25 agosto 2008

MULHERES PESO PESADO

© Dr. Alessandro Loiola


Com toda a movimentação em torno das Olimpíadas, é praticamente impossível escapar das manchetes. Acredito que vai ser assim mesmo até o dia 24 de agosto, quando a festa termina. Não sou grande fã de esportes, mas um outro flash termina atraindo a atenção da gente.

Por exemplo: não tem como não parar na frente da TV durante um nado sincronizado ou uma partida feminina de vôlei de praia. Fala sério. Duplas femininas de vôlei de praia. Aquilo é que é boa forma, meu camarada. Paro até para ver enquanto estão enxugando a quadra. Não me chame de machista: culpe o par Y do meu cromossomo X. Eu sou apenas um fenótipo. Ele é que manda.

E os esportes de hoje em dia? É um tal de mountain bike cross-country, vela yngling, skiff duplo peso leve, fossa olímpica dublê, badminton, softbol, misto finn... Nesses, eu nem me arrisco. Espero um pouco mais e volto no canal da praia para ver se terminaram de arrumar a areia. Melhor não forçar tanto as coronárias.

Dias atrás, levei um susto com uma moça chinesa, Chen Yanging, medalha de ouro em levantamento de pesos: a criança levantou 244 Kg ! Cá entre nós: no total, são quase 6 Sandy, da ex-dupla Sandy e Júnior! Tem que respeitar.

Com a conquista da Srta. Yanging, fiquei com uma pulga atrás da orelha. Nós, médicos, sempre recomendamos aos nossos pacientes que pratiquem esportes aeróbicos, como correr ou caminhar. Mas será que mulheres deveriam levantar pesos?

A resposta é sim, por vários motivos:

- A musculação aumentará sua força física, lhe deixando menos dependente dos outros no dia a dia. Desde dar um puxão de orelha no seu filho adolescente, que agora tem 1.90 m de altura e pesa mais que a mesa de granito da sala, até fazer compras e levar seu notebook para o trabalho, aumentar sua força é sempre uma boa idéia. Estudos recentes mostram que rotinas moderadas de musculação podem aumentar sua força física em 30-50% em poucas semanas.

- Você irá perder peso! Fazer musculação duas a três vezes por semana por 2 meses fará você ganhar pelo menos 1 Kg de músculos puros e perder 2 Kg de gordura. À medida que sua massa muscular aumenta, o mesmo ocorre com sua taxa de metabolismo basal, facilitando o emagrecimento e a manutenção do peso ideal. Para cada 500 gramas de músculos, você queimará 35-50 calorias a mais diariamente.

- Você ganhará forma sem parecer disforme. A musculação habitual não irá lhe deixar parecendo uma versão feminina do Arnold Schwarzenegger. Em comparação aos homens, as mulheres têm 10 a 30 vezes menos hormônios que causam hipertrofia muscular. O levantamento de pesos lhe dará tônus e definição muscular.

- A musculação é capaz de aumentar a densidade mineral óssea em 13% em apenas 6 meses, reduzindo a possibilidade de osteoporose.

- A musculação reduz o risco de dores nas costas, estiramentos, entorses e atrite. Os exercícios de musculação direcionados para o fortalecimento da região lombar são capazes de aliviar 80% dos casos de crises dolorosas neste local.

- Levantar pesos diminui o risco de doenças cardíacas. O efeito ocorre através da redução do colesterol LDL (“colesterol ruim”), aumento do colesterol HDL (“colesterol bom”) e redução da pressão arterial.

- A musculação diminui o risco de diabetes. Os estudos mostram que exercícios regulares envolvendo levantamento de pesos são capazes de melhorar o metabolismo da glicose em 23% em apenas 4 meses.

- Levantar pesos ajuda a combater o desânimo e a depressão. Pesquisas realizadas em Harvard descobriram que 10 semanas de musculação possuem quase o mesmo efeito que a psicoterapia no tratamento dos sintomas da depressão leve a moderada. Mulheres que malham regularmente em geral se sentem mais auto-confiantes e capazes – ambos fatores essenciais para combater a depressão.

