© Dr. Alessandro Loiola
Os Aditivos Alimentares são um dos tópicos mais incompreendidos e discutidos em nossa alimentação, mas eles não são uma descoberta da modernidade: os antigos Egípcios e os Romanos utilizavam corantes e conservantes para melhorar o aspecto e o sabor de suas refeições. O problema foi que, nos últimos 50 anos, os avanços tecnológicos resultaram no desenvolvimento de mais de 3.000 aditivos alimentares diferentes. Para os naturalistas de plantão, isso foi o mesmo que entornar o caldo da mandioca.
Infelizmente, estas substâncias desempenham um papel essencial na complexa cadeia logística que coloca a comida em sua mesa. O único modo de lhe oferecer aquele leite enriquecido em cálcio ou uma garrafa de polpa de suco de frutas sem uma deliciosa bola de fungo boiando no meio é acrescentando aditivos. Quer mais? O chocolate que você tanto gosta só tem aquela forma e consistência graças à adição de parafina.
Em uma dieta balanceada, a ingestão diária de aditivos alimentares estará dentro do aceitável e você não precisa se preocupar. Apenas raramente um aditivo causa reações adversas. Mas é preciso manter a atenção.
Muitos agentes flavorizantes, aditivos utilizados para alterar o odor e paladar, são batizados de “naturais” pelos fabricantes para dar um ar mais palatável à coisa. Todavia, muitos “sabores naturais” são produzidos utilizando tanta manipulação química que terminam sendo mais nocivos que seus equivalentes artificiais.
A Tartrazina e a Carmina, dois corantes bastante comuns, podem causar reações alérgicas como urticárias, congestão nasal e asma. O corante Vermelho Número 3 foi banido nos Estados Unidos por causar tumores na glândula tireóide em ratos, mas continua sendo utilizado em certos medicamentos e alimentos processados. O corante Vermelho Número 40 – chamado de vermelho allura e presente em gelatinas, medicamentos e laticínios, entre outros – também mostrou ser capaz de causar câncer em animais.
Os óleos vegetais hidrogenados, que você conhece por aí como gorduras trans, possuem propriedades conservantes e são amplamente utilizados em doces, cereais e biscoitos. Eles podem elevar os níveis sangüíneos de colesterol e o risco de morte por doença coronariana.
O Glutamato Monossódico, utilizado para intensificar o sabor em carnes pré-preparadas, molhos, sopas e alguns pratos da cozinha chinesa, tem sido apontado como causador de dores de cabeça e dores musculares, mas não existem evidências científicas conclusivas neste sentido. A única ressalva fica por conta de pessoas hipertensas: o sódio contido no Glutamato Monossódico pode provocar aumentos na pressão arterial e crises hipertensivas potencialmente perigosas.
Outro aditivo alimentar que pode causar problemas são os Sulfetos, conservantes utilizados há mais de 2.000 anos para controlar o crescimento microbiano em bebidas fermentadas, como vinhos e cervejas. Em pessoas asmáticas, os Sulfetos podem desencadear crises respiratórias, falta de ar e tosse. Se você decidir fugir destes subprodutos malévolos da indústria alimentícia e comprar apenas frutas, verduras e legumes frescos vendidos em feiras confiáveis do seu bairro, ainda assim não estará completamente livre dos aditivos. Alguns conservantes comuns são utilizados até mesmo por pequenos produtores: ácido propiônico para evitar o crescimento de mofo no pão caseiro, nitratos e nitritos para evitar a descoloração da carne, e benzoatos em alimentos ácidos para evitar o crescimento bacteriano.
Tudo isso não significa que você deve encarar seu prato no almoço ou o lanche da tarde como uma sentença de morte: não sei se lhe avisaram, mas você já foi condenado à morte desde o momento em que nasceu. Porém, simultaneamente, também lhe sentenciaram à vida. Recomendo apenas que você viva de modo saudável, procurando basear suas refeições em alimentos mais frescos e naturais o possível.
Se for para passar mais algumas primaveras por aqui, que sejam primaveras repletas de temperos verdadeiros, e não aditivos artificiais.
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Dr. Alessandro Loiola é médico, palestrante e escritor, autor de PARA ALÉM DA JUVENTUDE – GUIA PARA UMA MATURIDADE SAUDÁVEL (Ed. Leitura) e VIDA E SAÚDE DA CRIANÇA (Ed. Natureza). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
26 maio 2007
ADITIVOS ALIMENTARES
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