Você
sabia que o modo como você se relaciona com outras pessoas pode incrementar sua
longevidade?
No
livro Safe People (Relacionamentos
Saudáveis, título brasileiro), os psicólogos Henry Cloud e John Townsend
comentam sobre os resultados da investigação de uma cidade americana que
possuía um dos maiores índices de longevidade dos EUA: nos anos 1960, a cidade
de Roseto (Pensilvânia) apresentava uma incidência de mortes por eventos
cardíacos METADE abaixo a incidência média do restante dos EUA.
Por mais
de cinquenta anos, este fenômeno, conhecido como “Efeito Roseto”, foi
investigado de todas as formas possíveis, com conclusões sempre similares. Excluídas
as variáveis pertinentes e realizadas as análises estatísticas devidas, o motivo
pelo qual a população da cidade de Roseto exibia uma saúde tão incrível mostrou
ser bem simples: elas viviam relacionamentos profundos e duradouros.
Nós
nascemos para nos relacionarmos uns com os outros. Fomos criados para isso.
Quando alguém está em seu leito de morte, raramente pede que coloquem dinheiro
ou prêmios ou títulos à sua volta. Alguém que está morrendo deseja nada disso,
mas apenas seus entes queridos por perto.
Infelizmente,
nos dias atuais, a noção de “entes queridos” está turva. A tecnologia e as
mídias sociais nos enganam com a percepção de que estamos vivendo relacionamentos
interpessoais profundos com dezenas – às vezes centenas ou milhares – de pessoas,
quando na verdade não estamos.
De
repente você chega em casa e navega no seu Facebook ou Whastapp ou Instagram
por 20, 30 ou 40 minutos, e quando coloca o celular de lado (quando coloca...)
fica com aquela sensação de que passou algum tempo com algumas pessoas. Mas não
passou. Talvez, para aquela meia dúzia minguada de pessoas cujos posts você
comentou – e que lhe responderam -, você tenha participado de uma forma de
interação. Para o restante delas, e para o restante esmagador do seu tempo,
tudo que você fez foi abraçar uma frágil e falsa noção de amizade.
Uma vez
que as amizades são tão importantes para o seu bem estar, é essencial saber
como cultivá-las e aprofundá-las.
Se você
deseja fazer amigos ou levar suas amizades atuais para um próximo nível, sugiro
que analise os passos a seguir:
1. VÁ EM BUSCA. Quanto mais você buscar amigos, mais encontrará. Porque a
imensa maioria das pessoas está querendo o mesmo que você. Nascemos para
fazermos amizades, lembra-se? A procura por relacionamentos interpessoais significativos
está embutida no seu código genético após dezenas de milhares de anos de
seleção natural. Então comente posts, envie mensagens de
texto ou voz, faça uma ligação pelo celular. Isso não substitui a interação ao
vivo e em cores, mas é um primeiro passo. Seja a pessoa que toma a iniciativa
de fazer o contato e agende um encontro, um programa, um cinema, um chope, uma
caminhada, um por do sol na praia. Se a sua atitude for rejeitada, tudo bem.
Você não pode forçar quem não quer a deixar o casulo. Sacuda a poeira e vá em
busca da próxima amizade.
2. SEJA UM ESPECIALISTA EM CONVERSAÇÃO. Os americanos, que
amam um protocolo, desenvolveram um método para iniciar um bate papo amigável
com qualquer pessoa. O método, que atende pelo acrônimo FORD, recomenda que
você comece a conversa abordando qualquer um destes tópicos: Família, Ocupação,
Recreação ou Desejos. Por exemplo:
·
Família: você tem filhos? Eles moram com você? Você
tem familiares na cidade?
·
Ocupação: com que você trabalha?
Se você não gosta do seu trabalho, o que gostaria de fazer para ganhar a vida?
·
Recreação: o que gosta de fazer
nas suas horas vagas? Você tem algum hobbie?
·
Desejos: qual a sua viagem
dos sonhos? O que você espera da sua vida?
À
medida que for obtendo as respostas, repita a informação que recebeu para
certificar-se de que entendeu direito, e então aprofunde-se no tema, adicionando
perguntas pertinentes ao contexto que está sendo conversado. Esse jogo de “toma
lá / dá cá”, rápido e fácil, mostrará que você está realmente ouvindo e se
interessa pelo que está sendo dito.
3. APAREÇA. Quando algum amigo lhe
convidar para algum evento, festa, reunião, chope, pizza, café ou bate papo, não
responda “talvez” ou “quem sabe” ou “vou ver”. Apenas vá. Apareça.
Não seja a pessoa que os outros sempre convidam e que nunca aparece – porque assim,
mais cedo do que tarde, você terminará sendo a pessoa que quer aparecer, mas
que ninguém nunca convida. Obviamente, você não precisa dizer “sim” para todo e
qualquer convite: se não puder ir por falta de interesse, simplesmente diga que
não pode, desde o princípio. Se não puder ir por algum aperto na sua agenda,
diga que não poderá comparecer, mas ofereça na mesma hora uma contrapartida – “nessa
quinta feira não vou poder ir, já estou preso em um compromisso, mas que tal
então um chope no bar XYZ na sexta, às 20h?”.
4. EXPONHA-SE. Expor suas
vulnerabilidades pode levar a amizades bastante profundas, mas também pode
assustar caso seja algo feito cedo ou rápido demais. Quando o momento for
oportuno, e se você decidir dar um passo além na construção daquele vínculo,
compartilhe um perrengue seu. Comente sobre suas feridas, seus medos, suas lágrimas
e seus risos. Compartilhe conversando sobre algo que lhe fez profundamente feliz,
ou um sonho ou uma conquista importante para você. Se a amizade estiver no
ponto, e se a pessoa for de valor, ela também irá expor-se para você. Se isto
não acontecer, então aquele laço de confiança não estava pronto como você
julgou – ou talvez seja hora de ir buscar novas amizades.
5. DIGA A VERDADE. Na maioria das vezes,
as pessoas preferem ser educadas a ser verdadeiras. Se a sua intenção é fazer
amizades de qualidade, você precisa largar suas máscaras e agir e falar de modo
honesto. As máscaras (ou “personas”) são ferramentas eficientes e produtivas na
sociedade; são elas que permitem que freqüentemos ambientes públicos, áreas de
trabalho e instituições de ensino. Sem máscaras, a vida em sociedade seria
impossível. Todavia, você pode ser você mesmo, falar a verdade e ser educado ao
mesmo tempo. Ser educado não significa agradar a todos ao seu redor, mas ser respeitoso
ao manifestar suas verdades. É melhor ter alguns poucos amigos verdadeiros que
aceitam quem você é do que viver cercado de uma multidão interessada em
interagir apenas com uma máscara de alguém que você nunca foi.
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