O ganho de massa muscular e o aumento da força física são possíveis em qualquer idade, até mesmo em mulheres com mais de 70 ou 80 anos. Sua independência está intimamente associada à saúde da sua mente e à força dos seus músculos. Quanto mais tempo você mantiver ambos, mais poderá curtir e fazer as coisas que gosta.

Para extrair o melhor dos exercícios, lembre-se sempre de começar passando pela avaliação de um profissional de Educação Física capacitado e, de preferência, obtenha uma liberação do seu médico de confiança para a prática do esporte que você escolheu.

Daí em diante, nem o céu – tampouco a China - é o limite!

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

19 agosto 2008

A 180 CAVALOS PARA A ETERNIDADE

Curiosamente, ainda tem gente reclamando da Lei Seca, que vem provocando uma revolução silenciosa em nossas estradas. Dada minha profunda admiração pela inteligência (inteligência?) humana, só posso concluir que os reclamantes são:

(1) Vendedores de bebidas alcoólicas preocupados que a Lei possa atingir o Nervo Bolsoriano, ramo do Plexo Carteiral e um dos mais dolorosos do corpo; ou

(2) Alcoólatras convictos, ofendidos pela idéia preconceituosa de que pessoas embriagadas podem não saber dirigir direito; ou

(3) Completos ignorantes de carteira assinada. Iria dizer burros mesmo, mas talvez essa palavra seja um tanto forte e provoque indignação entre nossos parentes ungulados. Vamos ficar apenas com “ignorantes”. Assim eles ganham tempo para se informar sobre o que estão defendendo.

Minha contribuição para o terceiro grupo segue na crônica de hoje. Se não for suficiente, saia da teoria para a prática: procure um pronto-socorro e passe um fim de semana inteiro por lá, se deliciando com a construtiva mistura entre álcool e veículos motorizados – e depois a gente conversa.

Boa leitura,

Dr. Alessandro Loiola.

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A 180 CAVALOS PARA A ETERNIDADE

© Dr. Alessandro Loiola


Tendo uma ótima xícara de capuccino por testemunha, abro uma revista local e sou avisado de que a montadora X está disputando com a montadora Y o título de “carro mais veloz fabricado do Brasil”. Ambas estão produzindo máquinas com mais de 180 cavalos de potência capazes de acelerar a 220 Km/h e além.

Na página ao lado, uma imensa propaganda de festa de axé e abadás patrocinados por uma cervejaria. Palmas para o diagramador: carros lado a lado com bebidas alcoólicas. Excelente associação.

Na época das primeiras locomotivas, algumas pessoas temiam embarcar nos trens e morrer por falta de oxigênio: um punhado dos cientistas de então chegou a afirmar categoricamente que a velocidade do trem seria suficiente para sugar todo o ar de dentro dos vagões quando alcançasse os espantosos 90 Km/h de velocidade! Os bólidos atuais de fórmula 1 alcançam velocidade mais de 3 vezes superiores a esta, e não tenho notícia de mortes de pilotos por sufocação a vácuo.

O desejo por automóveis cada vez mais rápidos é um paradoxo quando observamos as ruas das cidades cada vez mais cheias de gente e as estradas, de buracos. Não por acaso, os pretensos ases do volante e seus motores de última geração respondem por cerca de 100 mortes no trânsito por dia na nação tupiniquim.

Apenas como comparação, em cinco anos de guerra no Iraque morreram algo como 4.000 soldados americanos em combate. Nossa guerra de automóveis é 50 vezes mais letal que vestir um uniforme do Tio Sam e enfrentar terroristas nos desertos do Oriente Médio.

No fundo, como a própria página de revista sugeriu, o que torna um carro brasileiro mais mortífero que um muçulmano injustiçado é a dobradinha volante x bebida alcoólicas. Mais de 60% dos acidentes automobilísticos com mortes foram antecedidos por goles “inofensivos” de louríssimas geladas e outros compostos etílicos.

