns ainda fecham com chave de ouro, tirando da pasta todo seu grau de excelência, dizendo “E além de tudo, tenho que manter aquela qualidade que você já conhece.”
O RELAÇÕES-PÚBLICAS
De repente o sujeito é seu amigo, mas ainda assim... “Rapaz, prefiro recusar agora a fazer um serviço ruim e lhe prejudicar”. Ou “Até gostaria, o problema é que estou atolado em outro trabalho, sem tempo para nada”. Porém, um verdadeiro Relações-Públicas sempre dará um jeito de emendar a recusa com algo como: “mas posso indicar alguém para ajudar se você quiser”. E lhe encaminhará para um Executivo. Ou um Pobre-Coitado.
O POBRE-COITADO
Balance a cabeça de modo tristonho enquanto repete “Olha, infelizmente não me acho a pessoa mais indicada para esse serviço”, “Não tenho muita experiência no assunto” ou “Não é o meu forte”. Mas atenção: evite emendar as 3 desculpas em uma mesma frase. Não gaste de uma vez todos os seus trunfos! Dê respostas diferentes para cada vez que o outro insistir.
Se preferir, recuse fazendo uma massagem estilo drenagem linfática no Ego do outro (“Tenho certeza de que você é capaz de fazer isso pelo menos 10.000 vezes melhor do que eu!”) ou chore um lamento hipocondríaco tipo “O médico recomendou que reservasse um tempo livre para cuidar da saúde, dedicar à família, descobrir meu verdadeiro eu, sabe como é...”.
Até eu fiquei com pena.
O PRÁTICO
Algumas vezes, um simples e curto “NÃO” é suficiente. Os especialistas em Recursos Humanos recomendam que você faça isso de modo claro, firme porém cortês, deixando todas as portas abertas para um bom relacionamento no futuro. Depois, monte um curso bem caro para contar como foi que você conseguiu um milagre desses.
---
Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Tenho inúmeros pacientes cuja pressão elevada, insônia, distúrbio da ansiedade, depressão, compulsão alimentar ou obesidade foram causados pela incapacidade de dizerem NÃO. Eles saem pela rua colocando sobre as costas toda e qualquer carga de responsabilidade que encontram pela frente. No final do dia, estão piores que o último bagaço de laranja do Ceasa, e ainda recebem críticas porque estão deixando o serviço atrasar...
Dizer NÃO é essencial, mas o problema é que não recebemos treinamento específico para isso. As empresas, as universidades, os cursos pré-nupciais, em toda parte onde se ensina a fazer alguma coisa, ninguém ensina como NÃO fazer. Contudo, existem ocasiões em que você simplesmente já tem tarefas demais, e ser capaz de dizer NÃO pode ser a única forma de manter a sanidade física e mental.
Se você vive reclamando de desgaste e sobrecarga de trabalho, e só agora percebeu que é mais uma vítima dos que não sabem dizer NÃO, recomendo o seguinte: faça uma lista das situações em que você gostaria de dizer NÃO, mas não foi capaz de abandonar o SIM. E escolha uma desculpa de acordo com sua personalidade a partir da lista abaixo:
O EXECUTIVO
Ele diz NÃO escapando pelo excesso de coisas por fazer: “O problema é que estou envolvido em outros projetos até 2096...” ou então “No momento (leia-se: até o dia em que você parar de pedir) não acredito que seja possível encaixar mais nada na agenda...”. Alguns ainda fecham com chave de ouro, tirando da pasta todo seu grau de excelência, dizendo “E além de tudo, tenho que manter aquela qualidade que você já conhece.”
O RELAÇÕES-PÚBLICAS
De repente o sujeito é seu amigo, mas ainda assim... “Rapaz, prefiro recusar agora a fazer um serviço ruim e lhe prejudicar”. Ou “Até gostaria, o problema é que estou atolado em outro trabalho, sem tempo para nada”. Porém, um verdadeiro Relações-Públicas sempre dará um jeito de emendar a recusa com algo como: “mas posso indicar alguém para ajudar se você quiser”. E lhe encaminhará para um Executivo. Ou um Pobre-Coitado.
O POBRE-COITADO
Balance a cabeça de modo tristonho enquanto repete “Olha, infelizmente não me acho a pessoa mais indicada para esse serviço”, “Não tenho muita experiência no assunto” ou “Não é o meu forte”. Mas atenção: evite emendar as 3 desculpas em uma mesma frase. Não gaste de uma vez todos os seus trunfos! Dê respostas diferentes para cada vez que o outro insistir.
Se preferir, recuse fazendo uma massagem estilo drenagem linfática no Ego do outro (“Tenho certeza de que você é capaz de fazer isso pelo menos 10.000 vezes melhor do que eu!”) ou chore um lamento hipocondríaco tipo “O médico recomendou que reservasse um tempo livre para cuidar da saúde, dedicar à família, descobrir meu verdadeiro eu, sabe como é...”.
Até eu fiquei com pena.
O PRÁTICO
Algumas vezes, um simples e curto “NÃO” é suficiente. Os especialistas em Recursos Humanos recomendam que você faça isso de modo claro, firme porém cortês, deixando todas as portas abertas para um bom relacionamento no futuro. Depois, monte um curso bem caro para contar como foi que você conseguiu um milagre desses.
---
Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Marcadores:
alimentação,
ansiedade,
colesterol,
depressão,
dinheiro,
espinha,
felicidade,
feliz,
hpv,
insônia,
motivação,
obesidade,
pressão alta,
próstata,
saúde,
sexo,
sucesso
14 setembro 2006
Vida e Saúde da Criança
Marcadores:
alimentação,
ansiedade,
colesterol,
depressão,
dinheiro,
espinha,
felicidade,
feliz,
hpv,
humildade,
insônia,
motivação,
obesidade,
orgulho,
pressão alta,
saúde,
sexo,
sucesso
Assinar:
Postagens (Atom)