© Dr. Alessandro Loiola
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Um sujeito vai ao médico para se queixar de um grave transtorno do sono:
- Doutor, toda vez que me deito na cama, acho que tem alguma coisa me ameaçando embaixo. Aí me deito embaixo da cama e acho que a coisa está em cima. Pra baixo, pra cima, pra baixo, pra cima, a noite inteira. Não consigo dormir... será que isso tem cura?
O médico rascunha uma meia dúzia de trinta remédios diferentes e sentencia:
- Tem, tem cura. Mas vai demorar uns 2 anos e serão necessárias sessões semanais de 150 reais cada uma, aqui no consultório.
Sem todo aquele dinheiro e ainda mais deprimido do que quando chegou para a consulta, o sujeito desaparece. O médico o reencontra por acaso na rua, vários meses depois.
- Rapaz, olha você aí! Não voltou mais...
- Ah, doutor, terminei encontrando a solução definitiva para meu problema num bar. E por apenas 10 reais!
- Como é que é !?
- Por 10 reais, o sujeito foi lá em casa e cortou os pés da cama...
Não recomendo que você vá procurar a cura de todos os seus males em cada barzinho da sua cidade – até porque, corre o risco de não existirem barzinhos suficientes. Mas também não recomendo que confie o sucesso de sua existência a um punhado de comprimidos escondidos em caixinhas coloridas de papelão. A insônia é um bom exemplo disso.
Apesar de extremamente comum, a insônia não é uma doença. Muitas vezes, é um alarme de outros distúrbios, tais como alergias, artrite, obesidade, doenças cardíacas, hipertensão arterial, asma, doenças reumáticas, Parkinson, Alzheimer e hipertireoidismo – para citar os mais comuns. Alterações psicológicas também são uma causa importante: estudos mostram que mais de 70% das pessoas deprimidas e 25% das pessoas excessivamente ansiosas sofrem com insônia.
Cerca de 5% dos insones apresenta um tipo especial de transtorno, chamado Insônia Psico-Fisiológica. Esta forma consiste em um ciclo vicioso onde uma primeira noite mal-dormida produz irritabilidade e ansiedade durante o dia, afetando o padrão de sono da noite seguinte, reiniciando então todo o processo. O consumo exagerado de álcool e cafeína responde por 10-15% dos episódios de insônia psico-fisiológica.
Independente da causa, a insônia pode resultar em dificuldade de concentração, dores de cabeça persistentes, problemas da memória e dificuldade em resolver problemas do dia a dia. Pesquisas recentes mostram que o sono profundo é importante para o aprendizado de habilidades repetitivas que exigem boa percepção visual (p.ex.: digitar, dirigir, manusear máquinas pesadas, etc). Diminuir uma ou duas horas de sono por noite já é o suficiente para comprometer sua performance no trabalho e aumentar o risco de acidentes no trânsito.
O tratamento da insônia deve ser iniciado pela pesquisa e correção das causas diretas. Por exemplo: normalizar a pressão arterial, combater a obesidade, tratar o hipertireoidismo, a crise de asma, as dores artríticas, a depressão, etc.
Se você não sofre de nenhuma doença grave e mesmo assim anda se queixando de insônia, o problema provavelmente está nos seus maus hábitos na hora de dormir. Neste caso, o primeiro passo é procurar a farmácia mais próxima e comprar um grande e suculento frasco de vergonha. Tome-o quase todo e ofereça o restinho àquelas visitas que teimam em ficar até mais tarde no domingo. Explico porquê.
A qualidade do sono depende de atitudes simples, como criar no quarto um ambiente escuro, silencioso e relaxante. Um banho morno seguido de um lanche leve (uma ou duas porções de fruta ao invés de 80 Kg de antílope assado com pimenta) ou tomar chás com ervas relaxantes (p.ex.: melissa, valeriana, bupleuro, camomila, erva cidreira) são medidas úteis para chamar o sono.
Nos quadros mais severos e crônicos, pode ser necessário utilizar sedativos. Entretanto, o organismo ganha resistência com o tempo, tornando necessárias doses cada vez maiores do remédio para obter os mesmos efeitos, aumentando a possibilidade de reações colaterais perigosas. Como essas drogas não curam o problema, a insônia tende a retornar tão logo os medicamentos são suspensos.
No final das contas, o segredo para aquele ronco serrado não está em remédios mirabolantes. A verdadeira solução para a insônia – e tantos outros problemas que lhe afligem - costuma se esconder no velho lugar insuspeito de sempre: dentro da sua cabeça.
Ou embaixo da cama.
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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
11 junho 2008
NÃO DORMINDO COM O INIMIGO
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4 comentários:
OLÁ DOUTOR BOA TARDE!!!
TUDO BEM COM VC?
PASSEI AQUI P/TE AGRADECER MEU ANJO AMIGO,VC NAO IMAINA OQUANTO ESSA MATERIA ME INTERESOU
ESTOU COM UM GRAVE POBLEMA COM INSONIA.
COMO TRABALHO EM DOIS SERVISO EU TRABALHO 24 DIAS AO MES,OU SEJA 24 NOITES,E COM ISSO ESTOU COM INSONIA,NAO CONSIGO DORMIR O DIA E QUANDO DURMO É COM PESADELOS,JA PROCUREI ESPECIALISTAS E COMO VC DISSE PRA MUITOS DELES A SOLUÇÃO DO POBLEMAS E VARIOS COMPRIMIDOS,MAS CONHECENDO UM POUQUINHO DO COTIDIANO ,NÃO SOU DE TOMAR MEDICAMENTOS,E PREFERIR FAZER VARIOS EXAMES ONDE ATE O MOMENTO SÓ FOI CONSTATADO EXTRESS
MAS COMO FAZ PARTE DA VIDA O TRAB,ESTOU COM ESSA POBLEMA,MAS COM ESSA MATERIA VC ME AJUDOU MUITO
OBRIGADA POR TUDO
COMO EU SEMPRE DIGO VC MESMO DISTANTE ALEM DE AMIGO É UM GRANDE PROFISSIONAL GRANDE ABRAÇO E PARABENS
M ROSA
Dr. Alessandro Loiola.
Acredito que elogios nunca será demais, lendo todos os tópicos
enviados não sei como poderei dizer o melhor.
Todos são maravilhos. Espero que continue enviando, ficarei sempre
no aguardo.
Atenciosamente.
Lucia.
LI as duas últimas e amei Menopausa Masculina: dificuldade para obter ereções e uma certa tendência para lágrimas na parte dramática dos filmes da Disney. Ahahaha adorei, é bem assim mesmo.
Meu ex namorado(48) ficou emotivo do dia pra noite resolvi o problema trocando por um mais jovem.(32)
Ufa... :)
Um abraço.
Aconteceu:
Minha mãe: "Moço, to vindo da psiquiatra e comentei com ela q acordo todo dia as 4 da manha e não consigo mais dormir. Ela me receitou um remédio."
Taxista: "Mas a senhora vai dormir q horas?"
Mãe: "Lá pelas 9h da noite"
Taxista: "A senhora tem dormido por 7 horas. É pouco?"
Problema resolvido sem o uso de medicamentos. Não foi resolvido no barzinho, mas foi quase. ^^
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