Este corpo que você carregará consigo para a balada à noite ou para o churrasco no final de semana é composto basicamente por água, algumas pitadas de sais minerais e uns outros temperos exóticos. O álcool tumultua o equilíbrio dessas substâncias. Após a ingestão de pequenas quantidades, ele se distribui rapidamente por todos os tecidos, com uma preferência especial pelo cérebro.

Os sintomas iniciais de embriaguez incluem excesso de autoconfiança (“deixa que eu dirijo, não tô tão ruim assim não, pô, coalé... !”), redução do campo de visão (“... fala sério: só me diz cadê a praga da chave do carro?“, “aqui, na sua frente, ó..”), alteração da audição (“Heeiin?!?”) e do senso de equilíbrio (“péra que agora eu acerto o buraquinho da *ic* ignição...”).

A animação inicial não é nada mais do que a anestesia dos centros cerebrais responsáveis pelo controle do comportamento. Esta anestesia leva um certo tempo para passar. A eliminação do álcool não pode ser acelerada por exercícios físicos, banhos gelados ou remédios. Um bom café forte irá apenas transformar um bêbado sonolento em um bêbado acordado. A mudança dos fatores não irá alterar o produto.

Tudo que você pode fazer para se livrar da intoxicação alcoólica é esperar o tempo necessário para que o fígado metabolize e neutralize o álcool. Na maioria das pessoas, este processo leva 6 a 8 horas. Tenha paciência.

Se você consumiu duas latas de cerveja ou dois copos de vinho, você provavelmente conseguiu ultrapassar o limite considerado seguro e, de acordo com a Lei (não ria: dizem que ela, a Lei, existe mesmo), já pode ser considerado embriagado. Meus parabéns. Agora mire no pedestre mais próximo e ganhe bônus para a fase seguinte do jogo: enquanto você diz se arrepender, o infeliz inocente desencarnado pela sua ignorância apodrece debaixo da terra.

É uma troca justa ou engraçada? Antes de rir, feche os olhos e responda: se o tal inocente fosse seu pai, mãe, filho ou filha, qual a cor da coroa de flores que ficaria mais bonita no velório?

Para os alcoólatras motorizados deixo duas perguntas finais: todo mundo morre um dia, mas para que a pressa? E por que tanta questão de levar outros com você?

Diabos, não parece uma mensagem difícil de entender: se dirigir, não beba! Se beber, não dirija - ou certifique-se de ter um bom plano funerário. Assim você poderá pegar seu carro-arma-de-destruição-em-massa e passar tranqüilamente a mais de 180 cavalos por hora para a eternidade. Tenha uma boa viagem.

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

11 agosto 2008

A DESCONSTRUÇÃO DA CIÊNCIA

© Dr. Alessandro Loiola


Um saudoso professor costumava nos dizer, enquanto fazia sua corrida matinal de leitos:

- Vocês um dia estarão lá fora, clinicando e tratando seus pacientes, e devem saber o quanto antes que a medicina não é, nem nunca pretendeu ser, uma ciência exata, isenta de falhas. Assim que receberem seus carimbos, vocês verão que nossa vida profissional é uma eterna alternância entre 3 grandes categorias de médicos.

Ele fazia uma pausa, segurando um prontuário qualquer como o bom ator que espera sua deixa, e então alguém perguntava:

- Quais categorias, professor?

Levantando as sobrancelhas e olhando por cima dos óculos, sem largar o prontuário, ele concluía solenemente:

- Os que erram muito, os que erram pouco e os que só erram.

Essa história me veio à cabeça quando, durante um intervalo no hospital, uma auxiliar de enfermagem veio me perguntar assim, na surdina, como quem conta um segredo terrível ou uma infidelidade digna da Santa Inquisição:

- Doutor, o que o senhor acha da auto-hemoterapia?

E eu que achei que este assunto estava morto e enterrado. Mas não está. Graças a um posicionamento absolutamente precipitado das sociedades de especialistas, a auto-hemoterapia foi banida da prática médica.

Sob o pretexto de que “não existem evidências científicas favoráveis comprovando sua eficácia”, a auto-hemoterapia foi execrada ao limbo da charlatanice. De quebra, ao fazer propaganda da técnica, o médico carioca Dr. Luiz Moura terminou tendo seu registro cassado no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 2007. Mas isso não fez a auto-hemoterapia desaparecer – ela ainda acontece, na penumbra.

Não sou defensor da auto-hemoterapia. Concordo com seus acusadores: realmente faltam evidências sólidas. Mas, pensando cá com meus botões, então não seria o caso de ir atrás destas evidências, sejam elas boas ou desfavoráveis? Bastaria seguir os mesmos protocolos de pesquisas clínicas utilizados há décadas para avaliar novos antiinflamatórios, novos antibióticos, novas próteses, novas tecnologias - vide desde a cirurgia videolaparoscópica até os recentes avanços nas pesquisas com células-tronco.

Mas não, não houve racionalidade ao lidar com a auto-hemoterapia. Houve, sim, uma deterioração da ciência em prol de uma agenda obscura de intolerância com o novo. Curiosamente, uma agenda brandida com ares de indignação pelos mesmos bispos que deveriam defender o pensamento científico livre, leve e solto.

Como seremos capazes de enxergar o novo se continuamos saindo de casa doutrinados para ver somente as mesmas coisas de sempre?

Se você já estudou termodinâmica, certamente conhece a escala de Kelvin de temperaturas absolutas, batizada em nome do gênio William Thomson, brilhante matemático e físico irlandês também conhecido como Lorde Kelvin. Dentre as inegáveis contribuições deste homem à ciência, constam algumas bem embaraçosas.

Apesar de ser um profundo conhecedor da engenharia e da eletricidade, em 1895 Lord Kelvin profetizou: “máquinas voadoras mais pesadas que o ar não são possíveis”. Em 1897, outra pérola: “o rádio não tem futuro e os raios-X são um embuste!”. E, na aurora do Século XX, encenou sua derradeira e mais célebre escorregadela ao dizer que “a física já descobriu praticamente tudo que havia para descobrir no Universo”. Um certo Albert Einstein mostraria alguns anos depois que o buraco era um pouco mais embaixo.

A ciência biomédica está repleta de equívocos semelhantes, opiniões jogadas ao ar antes de serem submetidas ao escrutínio do método científico. Frases de efeito que mais parecem frases de defeito.

"A teoria dos germes de Louis Pasteur é uma ficção ridícula", escreveu Pierre Pachet, Professor de Fisiologia em Toulouse, 1872.”O abdome, o tórax e o cérebro permanecerão para sempre além do alcance de qualquer cirurgião humano”, disse, em 1873, Sir John Eric Ericksen, cirurgião da coroa britânica. "Não teremos artrite no ano 2000”, vaticinou o famoso reumatologista Dr. William S. Clark, em 1966.

Ah, nada como o tempo para mostrar que o futuro não é mais aquilo que costumava ser...

Enquanto a orgulhosa ciência médica torna-se ela própria uma forma religião, escravizada no apego irrestrito às normas e preceitos em detrimento da lógica, me pergunto: estamos construindo faculdades de medicina ou igrejas, templos e seitas que pregam não o amor à ciência e à curiosidade altruísta, mas uma louvação cega a dogmas empoeirados?

Nesta fogueira tão antiga, onde o preconceito ainda reina como cultura, a auto-hemoterapia e o ex-Dr. Luiz Moura foram apenas os gravetos mais recentes. Outros virão. É preciso alimentar a chama. Valha-me Santo Prometeu, filho de Jápeto! Amém.

