Existe um animal dentro de cada um de nós. Ainda que tentemos sufocá-lo com as noções de santidade que nos ensinaram nas aulas de catecismo, e ainda que algumas pessoas insistam por todos os meios subtraí-lo de si, ele resiste. E eu tenho orgulho dele.
Sim, tenho um profundo orgulho do animal que sou, de seus instintos todos, sua voracidade pelo mundo, o afiado dos seus dentes com fome de carne. O animal de poucas saciedades, rugindo hormônios não domesticados. Fomento sua sobrevivência em mim, alimento-o com desejos e retiro sua coleira vez ou outra e o assisto correndo satisfeito sacudindo fantasias rudes de seus pelos.
Nessas horas, vejo pessoas em suas roupas sofisticadas, os trejeitos civilizatórios, observando assombradas . "De onde veio isso?", se perguntam. Veio de dentro, praga. Veio de dentro! De milhares de translações de inquietação sem juízo, de milhões de anos de bruta seleção natural, bilhões de primaveras de genética amoral. E o animal corre, sem amarras, devorando o mundo que o consome.
O animal que somos não é uma escolha, nunca foi. É uma necessidade, bando de pamonhas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário