05 agosto 2008

BURSITE NA IDADE DAS MARAVILHAS TECNOLÓGICAS

© Dr. Alessandro Loiola


As Bursas são “almofadas” achatadas que atuam como amortecedores, facilitado a movimentação dos músculos durante a fase de contração. Nós, mamíferos quase desenvolvidos, possuímos aproximadamente 160 bursas espalhadas pelo corpo. A inflamação das bursas, ou bursite, é um distúrbio comum, podendo ser causada por esforços repetitivos, alterações inflamatórias e processos infecciosos

Os sintomas da bursite variam de acordo com o local afetado. Na maioria dos casos, a dor costuma ser bem localizada, dificultando a realização de movimentos específicos. Por exemplo, no ombro, a bursite pode dificultar atividades repetitivas com o braço elevado, como erguer cargas acima do nível da cabeça. No cotovelo, a bursite pode se manifestar como dor e dificuldade para esticar o braço.

A maior bursa do corpo está localizada nos quadris. É a bursa do Iliopsoas. Ela pode ser inflamada em doenças como artrite reumatóide, osteoartrite e em lesões por esforço repetitivo – por exemplo, em pessoas que praticam corrida. As principais manifestações da bursite do Iliopsoas incluem dor na movimentação da perna e na região da virilha do lado afetado.

Existe uma bursa na raiz da coxa chamada Bursa Trocantérica. Sua inflamação manifesta-se com dores nos quadris e na coxa, sendo relativamente comum em mulheres entre 40-60 anos de idade. Caminhar ou deitar sobre o lado afetado piora a sensação de desconforto.

Por serem articulações bastante exigidas, os joelhos também são protegidos por bursas, principalmente na altura da rótula. As bursites nesta região podem ocorrer após quedas ou por ficar muito tempo ajoelhado. Outras causas comuns incluem artrite reumatóide e gota. As principais manifestações incluem dor para flexionar o joelho e dificuldade para andar e subir escadas.

Finalmente, a região do calcanhar é outro local comum de bursite. A bursite do calcâneo é mais observada em pessoas que possuem esporões no osso do calcanhar ou fazem uso contínuo de sapatos de salto alto. A dor pode ser intensa o suficiente a ponto de impedir que a pessoa caminhe direito.

O diagnóstico de uma bursite é relativamente simples, desde que se levante a suspeita correta. Havendo dúvidas, o médico poderá solicitar ultra-sonografias ou uma ressonância nuclear magnética. Exames de laboratório e radiografias não são úteis para detectar a maioria das bursites.

Em boa parte dos casos, o tratamento consiste em repouso, compressas quentes e geladas, elevação do membro afetado e antiinflamatórios. Se o local for acessível e a dor, muito intensa, podem ser realizadas infiltrações com anestésicos e corticóides no local. Bursites recorrentes podem necessitar remoção cirúrgica da bursa afetada, mas este procedimento deve ser reservado como último recurso.

Felizmente, com o tratamento adequado, praticamente todas as pessoas se recuperam bem e sem seqüelas.

Todo esse papo serviu só de pano de fundo para contar a história de um colega médico que acabara de receber um moderníssimo aparelho para detectar casos de bursite. Curioso e sabidamente sofredor de uma dor crônica no ombro, colocou um pouco de sua própria saliva no frasco de exame. Em 2 segundos o computador cuspiu o diagnóstico: “bursite no braço direito”.

Impressionado, chamou a esposa para fazer um teste. Misturou a saliva de ambos no frasco, colocou no analisador e o computador sentenciou: “bursite no braço direito e esposa estourou limite do cartão de crédito”. Incrível !, exclamou, mais por causa da precisão da máquina que do limite do cartão estourado.

Ainda querendo explorar o potencial daquela maravilha tecnológica, decidiu levar um tubo de coleta para casa. Pegou amostras da filha, do cachorro, do motor do carro, e misturou, misturou, misturou e misturou mais um pouco. No dia seguinte, voltou à máquina. Dessa vez, foram necessários quase 10 segundos de análise até que o computador respondesse em alto e bom som:

“Esposa estourou o limite do cartão, filha grávida, carro precisa de alinhamento urgente, o vira-lata está com sarna e da próxima vez que for sacudir o bendito frasco de exame, utilize o braço esquerdo, PORQUE O BRAÇO DIREITO ESTÁ COM BURSITE SEU ZÉ ORELHA...!”.

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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

3 comentários:

Anônimo disse...

Como sempre, mais uma excelente matéria.Eu apresentei bursite
sub patelar, após uma queda de
impacto seco.Como não posso fazer uso de antinflamatório, recorri
a acupuntura.
O processo foi mais lento para obtenção da cura, mas muito positivo.Penso que é uma indicação
não alopática e sem efeitos colaterais.

Renato Domingues disse...

A aplicação de corticoides é tranquila? Pode ter algum problema de cicatrização? Estou com bursite no cotovelo por impacto!

Obrigado

klausferrari disse...

E justamente meus sintomas ,só q a dor quando estou deitada irradia até o pé. Passo a noite toda com dor e não consigo dormir.Tomo antiflamatorio, mas vou falar com o medico se posso tomar o corticóide.