05 agosto 2008

BURSITE NA IDADE DAS MARAVILHAS TECNOLÓGICAS

© Dr. Alessandro Loiola


As Bursas são “almofadas” achatadas que atuam como amortecedores, facilitado a movimentação dos músculos durante a fase de contração. Nós, mamíferos quase desenvolvidos, possuímos aproximadamente 160 bursas espalhadas pelo corpo. A inflamação das bursas, ou bursite, é um distúrbio comum, podendo ser causada por esforços repetitivos, alterações inflamatórias e processos infecciosos

Os sintomas da bursite variam de acordo com o local afetado. Na maioria dos casos, a dor costuma ser bem localizada, dificultando a realização de movimentos específicos. Por exemplo, no ombro, a bursite pode dificultar atividades repetitivas com o braço elevado, como erguer cargas acima do nível da cabeça. No cotovelo, a bursite pode se manifestar como dor e dificuldade para esticar o braço.

A maior bursa do corpo está localizada nos quadris. É a bursa do Iliopsoas. Ela pode ser inflamada em doenças como artrite reumatóide, osteoartrite e em lesões por esforço repetitivo – por exemplo, em pessoas que praticam corrida. As principais manifestações da bursite do Iliopsoas incluem dor na movimentação da perna e na região da virilha do lado afetado.

Existe uma bursa na raiz da coxa chamada Bursa Trocantérica. Sua inflamação manifesta-se com dores nos quadris e na coxa, sendo relativamente comum em mulheres entre 40-60 anos de idade. Caminhar ou deitar sobre o lado afetado piora a sensação de desconforto.

Por serem articulações bastante exigidas, os joelhos também são protegidos por bursas, principalmente na altura da rótula. As bursites nesta região podem ocorrer após quedas ou por ficar muito tempo ajoelhado. Outras causas comuns incluem artrite reumatóide e gota. As principais manifestações incluem dor para flexionar o joelho e dificuldade para andar e subir escadas.

Finalmente, a região do calcanhar é outro local comum de bursite. A bursite do calcâneo é mais observada em pessoas que possuem esporões no osso do calcanhar ou fazem uso contínuo de sapatos de salto alto. A dor pode ser intensa o suficiente a ponto de impedir que a pessoa caminhe direito.

O diagnóstico de uma bursite é relativamente simples, desde que se levante a suspeita correta. Havendo dúvidas, o médico poderá solicitar ultra-sonografias ou uma ressonância nuclear magnética. Exames de laboratório e radiografias não são úteis para detectar a maioria das bursites.

Em boa parte dos casos, o tratamento consiste em repouso, compressas quentes e geladas, elevação do membro afetado e antiinflamatórios. Se o local for acessível e a dor, muito intensa, podem ser realizadas infiltrações com anestésicos e corticóides no local. Bursites recorrentes podem necessitar remoção cirúrgica da bursa afetada, mas este procedimento deve ser reservado como último recurso.

Felizmente, com o tratamento adequado, praticamente todas as pessoas se recuperam bem e sem seqüelas.

Todo esse papo serviu só de pano de fundo para contar a história de um colega médico que acabara de receber um moderníssimo aparelho para detectar casos de bursite. Curioso e sabidamente sofredor de uma dor crônica no ombro, colocou um pouco de sua própria saliva no frasco de exame. Em 2 segundos o computador cuspiu o diagnóstico: “bursite no braço direito”.

Impressionado, chamou a esposa para fazer um teste. Misturou a saliva de ambos no frasco, colocou no analisador e o computador sentenciou: “bursite no braço direito e esposa estourou limite do cartão de crédito”. Incrível !, exclamou, mais por causa da precisão da máquina que do limite do cartão estourado.

Ainda querendo explorar o potencial daquela maravilha tecnológica, decidiu levar um tubo de coleta para casa. Pegou amostras da filha, do cachorro, do motor do carro, e misturou, misturou, misturou e misturou mais um pouco. No dia seguinte, voltou à máquina. Dessa vez, foram necessários quase 10 segundos de análise até que o computador respondesse em alto e bom som:

“Esposa estourou o limite do cartão, filha grávida, carro precisa de alinhamento urgente, o vira-lata está com sarna e da próxima vez que for sacudir o bendito frasco de exame, utilize o braço esquerdo, PORQUE O BRAÇO DIREITO ESTÁ COM BURSITE SEU ZÉ ORELHA...!”.

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.