© Dr. Alessandro Loiola
Quando um médico pronuncia “bacteriúria assintomática”, está querendo dizer: “não vou receitar antibióticos para você”. Infelizmente, muitos colegas tem um dedo nervoso segurando uma caneta inquieta, e, quando confrontados com resultados mostrando presença de bactérias na urina, não pensam duas vezes antes de lascar antibióticos no pobre coitado.
Apesar de inúmeras diretrizes não recomendarem o tratamento desses casos, dados estatísticos apontam que até 80% das pessoas com bacteriúria assintomática recebem receitas de antibióticos. Isso representa um abuso de prescrição.
A bacteriúria assintomática deve ser tratada apenas em gestantes ou em pacientes que serão submetidos a algum tipo de procedimento genitourinário onde se acredita que ocorrerá um sangramento significativo. Concorde comigo: esse é um grupo bem pequeno de pessoas – estudos mostram que menos de 2% dos pacientes com bacteriúria assintomática necessitam tratamento.
Nos EUA, este problema já suscitou debates acalorados, a ponto de existir uma campanha chamada Choosing Wisely, que sugere não solicitar qualquer tipo de urocultura, mas tratar sindromicamente. A Sociedade Americana de Geriatria colocou entre as suas “5 principais recomendações” NÃO SOLICITAR exames de urina ou uroculturas em pacientes idosos assintomáticos.
Usar antibióticos em quem não precisa é uma maneira excelente de produzir efeitos colaterais desnecessários e cepas de bactérias multirresistentes. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas quem sabe um post em um blog pode um dia mudar uma pessoa – e esse já seria um bom começo para mim.
06 outubro 2014
Bacteriúria assintomática
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