© Dr. Alessandro Loiola
Muitos pesquisadores consideram a Tensão Pré-Menstrual, ou TPM, um evento fisiológico absolutamente normal. Do mesmo nível que acessos de riso, flatulências em público e homens que não cortam as unhas dos pés. É óbvio que estes pesquisadores devem ser solteiros, moram em gaiolas e não tem a menor idéia do que estão falando.
A TPM afeta até 80% as mulheres em algum momento de suas vidas, sendo mais comum entre os 20 e 30 anos de idade. Em cerca de 5% dos casos, os sintomas são graves o suficiente para incapacitar completamente a pobre durante a crise. E isso não tem nada de fisiológico.
A lista de sintomas da TPM possui mais de 150 itens, sendo os principais: cólicas abdominais (causadas pela contração do útero), fadiga, urticária, irritabilidade, isolamento social, depressão, ansiedade, insônia, baixa auto-estima, dores para todo lado, diminuição do desejo sexual, hiperreatividade emocional (briga com filhos, marido, cabelo, geladeira, esmalte, meia-calça...), problemas de memória, dificuldade de concentração, incapacidade para terminar tarefas, náuseas e alterações do apetite.
Não se sabe a causa exata da TPM. Alguns sugerem que a síndrome esteja relacionada a uma sensibilidade anormal aos níveis de progesterona liberados durante a segunda metade do ciclo menstrual. Um dos efeitos desta supersensibilidade seria a redução dos níveis serotonina, um neurotransmissor envolvido no controle do humor.
De fato, boa parte das manifestações da TPM está relacionada às alterações nos níveis de estrogênio e progesterona, que começam a ocorrer uma ou duas semanas antes de chegada da menstruação. Outros fatores hormonais, nutricionais e afetivos também participam da entorna do caldo.
Algumas mulheres sofrem de TPM a vida inteira, outras nunca, algumas nem percebem. Se você acha que tem sorte e a TPM ainda não lhe pegou, tenho uma notícia: lembra aquele dia em que você percebeu no almoço que havia saído cedo de casa com a blusa virada de frente para trás? E apenas no final da tarde se deu conta que havia consertado colocando do lado avesso? Era ela. A bendita. A TPM.
E quando você começou a pensar que o homem perfeito não era alto, moreno e sexy, mas qualquer um que viesse cego, amordaçado e de preferência em chamas ou com alguma doença terminal? Pois olha aí. Ela de novo.
Dizem que principal diferença entre um grupo de terroristas e um grupo de mulheres com TPM é que você pode negociar com o primeiro. Pessoalmente, eu não acredito nisso. Alguns terroristas não são perigosos desse jeito. Em todo caso, para ajudar a controlar a TPM e evitar acidentes com armas biológicas no futuro, recomendo que você considere as seguintes dicas:
- Siga uma alimentação saudável. Uma dieta balanceada, pobre em sal e rica em nutrientes naturais, oferece ao corpo os elementos certos para reduzir os sintomas, a retenção de líquidos, a fadiga e as cólicas. Mas nada de extremos: permita-se um mimo e compre 2 ou 3 bombons.
- Faça exercícios ! Atividades aeróbicas aliviam o estresse e aumentam os níveis de endorfinas e outros hormônios com propriedades relaxantes. O efeito é melhor quando os exercícios são realizados regularmente, e não apenas quando aquele espírito homicida ameaça tomar conta do seu corpo.
- Largue esta praga chamada cigarro. Além de aumentar seu risco para uma infinidade de desgraças, o cigarro também acentua os sintomas da TPM.
- Converse com seu médico a respeito de suplementos naturais. O cálcio é capaz de reduzir os gases, a depressão e as dores em algumas mulheres. O magnésio é útil nos casos de TPM associada à enxaqueca, mas não deve ser utilizado por pessoas com problemas renais. A associação de magnésio com piridoxina (vitamina B6) pode ser empregada para reduzir a ansiedade associada a TPM. O Vitex (Vitex agnus castus) é um fitoterápico muito popular que reduz as dores nas mamas, as alterações de humor e a constipação intestinal na TPM.
- Mantenha um bom padrão de sono, diminuindo a quantidade de café e açúcar à noite. E nada de bebidas alcoólicas durante o período.
- Se você estiver no pequeno grupo de mulheres que se tornam inválidas durante a TPM, verifique com seu médico a possibilidade de utilizar medicamentos mais específicos para o problema. Eles existem e incluem antidepressivos, diuréticos e antiinflamatórios não-hormonais.
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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura, 496 pág.) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza, 430 pág.). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
09 março 2008
TPM - GUIA PARA SOBREVIVENTES
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